Cabo da Boa Esperança e Boulders Beach

Agendei um passeio para o Cabo da Boa Esperança e Boulders Beach no meu segundo dia em Cape Town (África do Sul). Existem inúmeras empresas que oferecem o tour, muitas vezes adicionam mais uma parada em alguma atração turística.

Antes de viajar, pesquisei bastante e vi que o passeio mais barato era realizado pela empresa City Sightseeing. Comprei o bilhete no site viator por R$209,95, já com a entrada de Cape Point. A vantagem dos outros tours é que o transporte é realizado por carro ou van, buscando na porta do hotel. Alguns oferecem lanche.



É preciso verificar se as entradas estão incluídas no valor pago para a empresa de turismo. No meu caso, a entrada para Cape Point estava, mas para a praia dos pinguins não. Se comprar o ingresso para o Cape Point Nature Reserve na bilheteria o valor é de 320 rands (na City Sightseeing também vendem dentro do ônibus com dinheiro ou cartão de crédito).

Foi o dia mais ensolarado que peguei em Cape Town, embora estivesse frio. Acordei cedo, tomei o café da manhã e chamei o uber por volta das 8:30. Cheguei em 5 minutos. No e-mail constava que o ônibus (vermelho com dois andares, mas fechado) partiria às 9:30.
Cheguei no guichê, que fica diante do "Two oceans Aquarium", troquei o voucher do site pelo ingresso e segui para a fila. Vi muitas pessoas chegando, mas era para o tour das vinícolas.  Em poucos minutos, apareceu uma senhora australiana que devia ter entre 70 e 80 anos e viajava sozinha. Perguntou onde estava hospedada, contei que optei por hostel, pois queria encontrar outras pessoas, mas não vi ninguém, uma vez que alugavam carro (via os carros no estacionamento) e saiam em grupos. Ela disse o mesmo, que se hospedou em um b&b (bed and breakfast) e só tinha ela na casa. 

Para a minha felicidade o ônibus tinha banheiro. Perguntei ao guia se estava aberto e me deu uma resposta hilária, que poderia usá-lo para chuva, mas nunca para trovoada. É claro que assim que fui utilizá-lo, após uma hora de viagem, já tinha trovoada, pois uma brasileira tinha levado a filha pequena.

Como era a primeira na fila, subi para o segundo andar e sentei na poltrona da frente, pois tinha uma visão total da paisagem. No retorno, o sol incomodou, pois era intenso. O guia falou durante todo o percurso - que dura cerca de 2 horas. São  70 km, acredito que sem trânsito seja possível fazer o trajeto em menos tempo. O guia era da Namíbia, mas tinha descendência alemã.
Um momento de tristeza foi passar pela Muizenberg Beach, praia famosa por suas casinhas coloridas (para trocar roupas), e não poder descer. Observei que o trem que passa ali era pichado, com portas quebradas. Parecia um subúrbio. Percebi que as pessoas optam pelo carro alugado ou transporte por aplicativo para visitar a região.

A primeira parada foi em Cape Point Nature Reserve, que é uma área protegida com vida selvagem e lindas paisagens. O guia nos avisou para não levar comida (mesmo na mochila), e ainda, alertou sobre o cuidado para fazer as refeições, já que os babuínos costumam atacar. E ainda, os pássaros são agressivos quando estão próximos de comida. No local tem um banheiro, diante do estacionamento, bem como um restaurante e uma lanchonete. 



Para chegar no Farol existem duas opções, pegar o funicular (85 rands ida e volta) ou seguir caminhando, que foi a minha opção. Olhei e pensei que seria bem tranquilo, mas a vida sedentária me fez sofrer um pouco. O farol foi construído em 1859 e fica a 238 metros acima do nível do mar. Hoje é o ponto de monitoramento de todos os faróis da costa da África do sul. Tirei fotos e fiquei apreciando a paisagem.
Quando retornei, comprei uma pizza e um refrigerante na lanchonete, que estava lotada. O lanche demorou uns 20 minutos para sair. O guia disse que poderia comer no ônibus, mas tendo em vista que a pizza veio numa caixinha com tampa, achei que seria possível comer ao ar livre. Sentei numa escada, pegava uma fatia e fechava a caixa. Vi pássaros pequenos atacando uma pessoa. De repente, quando fui colocar uma fatia na boca ele deu um rasante que poderia ter me cegado, mas só pegou na mão, no entanto, levou a fatia inteira!!! Nunca tinha sofrido ataque de um pássaro! As pessoas perguntaram se eu tinha me ferido, mas não. Terminei o lanche no interior do ônibus...

