Salzburgo

No nosso terceiro dia em Munique (Alemanha), decidimos fazer um passeio bate-volta para Salzburgo, na Áustria. Embora seja outro país, a viagem dura apenas 2 horas de trem. A pequena cidade é famosa pelo filho ilustre, Wolfgang Amadeus Mozart, além de ter servido de cenário do filme a Noviça rebelde (The sound of music). 


O centro histórico de Salzburgo é considerado Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco, uma vez que preservou seu tecido urbano desenvolvido entre a Idade Média e século XIX. Na cidade há a junção entre a cultura alemã e italiana, resultando numa cidade barroca que emergiu intacta, se tornando um testemunho de uma época.

Na máquina disposta na estação de metrô, adquirimos o Bayern Ticket (pode comprar antecipado no site). Vale ressaltar que é válido das 9h às 3h da manhã, de segunda a sexta, e de 0h às 3h nos fins de semana. Pelo motivo exposto, é mais interessante viajar nos fins de semana para lugares mais distantes, se precisar sair antes das 9 da manhã. 

O Bayern Ticket inclui vários transportes: trens regionais com as siglas S-Bahn, RE, IRE, RB, ALX e BOB. Também dá direito a usar metrô, ônibus, tram. Até 5 pessoas podem usar o mesmo bilhete, sendo adicionado 6 euros por pessoa. Exemplo: 1 pessoa 27 euros, 2 pessoas 33, 3 pessoas 39 euros. Li que menor de 15 é grátis, mas se tiver com avós ou pais, logo, não quis arriscar, embora Giovana tivesse 10 anos. A multa seria muito mais cara que 6 euros. É preciso escrever o nome de todas as pessoas atrás do bilhete e acredite, o fiscal vai olhar. Só tem passe para um dia, não tem passe para uma semana. O valor atualizado deve ser visto no site da DB.
Prometi para Giovana que, antes de pegarmos o trem para Áustria, passaria na maior loja de brinquedos do centro, Obletter, para comprar brinquedos e material de desenho com o dinheiro que tinha levado. Saindo da estação, uma mulher parou a gente e perguntou "são brasileiros?". Muito simpática (deve ter achado que eu, minha sobrinha e meu amigo éramos uma família) contou que primeiro foi fazer doutorado e tinha retornado para morar.
Ficamos uma hora na loja. Ela comprou uns dez "Sylvanian Families", um pack de 24 canetas stabilo (realmente muito mais barato que aqui) e alguma outra boneca, que não recordo o nome. Meu amigo também comprou lembranças para o sobrinho mais velho. A mochila dela simplesmente não coube tudo e tive que colocar alguns na mochila de Victor.

O trem que pegamos era bastante confortável e conseguimos viajar sentados. Ao chegarmos na estação, que fica na parte nova da cidade, tínhamos a opção de pegar um bonde (5 ou 6),  mas o google maps indicava que precisaríamos de 30 minutos de caminhada e seguimos (antes fui ao banheiro, que é pago). Acredito que tenha sido o dia mais quente da viagem, cerca de 40º. O rio Salzsach divide a cidade nova da velha. A maioria das atrações ficam na Cidade Velha. Pesquisei sobre o  Salzburg card, 29 euros adulto e 14,50 criança, que inclui a entrada em todos os pontos turísticos, mas não adquirimos.
Assim que avistamos uma máquina com bebidas numa parada de ônibus, corremos para comprar um refrigerante, pois parecia que tínhamos andado no deserto.

Finalmente avistamos nossa primeira atração turística: o jardim do Palácio Mirabell, que foi construído em 1606 pelo príncipe-arcebispo Wolf Dietrich para sua amada Salome Alt. Hoje abriga escritórios municipais e também a sede da prefeitura. Os jardins foram redesenhados pelo arcebispo Johann Ernst von Thun em 1690. A forma geométrica é típica do período barroco. É acessível sem qualquer barreira.
 


É lembrado em razão de ter servido de cenário do famoso musical de Hollywood "A noviça rebelde". No clássico do cinema, Maria e as crianças dançam ao redor da Fonte Pegasus em frente ao palácio, cantando a música "Do Re Mi".

Caminhamos na famosa rua Getreidegasse, que é o coração movimentado da Cidade Velha de Salzburgo. É interessante observar as fachadas das lojas, pois cada uma tem a placa fundida em metal indicando o serviço prestado. As casas são muito típicas, geralmente a parte frente do edifício tem a saída em uma rua e a parte de trás em outra, tendo uma passagem com um arco conectando as duas. Hoje essas passagens costumam ter galerias e lojas.



Diante da casa onde nasceu Mozart, uma multidão se acumulava. O músico nasceu em 27 de janeiro 1.756 na "Hagenauer Haus",  nº 9 da Getreidegasse. A família viveu no apartamento do terceiro andar por 26 anos. Em 1773, a família mudou-se para a casa que hoje conhecemos como "Mozart Residence", na Praça Makartplatz.

Caminhamos por quase todas as ruas, que estavam abarrotadas de turistas. Entramos em algumas lojas, que vendem muitos chocolates e bebidas com a imagem de Mozart. E procuramos um local para comer o famoso Schnitzel. Finalmente encontramos um restaurante tradicional totalmente vazio e com bons preços (já tinha passado a hora do almoço e não ficava nas ruas centrais): Gasthaus Wilden Mann. Só tinha menu em alemão, então, pedi um Schnitzel com cogumelo e meu amigo pediu o outro. Pedi ainda frango frito com batata para minha sobrinha. A comida dela veio primeiro e, provavelmente, tinha um peito inteiro. Daria para duas pessoas tranquilamente! Meu amigo pegou o Schnitzel que vinha uma salada (não gosto) e era recheado com cogumelos (provavelmente era meu), já o outro Schnitzel (lombo de porco empanado) era o que é servido habitualmente, sem recheio e com batatas.
 

