Atacama: Termas de Puritama e Gêiseres de Tatio

Quando reservei os passeios na agência Cruz Andina, me sugeriram fazer o tour para Termas de Puritama pela parte tarde, pois o valor da entrada tinha preço reduzido (9.000 pesos chilenos). Tem a opção de saída pela manhã (de 9h às 13h30) e pela tarde (14h às 18h30). O preço médio é de 12.000 pesos. Tendo em vista a duração de metade do dia, pode ser conjugado facilmente com outro tour.

Optei pelo passeio vespertino, logo, segui até a agência para esperar a van que levaria o grupo até o ponto turístico (buscam no hotel apenas na saída pela manhã), que fica localizado a 30 km de San Pedro do Atacama. Suas águas nascem das Cordilheiras do Andes - conseguem a temperatura quente em razão da proximidade com materiais vulcânicos. Essas águas fluem na superfície do Rio Puritama, originando 8 piscinas naturais rodeadas por vegetação nativa.

A van deixa o grupo no alto de uma montanha, o motorista avisa o horário de volta, depois todos descem e já nos deparamos com o intenso vento. Depois de entregar o ingresso, algumas pessoas seguem para os vestiários. Fui com o biquíni por baixo da roupa, levei uma toalha de secagem rápida, óculos de natação (uso lente de contato) na mochila. A estrutura do local é boa, tem um espaço para lanchar (a pessoa deve levar a própria comida), banheiros. 



São oito piscinas no total, no entanto, uma é exclusiva para os hóspedes do Hotel Explora. Na verdade, a propriedade é privada e pertence ao hotel. A temperatura das piscinas varia entre 33 e 27 graus, contrastando com o frio da região. Segui até a última piscina e me instalei. Não são profundas e deve ter apenas uns 50 cm de profundidade. 

Disseram que era mais cheio pela parte da tarde, mas achei bem tranquilo. Termas de Puritama foi o passeio mais relaxante que fiz e poderia ficar o dia inteiro nas piscinas naturais. 

No retorno, segui para o hostel, tomei banho e conclui que teria que comer alguma coisa, pois estava há 2 dias sem fazer qualquer refeição. Então fui na pizzaria "El Charrúa". Dois dias antes tentei comer lá, mas senti enjoo na porta e estava com fila de espera. Dessa vez, como cheguei cedo, me sentei imediatamente. Pedi uma pizza simples (é quase uma "brotinho"), pedi que adicionassem cebola. Quis tomar um suco de morango. Achei o preço, após conversão, bem caro. Custou R$50,00. 


Enquanto aguardava a pizza, fiquei observando uma cena surreal: um casal alemão comia uma salada, no entanto, esperava as outras pessoas terminar o lanche e comia as sobras das outras mesas! Se quem ganha em euro fica nessa mendigaria...


No dia seguinte acordei às 3h30, tomei banho, pois passariam para me buscar, em tese, às 4h30. Tinham me mandado mensagem via "whatsapp", alterando o horário, agora buscariam entre 5h e 5h30, mas não vi. Segui para o lado de fora do hostel e estava escuro ainda e não passava ninguém na rua. De repente, quase morri do coração, pois dois cachorros enormes ficaram ao meu lado (deviam estar sentindo o cheiro do sanduíche que haviam me entregado). Vendo o tempo passar, decidi entrar e aguardar no "hall" do hostel, que tinha um casal esperando um passeio para o mesmo lugar. 

Naquele momento estava bem mal (como já relatado nos posts anteriores, tive problemas gastrointestinais desde o segundo dia na cidade) e pensei seriamente em cancelar o último passeio, mas segurei firme e fui, todavia, rezando para não ter qualquer complicação no caminho. Sabe quando a gente não quer conversar com ninguém? Do meu lado sentou uma dentista mineira, que foi ótima companhia. No geral, os outros integrantes do passeio eram péssimos, ao contrário dos dias anteriores. Todos os demais eram franceses e insuportáveis. Estava no canto e quando o sol apareceu eles queriam que abrisse a cortina do meu lado. Disse que já estava com o rosto queimado. Ninguém queria trocar de lugar, mas queria que eu ficasse exposta ao sol. Isso durou todo o passeio, pois também não cedi.

