Ilha de Paquetá
Por incrível que pareça, nunca tinha visitado a Ilha de Paquetá. Decidi que nos dias de férias que me restavam seria turista na minha própria cidade.
Tinha visto que apenas um dia daquela semana faria sol, mas não me programei efetivamente para fazer a visita. Pesquisei que nos dias de semana a barca saía apenas em poucos horários: 9:00, 13:30, 16:00 e 18:30, ou seja, teria que estar no Centro do Rio antes das 9h.
Acordei às 7:50h e achei que não daria tempo, mas tomei banho, comi só meio mamão de café da manhã e saí de casa às 8:14. Corri, peguei o metrô, desci na Estação Carioca, entrei na Rua São José e segui até a Praça XV, onde está localizada a Estação das Barcas. Inacreditavelmente cheguei às 8:40!
A passagem da barca custa R$7,70, mas tinha o RioCard e passei direto na catraca.
Vi alguns turistas dentro da barca, que foi confortável na ida e bem suja na volta (eram embarcações diferentes). Tem banheiro. A viagem dura cerca de 50 minutos.
Assim que desci e caminhei para a rua principal, várias pessoas vieram me oferecer seus serviços, mas agradeci e disse que visitaria a ilha caminhando. Estava fazendo 38 graus!
De repente, uma charrete elétrica parou do meu lado, disse que o preço variava de R$100,00 a R$150,00, mas faria a volta da ilha por R$60,00, pois seria melhor que não faturar nada. Pensei e aceitei, pois com o calor que estava fazendo não conseguiria ver tudo. O nome do motorista é Miranda (21 99772-8186).
Para quem não quer andar, tem ainda a opção de alugar bicicletas (R$7,00 a hora) ou riquixás (bicicletas levando as pessoas). O riquixá me cobrou os mesmos R$60,00. No bairro não tem trânsito de carros.
O motorista foi meu guia e fotógrafo. Quando comecei o passeio estava parada na Praia José Bonifácio (praia dos pedalinhos).
Paramos diante da Pedra dos Namorados, diz a lenda que a pessoa joga três pedrinhas de costas e se alguma ficar no topo da pedra o seu amor será correspondido.
Adiante tem a Ponte da Saudade, que tem uma outra lenda. Naquela ponte os africanos escravizados desciam após a quarentena em Brocoió (hoje a ilha tem uma residência do governo do Estado do Rio de Janeiro). Um homem conhecido como João Saudade seguia até o fim da ponte todos os dias para fazer suas preces e se sentir mais próximo da família - que ficou no continente africano - e um dia desapareceu.
Paramos na frente da Casa de José Bonifácio, que foi a residência do patrono da Independência do Brasil, José Bonifácio de Andrada e Silva, no período de 1831-1838. É uma propriedade privada tombada pelo IPHAN.
Visitei ainda a Pedra da Moreninha, que é um mirante retratado no romance "A moreninha", de Joaquim Manuel de Macedo, ambientado em Paquetá. A pedra é tombada pelo INEPAC (Instituto Estadual do Patrimônio Cultural). Sobre a pedra foram derramadas as lágrimas da jovem tamoia, Ahy, criando a fonte que Aoitin bebeu o seu amor.
Estive diante da Igreja de São Roque, que é padroeiro da cidade. Anualmente, diante do Coreto Renato Antunes, é realizada uma festa que dura uma semana (sempre no mês de agosto).
Pude abraçar o Baobá Maria Gorda, que também tem uma lenda, que estava descrita numa placa "Sorte por longo prazo quem me beija e me respeita, mas sete anos de atraso a cada maldade a mim feita". O baobá é uma árvore nativa do continente africano. Ali perto tentaram plantar uma nova árvore e foi arrancada!
Um dos atrativos da ilha é a a casa que foi cenário da novela "A moreninha", de 1975, da Rede Globo. A residência é privada e não está aberta pra visitação.
Tirei fotos no Farol da Mesbla, que fica diante do hotel Farol (aparentemente desativado). A empresa construiu um farol com uma réplica do relógio que tinha na sede, loja no Passeio.
Estive na Igreja da Matriz ou Igreja do Senhor Bom Jesus do Monte. A construção original é de 1763, tendo sido reformada em 1900.
Um destino curioso é o Cemitério dos pássaros (localizado ao lado do cemitério). Local onde as pessoas levam seus pássaros para o repouso eterno. Me contaram que vem pessoas de outros estados para o sepultamento.
Por fim, após 1h30, o motorista me deixou na porta do Parque Darke de Matos. Tem um mirante, jardim com árvores centenárias.
Voltei ao centro e procurei um lugar para comer. O motorista me indicou o restaurante "Petiscos da Ilha", onde costuma almoçar, mas o local estava lotado e acabei sentando no restaurante da frente, Bibi Lunch´s. Pedi um PF com carré e custou R$25,00.
Retornei na barca das 14:30. Na ilha tem algumas pousadas, que é uma opção para quem quer passar um fim de semana num local completamente bucólico a minutos do Centro do Rio de Janeiro.
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