1 dia em Mandalay

Voei de Bangkok para Mandalay com o intuito de visitar Bagan, mas fui direto do aeroporto para o escritório da "OK Express", van (chamam de "minibus") que faz o trajeto entre as duas cidades. No retorno, reservei um dia para visitar a segunda maior cidade de Myanmar.
Amarapura

Kuthodaw Pagoda

Saí de Bagan por volta das 09:30h. O percurso foi realizado no tempo previsto (ao contrário da viagem de ida), levando cerca de quatro horas e meia para chegar no destino - a viagem também foi um pouco mais agradável. No caminho, mirando pela janela, muitas vezes um templo surgia no meio do nada.
Um muro com cabeças no caminho...

O minibus fez uma parada num local sem qualquer higiene (como mencionado anteriormente em outro post) mas, não resisti e tive que ir ao banheiro (uma simples cabana de madeira com um buraco no chão).

Pela primeira vez reservei um hotel com milhas pelo site da Smiles. Fiquei receosa, mas tinha milhas expirando e resolvi arriscar. Não obtive a melhor cotação, já que saiu por 6 mil milhas. Optei pelo "Hotel A1". Posso dizer que o staff era cordial, atencioso e prestativo. Assim que a van chegou, um rapaz correu para pegar a minha mala. Fiz o check-in e estava tudo correto. 



O segurança do hotel foi me levar até o quarto, localizado no andar. O senhor era tão dedicado, me apresentou todos os itens dispostos no ambiente. Abriu o cofre, me mostrou que tinha café e cafeteira, ligou a tv e o ar-condicionado. Tudo o que não encontrei no hotel de Bagan estava presente em Mandalay. Senti-me em casa.

Joguei-me na cama e lá permaneci por alguns minutos. Olhei pela janela e vi as ruas empoeiradas, mas que precisavam ser exploradas. Abri a mala, peguei uma roupa e fui tomar meu banho.

Fiz uma lista com os pontos turísticos que poderia visitar: Mahamuni Buddha Temple, Mandalay Hill, Kuthodaw Pagoda, Palácio Real e Amarapura. Dirigi meus olhos para o relógio, que marcava quase 15h. Estava sem comer, mas tinha que tomar uma decisão sobre minha locomoção. Desci e perguntei na recepção. O hotel disponibiliza gratuitamente bicicletas para os hóspedes, mas nada fica perto em Mandalay. Talvez seja possível visitar o Palácio Real. Ela me deu duas opções: carro com motorista ou mototáxi. Fiquei com a segunda opção e desembolsei 18.000 kyats, que é bastante dinheiro naquele país.

Provavelmente com esse valor teria o motoqueiro o dia inteiro a minha disposição, mas não tinha muito tempo até escurecer. É praticamente impossível alugar uma e-bike para dirigir na cidade, seria um suicídio, pois o movimento é intenso, só comparável com Hanói. O transporte público é raro ou inexistente, logo, todos os moradores usam motocicletas ou bicicletas, além dos carros.

Combinamos três lugares: Kuthodaw Pagoda, Mandalay Hill e Amarapura. Subi na garupa e lá fomos nós. O trânsito é insano e não parece ter regras. Levamos uns trinta minutos até Kuthodaw Pagoda. Indicou-me onde ficava a entrada e disse que me esperaria.

A Kuthodaw Pagoda é uma estupa que contém o maior livro do mundo e fica situada a 274 metros de Mandalay Hill. Tem cerca de 57 metros de altura e foi realizada no mesmo estilo da Shwezigon Pagoda, que fica em Bagan. O lugar estava vazio, mas encontrei um casal de turistas que tirou uma foto para mim.  

Consta que, após a ocupação britânica, as tropas foram alojadas nos templos e pagodes, que ficaram foram do alcance do público geral. Os birmaneses não tinham mais acesso aos locais religiosos. Após o apelo à rainha, que foi questionada sobre a promessa de respeitar a crenças dos súditos, o exército deixou os locais de culto, todavia, todas as peças em ouro, prata, diamante, pedras preciosas e até os azulejos de mármore italiano foram saqueados.

 





A próxima parada foi em Mandalay Hill. Confesso que o lugar não me deixou muito confortável. Logo na entrada uma moça disse que para pegar meus chinelos de volta teria que pagar. Acredito que seja uma espécie de golpe, pois se soubesse teria colocado o calçado dentro da bolsa antes de entrar.

A cidade foi nomeada "Mandalay" em razão do monte que tem 240 metros. O sítio tem diversos templos e pagodes e é local de peregrinação de budistas birmaneses. Tinha visto fotos lindas e coloridas de Sutaungpyae Paya, mas não subi até o topo. Além do estresse na entrada, o caminho era escuro, muito sujo, tinha vendedores insistentes e, para piorar, encontrei cães raivosos no local - o meu maior medo é de cachorro (fator decisivo para  retornar no meio do caminho). Enquanto subia, encontrei dois turistas e apenas um enquanto descia. Quando contratei o mototáxi, a atendente da recepção perguntou se ia querer que subisse comigo (provavelmente o preço seria outro) e informei que não, mas talvez fosse uma boa opção.



A última parada foi em Amarapura (significa "cidade da imortalidade"), que, apesar da simplicidade, foi o meu local preferido visitado naquele dia. É um distrito localizado a 11 km ao sul de Mandalay, que já foi capital do país em dois períodos. No caminho, vi um cenário de pobreza, mas ao mesmo tempo exótico e com pessoas felizes. 