Caminhamos até a Mozartplatz, que tem um monumento na praça em homenagem a Mozart. Um pianista tocava as músicas mais conhecidas e uma multidão assistia a apresentação. A estátua foi fundida em bronze por Johann B. Stiglmayer, em 1842, e inaugurada em uma cerimônia que ocorreu em 5/09/1842 na presença dos filhos de Mozart. O rei Ludwig I da Baviera foi um importante patrocinador da estátua de Mozart e doou o pedestal de mármore. A casa nº 8 era onde viviam Constanze Mozart-Nissen, esposa de Mozart.
Na Kapitelplatz minha sobrinha quis brincar no enorme tabuleiro de xadrez, que as pessoas podem mover as peças.
Entramos na Catedral de Salzburgo, que é o edifício sagrado mais importante da cidade. Sua poderosa cúpula com duas torres pode ser vista de longe. É uma homenagem imponente ao início do barroco. Os visitantes são recebidos pela fachada resplandecente feita de mármore. Encontramos quatro estátuas monumentais: os apóstolos Pedro e Paulo, segurando uma chave e uma espada, bem como os dois santos padroeiros de Salzburgo, Rupert e Virgil, segurando um vaso de sal e um modelo da igreja. Na pia batismal de 1.311 Mozart foi batizado. A primeira catedral foi construída em 767, mas sofreu incêndios durante os anos, sendo sempre reconstruída.



A Praça da Catedral, com uma estátua da Virgem Maria, forma o átrio - servindo como cenário imponente para as performances durante o Festival de Salzburgo, bem como para o Mercado de Natal. A estátua foi construída em mármore no século XVIII. Em frente à praça estão a própria catedral, o Residenz (residência oficial do príncipe-arcebispo) e uma ala do mosteiro de São Pedro.


Decidimos subir até a Fortaleza Hohensalzburg, que não cobra ingresso para visitar o pátio. O preço para pegar o funicular era de 11 euros adulto e 6,30 criança, portanto, caminhamos e não recomendo a ninguém. Giovana quase infartou. No caminho, encontramos uma turista japonesa caída no chão com os joelhos ralados e estava com um bebê no colo quando escorregou, mas o marido pegou a criança e tentava limpar as feridas. Embora informem que não se paga para circular o pátio da fortaleza, tinha uma barreira com uma cancela (entendi que não poderia passar naquele horário sem pagar), onde vendia tickets para visita. Então pagamos. 
Em 1.077, o arcebispo Gebhard construiu a fortaleza e transformou o horizonte de Salzburgo para sempre. Nos anos seguintes, seus sucessores impulsionaram o desenvolvimento contínuo da arquitetura da fortaleza. O complexo adquiriu a aparência que hoje reconhecemos sob o arcebispo Leonhard von Keutschach em 1500. O objetivo original da fortaleza era proteger o principado e os arcebispos de ataques hostis. 




No retorno, passamos no mercado Spar ao lado da casa de Mozart, que vende um pouco de tudo. Comprei uma bebida. Meu amigo comprou chocolates. Vi que vendem comida também, se tornando uma opção em conta para turistas.
Passamos pela Makartsteg, que é conhecida como a "ponte do amor", em razão dos inúmeros cadeados pendurados em demonstração de amor.
 
O trem para Munique saía a cada hora e chegamos na estação 5 minutos após a saída do trem das 19h. Teríamos que esperar pelo próximo. Ficamos dentro da estação, depois subimos para a plataforma. Estava com vontade de ir ao banheiro, mas preferi aguardar o trem e torcer para o banheiro estar aberto (o que pegamos na vinda não estava).

Assim que o trem abriu a porta, entramos. Só tinha um casal que chegou bem após da gente. Meu amigo disse que quando passei no corredor (desesperada para fazer xixi, pois tenho bexiga hiperativa), a mochila esbarrou na mulher, que  xingou "merda" (ele enviou a palavra para uma amiga que fala alemão). Eu carregava a mochilinha de 10 litros de Giovana, que estava exausta. Suamos o dia inteiro e já tinha esfriado, estávamos um lixo. Não percebi o contato, caso contrário, teria me desculpado. Sentamos e o casal se sentiu incomodado com a gente, mudando de lugar. Meu amigo disse que o homem do casal saiu do vagão (não estava prestando atenção) e, quando voltou, dois minutos depois apareceram três policiais (tinham passado várias vezes por nós na estação). Nunca levo passaporte comigo (ando com uma identidade e deixo o passaporte no hotel), mas, como iria para outro país, antes de sair do hotel tive um "insight" coloquei meu passaporte e da minha sobrinha na bolsa (na hora isso me deu uma alegria). Eles foram diretamente na nossa direção (o trem já estava cheio). Pediram o passaporte, fotografaram e enviaram para algum lugar. Perguntaram onde estávamos hospedados e quanto tempo ainda ficaríamos na Europa. Foram 20 minutos de análise documental. Quando perceberam que o trem já iria partir, disseram que estava tudo certo com nossos passaportes e desejaram boa viagem. Não satisfeita, a mesma mulher pediu a bilheteira para ir conferir nossos bilhetes (quem está sem paga multa). Nunca tinha passado por nenhum situação semelhante na Europa, que vou todo ano. É um típico caso de xenofobia.

Você também pode gostar

0 comentários

Experiências incríveis!