Posteriormente, o guia perguntou quem gostaria de fazer a trilha até o Cabo da Boa Esperança (Cape of Good Hope) e quem preferia seguir com o ônibus até o fim da trilha. Apenas alguns idosos optaram por ficar no ônibus. A brasileira - que tinha duas crianças entre 6 e 4 anos - fez a trilha! Em alguns momentos de descida uma queda é possível.


A trilha tem um caminho feito em madeira que passa na borda do precipício. Ventava tanto que achei que voaria. De cima dá pra ver uma praia quase deserta com a areia branquinha. Durou cerca de 40 minutos. No fim fica a famosa placa com a inscrição "Cape of Good Hope, the most south-western point of the african continent", ou seja, o ponto mais sudoeste do continente africano.

Enquanto estava na trilha observei que não tinha ninguém na placa, de repente, dois ônibus estacionaram com turistas japoneses apenas para fotografar no local. O guia levou uma faixa com a mesma inscrição, pois disse que não teria tempo para esperar a fila. Disse que não tiraria na faixa, pois viajei de tão longe e queria foto na placa. Foi um drama, tivemos que brigar com os japoneses, que nunca saiam de lá. A brasileira tirou minhas fotos e eu tirei a dela com os filhos e os pais. Quando terminamos, tivemos que correr até o ônibus, pois já estava afastado com todos dentro. É uma desvantagem de fazer excursão, pois você não pode fazer o que quer no seu tempo.


O "Cabo das Tormentas", nome dado por Bartolomeu Dias quando descobriu o local, em 1488, foi um local temido pelos marinheiros durante muito tempo em razão das tempestades violentas, mar tempestuoso e rochas perigosas, que foi responsável por inúmeros naufrágios com o passar dos anos. Algumas fontes dizem que o nome foi alterado para "Cabo da Boa Esperança" (nome atual) pelo Rei João II, de Portugal, quando o navegador voltou com a notícia, pois descobriu que ali poderia dobrar da oceano Atlântico para o Índico, chegando ao destino tão sonhado, a Índia. A região tem a convergência da corrente quente do Oceano Índico com a corrente fria de Benguela, na Antártida. 

No retorno, paramos em Simon's Town, uma pequena cidade portuária. O ônibus fica no estacionamento e o guia não segue com o grupo. Deu a direção para chegarmos em Boulders Beach, a famosa praia cheia de pinguins. Caminhamos menos de 1km, passando por uma área com uma feira de artesanato. 


Na entrada é preciso comprar o ingresso por 160 rands. Em seguida, basta caminhar até a praia, mas não colocamos os pés na areia, o percurso é sobre uma ponte de madeira. Ninguém toca nos animais. A praia abriga uma colônia única de pinguins terrestres africanos, que é ameaçada de extinção. É dividida em três calçadões, que foram construídos para permitir a observação, mas deixando-os a salvo, sem o toque dos humanos.




Os pinguins africanos possuem "status" em perigo desde 2010, quando tinha cerca de 26 mil pares reprodutores. A colônia foi fundada em 1983. Em 2011 tinha cerca de 2.100 aves em Boulders. O declínio decorre da poluição marinha, derramamento de óleo, impacto do aquecimento global, entre outros fatores.
Para tirar foto dos pinguins é preciso ter um pouco de paciência, pois é um destino turístico que fascina e os calçadões ficam repletos. Esperei por alguns minutos até conseguir debruçar sobre o parapeito para ver melhor as aves. 

Que animal é esse? O Google Lens diz que é "damão-do-cabo" (Procavia capensis)
 
No retorno, vi uma praia com acesso livre (grátis) e fui até lá, onde duas pessoas nadavam (no mar geladíssimo) com alguns pinguins.
Esses pinguins estavam na praia com acesso livre
Quando retornei, desci no ponto final, que fica na frente do Two Oceans Aquarium, que é em V&A Waterfront, e decidi procurar um lugar para comer (só tinha lanchado uma pizza). Entrei no "Quay Four", que é um restaurante na marina com dois andares. O menu é diferente para cada andar. O combo tinha peixe, mexilhão, lula e camarão. Os vinhos da África do Sul são ótimos, pedi um rosé. O problema de quem come com vista da marina são os pássaros.


Para finalizar o dia, fiquei assistindo a apresentação de um coral africano incrível em Waterfront. Só pedi uber por volta das 19h para retornar para o hostel.


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