Algumas partes do ponte são móveis para que todos os tipos de embarcações possa passar. Medo!
 
O tempo começou a fechar no percurso e torcia para que não chovesse, pois não tinha levado guarda-chuva ou qualquer proteção para celular e câmera. Assim que chegamos, o motorista indicou o bar em que aguardaria. 

O melhor restaurante da região


Percorri uma rua repleta de lojas até chegar no início da longa ponte de madeira, conhecida como "U Bein Bridge", que fica sobre o lago Taungthaman. Tem 1,2 quilômetro de extensão e foi construída em 1.850. Talvez seja a ponte de madeira mais antiga do mundo! O turismo é uma grande fonte de renda para os moradores locais. Não adquiri nada, pois vendiam melancias, colares feitos com os caroços da melancia.

Artesanato


De repente, a chuva começou a cair com intensidade e fui obrigada a correr até um dos abrigos sobre a ponte. Muitas pessoas estavam aglomeradas, aguardando a estiagem. Os turistas eram em grande maioria orientais, além dos próprios birmaneses.

Aguardando a chuva passar

Esperei por mais de 30 minutos e já estava perdendo a esperança quando o sol começou a aparecer e a chuva cessou completamente. Comecei a caminhar pela ponte, mas não fui até o final, pois queria retornar antes do anoitecer. O fluxo de pessoas voltou ao normal. 
Ele pediu para tirar foto comigo



Uma mãe orgulhosa do seu filho monge
 

Cheguei no hotel por volta das 18:30. Subi para o quarto, mas um fato não poderia ser esquecido: minha última refeição foi o café da manhã ainda em Bagan por volta das 6h da manhã! Tomei um banho e verifiquei minhas opções. Vi o cardápio do restaurante do hotel, bem como localizei, no google, um shopping.
A foto não está boa porque a janela estava suja, mas é uma barraca na frente do hotel com muitos locais jantando. Observei que os donos dormem ali mesmo com um bebê que deve ter 1 ano.

Desci até a recepção e perguntei se poderiam levar um sanduíche no quarto. A recepcionista disse que não tinham serviço de quarto, só poderia comer no restaurante. Comparando com Bagan, os preços eram mais caros e estava em dólar. Perguntei pelo shopping e não compreenderam. O jovem rapaz questionou "O que você quer fazer?". Informei que precisava comer. Disse que encontraria refeições no mercado noturno que ficava próximo ao hotel.

Início do mercado noturno
 
Falou para virar no próximo quarteirão e depois andar mais quatro ao lado direito. Isso já devia ser umas 20h. Mandalay também não tem iluminação pública. As lojas são iluminadas, mas andei boa parte no breu, pois o comércio estava fechando. Aparentemente é bem seguro. O mercado noturno era uma feirinha, mas muito aquém das que já visitei no Sudeste Asiático. Muitas roupas e calçados simples. Rogava por uma fruta. Já estive na Tailândia por duas vezes e sento na rua para apreciar os pratos, mas foi impossível em Myanmar. Parece comum comerem um porco inteiro que é fatiado e regado com um molho, acompanhado por ovos. Todos sentam próximo da barraca. O cheiro era insuportável.



Quase desmaiando, caminhei de volta para o hotel. Vi uma loja e entrei, mas só tinha doce. A vendedora foi muito simpática. Consegui um bolinho de laranja e uma Fanta (apelei pro refrigerante). Foi a noite mais triste da minha vida, mesmo com dinheiro fui obrigada a dormir com fome. Vi que tinha um bistrô, mas ficava a 20 km de onde estava e era bastante caro. Em Mandalay não tem McDonald´s, Burguer King, Pizza Hut, Subway, um tio que vende dogão. Não tem.


Meu voo de volta para Bangkok partiria às 12:45h. Pedi na recepção para agendarem um táxi compartilhado (em geral só colocam no site o táxi comum por 15 mil kips). Custou 5 mil kips, mil a mais pelo serviço prestado, pois custa 4 mil. Marcou às 9h na recepção.


Acordei cedo e subi para o terraço com o intuito de tomar o café da manhã, mas não era dos melhores. Apesar da fome que estava sentido, só comi uma torrada com café e um refresco. Desci e fiquei na frente do hotel para apreciar o caos. Tinha uma escola na esquina e o trânsito de motos e bicicletas era abundante. Monges. Mulheres com flores. Caminhonetes lotadas de pessoas.

Por volta das 9:30 o ônibus chegou para me buscar. O senhor, que me apresentou o quarto, pegou minha mala e colocou no interior do automóvel. Dei 1 mil kips e ofereceu um largo sorriso. 1 dólar apenas! O ônibus é mais confortável que a van e tem lugar individual. O aeroporto fica a 35 km do centro e leva quase 1 hora. No caminho, um chinês ficou desesperado, pois esqueceu o relógio no hostel.

Ocorreu um fato curioso no aeroporto: antes de embarcar, percebi que tinha quase 3 mil kips no bolso. Fui ao banheiro e quis dar para a faxineira, mas ela não aceitou. Talvez por estar na porta e ter câmeras no aeroporto.   

Para finalizar, Mandalay é uma cidade caótica e empoeirada, mas serve de base para muitos turistas que seguem para dois grandes destinos do país: Inle Lake e Bagan. Não é um lugar imperdível, mas pode ser apreciado. Deve ser interessante contratar um passeio para lugares não turísticos e vivenciar o dia a dia dos birmaneses.




5 pessoas sobre uma única moto!


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