De volta a Madri

Não é fácil entender como funciona o mercado especificamente sobre a venda de passagens aéreas, pois no ano passado o dólar estava mais alto (as passagens são comercializadas na moeda norte-americana) e as passagens estavam com preços razoáveis, mas em 2017 todas as pesquisas realizadas (com destino a Europa) retornavam com valores acima dos R$3.000,00.
Plaza Mayor
Faltando um mês e meio para a data da viagem, durante uma pesquisa aleatória surgiu uma passagem com o destino a Madri, pela Avianca em codeshare com a Air Europa, por R$2.100,00, já incluindo o voo do Rio até São Paulo. Não esperava voltar a Madri tão cedo (embora tenha amado a cidade), contudo, estive por lá em 2013. Adequei o roteiro, comuniquei meu amigo, que viajaria comigo, e comprei a passagem. 

Para obter um roteiro mais enxuto, prefiro chegar por uma cidade e voltar por outra, mas como não tive opção, a chegada e o retorno seriam por Madri. O lado bom: é a cidade que dispõe da melhor conexão com o centro da cidade, na Europa, já que tem metrô dentro do aeroporto, além do maravilhoso “Exprés Aeropuerto”, que funciona 24 horas por dia.

Em razão de ter conseguido o trecho para São Petersburgo com milhas apenas dois dias após a chegada, passaria dois dias inteiros em Madri. 

O primeiro problema detectado foi o horário de chegada: 05h30. Primeiro busquei pelo hostel (com quarto privado) que fiquei da última vez, mas estava esgotado, depois continuei procurando algo bem localizado e não muito caro. Queria ficar perto da Plaza de Cibeles, ponto do ônibus do aeroporto na madrugada (de meia-noite às 6h), pois o voo para São Petersburgo sairia às 6h, logo, deixaríamos hotel por volta das 2h30. 

Primeiro pesquisei no “Airbnb”, mas os valores ficavam muito próximos do valor do hotel após acrescentar a taxa de limpeza e de serviço, e ainda, como viajaria com um amigo, teria que ter duas camas ou uma cama e um sofá-cama. Outro problema é que nem sempre poderiam ficar com a mala até o horário do check-in, além do horário de entrada ser sempre entre 14h e 15h, que é muito tarde.

Decidimos ficar no hotel “One Shot Prado 23”, que era próximo dos museus, do Centro, da estação Atocha, da Plaza de Cibeles. A diária custou aproximadamente R$250,00, mas dividiríamos por dois, então o preço foi bom para a data (quanto mais próximo do verão, mais cara fica a hospedagem na Europa).

O voo para São Paulo sairia às 9h, então chegamos por volta das 7h no aeroporto. Tinha um grande problema a ser resolvido: a Air Europa não permite marcar lugar!!! A maioria das companhias hoje cobram para marcar assento quando compramos a passagem, no entanto, em geral, no momento do check-in online, que ocorre entre 72h e 48h antes da viagem, o passageiro consegue escolher o lugar. Assim que comprei a passagem, marquei o assento no voo da Avianca (RJ-São Paulo) e não consegui no trecho para Madri. Liguei para as duas companhias aéreas que afirmaram que não poderiam marcar assento, que seria sorteado no dia do voo. Sempre viajo no corredor, mas agora ainda tenho outro problema detectado recentemente: estou com a bexiga hiperativa, significa que vou ao banheiro inúmeras vezes quando bebo líquido. É um inferno. Eu expliquei o problema, mas o atendente disse que a Avianca não tinha acesso ao sistema, no entanto, tentaria que nós dois sentássemos juntos. Sorteou e, eu caí na janela e meu amigo no corredor, como a aeronave tem a configuração 2-4-2, não tivemos problema, pois ele prefere sentar na janela, mas fiquei tensa até entrar no voo e perceber que estava no corredor!
A bela arquitetura de Madri
Tivemos quase 4 horas no aeroporto de Guarulhos, a espera foi amenizada pelos mimos da Sala Vip do cartão de crédito Mastercard Black, no terminal 3, que é um dos melhores lounges que já visitei. Encontramos todos os tipos de bebidas (vinho, espumante, Whisky, café, etc), comidas, doces maravilhosos. Nosso voo partiria do terminal 2, então é preciso sair uns 20 minutos antes, pois caminhamos uns 15 minutos entre os dois terminais.