Não comprei roupa especial para usar no Atacama, então, tive que improvisar, pois encontraria a temperatura mais baixa do deserto. Coloquei uma camisa de algodão, uma segunda pele, um casaco fleece, uma jaqueta de couro e depois um casaco de pena de ganso. Coloquei uma calça de legging por baixo da calça jeans, duas meias, luva e gorro. Usei um tênis comum. A dentista que estava no tour usava apenas duas blusas, pois adquiriu roupas térmicas. 

Um gêiser, por definição, é uma fonte jorrante. Não encontramos "gêiseres" no Brasil, uma vez que todos os vulcões foram extintos. É o magma incandescente dos vulcões que aquece a água da chuva ou neve derretida.  


Os Gêiseres de Tatio são um campo geotérmico localizado a 89 km de distância de San Pedro, na Cordilheira dos Andes. A altitude é de 4.200 metros acima do mar. A viagem  é longa e tortuosa numa paisagem completamente desértica. É necessário chegar no sítio antes dos primeiros raios de sol. Apesar do visual de cebola, senti frio quando me deparei com a temperatura de -9!!! Nos momentos em que tirava a luva para fotografar, os dedos ficavam congelados. Meus dedos dos pés gelaram também. 

Ainda na madruga, os gêiseres apresentam uma quantidade grande de vapor d´água saindo de crateras, tendo seu ápice por volta das 7h. As temperaturas chegam a 85 graus, emergindo numa altura de até 8 metros. Pedem para não ultrapassar as demarcações, pois já houve acidente fatal com turista que não respeitou os limites.

O café da manhã servido no tour foi sofrível, pois só tinha biscoito de chocolate, que não como. Depois seguimos para o povoado "Machuca", que é formado por pastores de llamas. São apenas 20 casinhas feitas de adobe e palha. Tem uma igreja no alto da montanha. Naquela região é vendido espetinho de llama. Estava bem nauseada e não comprei, mas a Adriana (a dentista mineira) comprou e meu deu um pedaço. Não vi qualquer diferença da carne de vaca. 



Churrasco de llama
Novamente tentei fazer uma refeição, dessa vez no hostel que estava, o "Residencial e Restaurante Chiloé", que, na verdade, é um restaurante com quartos para alugar. Tem menus que variam diariamente por um bom preço, se compararmos com os demais daquela localidade (6.500 pesos), embora não seja tão saboroso. Tem entrada, prato principal, sobremesa e bebida. Pedi salada, uma sopa de lentilha e um flan. Estava no fundo do poço, pois quase não consegui comer. Sentia enjoo em cada colherada. Era o quarto dia seguido com a saúde debilitada. 





Em observação à orientação da Lincacabur (http://www.translicancabur.cl/), mandei um e-mail, confirmando o horário do meu voo (13h), pois o transfer de volta já estava pago. Para garantir, pedi à dona do hostel ligar e confirmar meu horário. Ela disse que a empresa costuma atrasar, portanto, costuma indicar a Transvip. No dia seguinte, foram ao hostel no horário combinado, às 9h, para me buscar. A viagem durou uma hora e meia. 

Fiquei no aeroporto torcendo para ter uma viagem tranquila e tive uma leve melhora, tanto que consegui comer uns petiscos na sala vip de Santiago, mas assim que cheguei em casa, fiquei muito mal. A disenteria mais aguda da minha vida. Permaneci dessa forma por mais uns 4 dias. E não fui ao médico, pois sempre acho que vou me recuperar rapidamente.

Creio que meu estado de saúde interferiu na minha percepção sobre o Deserto do Atacama, pois, apesar de ter paisagens inacreditáveis, não sinto a menor vontade de voltar, todavia, tenho certeza que é um dos lugares mais interessantes do mundo para quem gosta de exotismo e natureza.

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