Não tenho qualquer reclamação do voo da Air Europa, apesar de não poder marcar assento e o voo de ida não ter entretenimento individual, pois a comida estava boa e o chegamos por volta das 4 horas da manhã, antes do estipulado.

Na temida imigração do Aeroporto de Barajas, que já tinha passado outras duas vezes, o agente perguntou o que faria em Madri, disse apenas que ficaria dois dias e seguiria para a Rússia. E carimbou o nosso passaporte.

Decidimos “fazer hora” no aeroporto, pois imaginávamos chegar mais tarde e às 4 da manhã ainda estava bem escuro. Meu amigo lanchou, conectamos a internet. Por volta das 6h decidimos pegar o “Exprés Aeropuerto”, por 5 euros. A viagem durou menos de 30 minutos, pois não tinha trânsito. Ao chegar na Plaza de Cibeles já consegui me localizar. As ruas estavam vazias, mas tinha alguns operários consertando a praça. Seguimos caminhando pelo “Paseo del Prado” e entramos na rua após o museu Thyssen-Bornemisza. Naquele local precisamos acessar o google maps para ter certeza que estávamos no lugar certo.


Caminho da Plaza de Cibeles até o hotel

Sobre o hotel, tinha pedido um early check-in, pois sairia do Rio de Janeiro às 7h da manhã e só chegaria em Madri às 5h do dia seguinte. Por e-mail, avisaram que se tivesse disponibilidade poderiam fazer essa gentileza (sei que os estabelecimentos têm o horário de entrada, mas já consegui em Paris, Bangkok, etc). No aeroporto recebi um e-mail do hotel, perguntando se queria um upgrade por 20 euros, mas recusei.

Cheguei no hotel One Shot Prado 23 por volta das 7h e fui informada que não tinham quartos disponíveis, apenas se quisesse fazer o upgrade, mas agora custava 30 euros. Recusei. Até aí tudo bem, pois guardaram a bagagem e segui para Segóvia para passar o dia (contarei em "post" apartado).



No retorno, nos colocaram num quarto para pessoas com problemas de mobilidade. O banheiro era horroroso! Não tinha uma cortina sequer, depois do banho sentia que estava numa piscina. Além de ter uma cadeira dentro do "box". Quando ia no banheiro ficava com os pés molhados. 

No retorno de Segóvia, estávamos praticamente mortos de sono, mas mesmo assim conseguimos sair para ver a cidade, pois por volta das 20h ainda estava claro! Ao chegar no quarto, quase desmaiei ao perceber que não tinha levado o carregador da minha câmera!!! Sempre faço um checklist pra ver se coloquei tudo na mala e na mochila. Dessa vez cometi um erro. Tive vontade de chorar. Pesquisei na internet e descobri duas lojas relativamente próximas, só que era domingo e estavam fechadas. Outra péssima notícia: o carregador da Nikon D5300 custava 70 euros (quase trezentos reais!!!). Após banho, seguimos para a loja “El Corte Inglés”. Entramos em umas 3 lojas homônimas antes de chegar na que vendia eletrônicos. Depois de perceber que não tinha o carregador, chamei um funcionário que me mostrou um carregador genérico para pilhas recarregáveis, mas tinha um dispositivo que carregaria a bateria da câmera. Não acreditei muito, mas comprei por 20 euros (e funcionou perfeitamente!). 


Saindo da loja, caminhamos pela “Gran Vía”, principal rua de Madri, que começa na "Calle Alcalá" e termina na Plaza de España, com teatros, cinemas e lojas maravilhosas.


Passamos pela “Porta do Sol” e a praça estava repleta de pessoas, pois naquele dia o Real Madri jogaria a final do campeonato espanhol. E, de repente, nos deparamos com um dos muitos restaurantes “100 montaditos”. Por sorte, aos domingos e quartas-feiras qualquer tapa (petisco) do cardápio custava 1 euro. Esperamos na fila por uns 20 minutos e sentamos numa mesa disposta na calçada. Você tem que ir no interior do restaurante e pagar o que vai comer, depois te dão um dispositivo (como o do Outback) que acende quando está pronto e você vai buscar. Tomei tinto de verano (vinho com algum refrigerante), comi bocadillos (sanduíches), bolinhas de queijo, anéis de cebola. 

Bocadillos e tinto de verano



Do lado do restaurante tinha um “Carrefour Express” e aproveitei para comprar o café da manhã do dia seguinte: pão, jamón serrano (presunto), chá gelado, e mais algumas besteiras. Deu 4 euros.

Como estávamos 36 horas sem dormir, decidimos que acordaríamos mais tarde no dia seguinte. Na segunda-feira, tomamos café que tínhamos comprado no Carrefour (o hotel não oferecia café da manhã), para surpresa, quando abri o chuveiro só saía lama (água marrom) e a água não ficava quente. Coloquei a roupa e caminhei até a recepção e mostraram uma folha A4, informando que não poderia usar a água das 10 às 14h!!! Fui na rua sem tomar banho. Meu amigo queria comprar cigarro eletrônico. Conseguimos encontrar no bairro gay de Madri: Chueca. O lugar é bem colorido, com muitas lojas de arte, sex shops, bares e boates.

Retornei às 14:40 e a arrumadeira estava no quarto. Pedi para gentilmente para agilizar, pois precisava tomar banho. Enquanto estava no chuveiro, um funcionário bateu na porta, meu amigo abriu e estava com torneira na mão (tinham tirado), e ficou bravo "ainda não liberamos pra usar a água". No entanto, apesar do relato, o hotel é muito bem localizado, mas talvez valha ficar no Ibis Styles localizado praticamente ao lado.

Finalmente com banho tomado, segui para visitar Madri (fiquei 4 dias em 2013, mas só visitei museus e fiz dois bate-voltas a Toledo e Aranjuez, não tinha conhecido os pontos turísticos). 

Subimos a rua "del príncipe" e entramos na "Carrera de S. Jerónimo" para chegar na Porta do Sol, que tinha uma enorme faixa do Real Madri, em razão da vitória no dia anterior. Naquela localidade encontramos o urso símbolo da cidade (El oso y el madroño), que foi esculpido por Antonio Navarro em 1967.

Porta do Sol


Apple Store na Porta do Sol



Em seguida, paramos na Plaza Mayor, que a principal praça de Madri. É imensa e retangular com prédios de três andares por toda a volta. Naquela localidade existem diversos restaurantes. Também há um centro de informações turísticas, com sinal de wi-fi aberto.


Continuamos caminhando para outro ponto turístico que fica próximo: o Mercado de San Miguel. Tem uma arquitetura bonita, comidas diversas (tapas, chorizos, paella, etc), mas tudo caro. No entanto, a visita é interessante.









Em cinco minutos estávamos no Palácio Real, residência oficial do rei da Espanha. O ingresso custa 9 euros, mas optamos por não entrar. Tiramos foto da Catedral de Madri e fomos procurar um lugar para almoçar. 

Era quase 17 horas e não tínhamos muitas opções. Sentamos em um restaurante, mas disseram que não serviam mais o menu do almoço naquele horário. Ficamos na Calle Toledo, entrada da Plaza Mayor, em um restaurante que ainda tinha o menu (dois pratos, bebida e sobremesa) por 10,50 euros. Ao olhar as opções de primeiro prato, perguntei ao meu amigo como era “Carbonara” e disse que levava bacon (não queria nada com molho branco). Pedi o espaguete carbonara e de segundo prato queria “calamares” (lula), suco na garrafinha e tiramisu de sobremesa. Quando o primeiro prato chegou na mesa tinha molho branco! Passei muito mal e fiquei com infecção intestinal após comer uma massa no Spoleto dias antes. Xinguei meu amigo (hahaha) e não comi o primeiro prato. A garçonete veio buscar e viu que não tinha mexido e expliquei que não posso comer molho branco e não sabia que “carbonara” era feito assim (procurei no google para me certificar e a receita original leva ovo, bacon e queijo). Perguntou se queria outro e disse que sim, sem saber se cobraria no final. Trouxe um com molho à bolonhesa. A lula estava ótima, mas o resto da comida não foi nada demais. O destaque foi para o atendimento. Era uma garçonete peruana que merece cumprimentos, mas infelizmente esqueci o nome do restaurante. 


Voltamos ao hotel e decidimos seguir para “Las Ventas”, que é um destino polêmico, para ver as famosas “touradas de Madri”. Pegamos o metrô e seguimos para a Praça de Touros. A estação é “Las Ventas” e deixa na porta do prédio. O edifício suntuoso foi construído no estilo neo-árabe em 1929 no local chamado "Las ventas del Espíritu Santo". É o maior estádio de touradas da Espanha com a superfície de 45.800 metros quadrados. O nome tem relação com os ventos, pois fica numa região de ventos constantes. É considerada patrimônio cultural e artístico desde 1994.




Assim que chegamos, alguns cambistas se aproximaram para vender ingressos, mas informei que compraria na bilheteria. Chegando lá, assim como tinha verificado na internet, tem ingressos a partir de 2 euros. Comprei o mais barato. Como já tinha passado das 19h, tivemos que esperar quase 30 minutos para poder entrar. Subimos e descobrimos o motivo do valor do ingresso: sentamos quase no teto do prédio e do lado do sol! O calor era infernal em maio às 19h30. Ocorrem várias touradas no mesmo dia. Entramos para ver a segunda (acho que seriam 6 naquele dia). Minha primeira impressão é que os madrileños são apaixonados, pois o “estádio” estava lotado numa segunda-feira. E tinha pessoas de todas as idades, senhoras e senhores, mas também crianças e jovens. Naquele calor pude entender a função dos leques espanhóis: todas as senhoras se abanavam. É claro que a atividade choca, eu mesma admito que não sabia que todos os touros morriam (de forma cruel), mas gostei de conhecer um traço tão forte daquela cultura. 







Assistimos apenas uma tourada e saímos do prédio. Voltamos para o hotel e por volta das 23h seguimos para ver o caminho até Plaza de Cibeles para pegar o ônibus para o aeroporto - caminho que faríamos na madrugada. No retorno, procurei tapas para comer. Iria no “Copas Rotas” perto do Museo Reina Sofia, mas estava fechado. Então entramos no “Museo del Jamón” no Paseo del Prado (o que ficar perto da Porta do Sol está sempre lotado). Tudo custa 1 euro. Pedi um bocadillo (sanduíche) de jamón serrano e um vinho, e recebi de cortesia um prato cheio de chorizo! Tudo por 2 euros.


Não conseguimos dormir, pois sairíamos às 2h30. Perguntei na recepção se era tranquilo caminhar na madrugada e fui informada que não tinha perigo. O Uber até o aeroporto sairia por 50 euros. Após o check-out, caminhamos e em 10 minutos estávamos na praça. Diversos taxistas vieram nos oferecer uma corrida por 5 euros cada! O mesmo preço do ônibus, levavam 4 e receberiam 20 euros. Meu amigo queria ir. Disse que poderia seguir, mas esperaria o ônibus. Acredito que quando a esmola é demais...

O ônibus noturno passa a cada hora, mas não demorou 20 minutos para aparecer. Por sorte tinha wi-fi, pois não sabia o terminal e tive que pesquisar. Chegamos muito cedo no aeroporto. Li que a Alitalia não tinha guichê no aeroporto de Madri e teria que fazer o check-in com a Air Europa. Não tinha lugar para sentar próximo ao guichê da companhia e fomos para o outro lado. Por volta das 4:30h começou a movimentação num guichê sem companhia e era da Alitalia! Deixamos a bagagem, pois os lugares foram marcados no site, as passagens foram compradas com milhas Smiles (12.500 pontos o trecho). Passamos pelo raio-x e ficamos esperando para seguir rumo a São Petersburgo, com conexão em Roma.
Plaza de la Villa

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