Guatemala: o coração do mundo Maia

A Guatemala é um país localizado na América Central, que faz fronteira com México, Belize, El Salvador e Honduras. Minha visita ocorreu no mês de novembro, pois optei por viajar no período seco (de novembro a março). No restante do ano costuma chover diariamente. Não sei exatamente o momento que decidi que gostaria de conhecer o "Coração do mundo Maia", mas há algum tempo vinha amadurecendo a ideia. Felizmente, consegui concretizá-la.

 

 

Talvez a escassez de brasileiros visitando a América Central seja decorrente dos valores praticados pelas companhias aéreas. Pesquisei por quase dois meses no Google Flights e, partindo do Galeão (GIG) - Rio de Janeiro, só havia voo com Copa Airlines e os preços estavam absurdamente caros. Cogitei sair de Guarulhos, em São Paulo, que estava muito mais barato, uma vez que tem mais oferta de voos. 

Só comprei a passagem aérea faltando uma semana para o início da viagem (sempre com emoção!). Localizei uma data de ida e de volta que deixava o valor mais "acessível", R$3.580,00 (sem bagagem despachada ou seleção de assento). Qualquer alteração majorava o valor em 2 mil reais. No período, estava mais barato ir pra Europa. Compraria duas passagens para os EUA, por exemplo. Teria 9 dias e comecei elaborar um roteiro. As outras empresas que voam para o destino são Arajet (lowcost), American Airlines (precisa ter o visto dos EUA) e Avianca.

No dia da viagem fui para o aeroporto quatro horas antes e fiquei na Sala Vip da Gol. Quando fui verificar o horário de partida, havia a indicação que o voo não mais sairia às 1:32, mas 3:32! A Copa Airlines alegou que o atraso foi em decorrência de uma tempestade no Panamá (no retorno ocorreu um atraso mais inconveniente). Antes de embarcar, pediram o Certificado Internacional de Vacinação (febre amarela) - habitualmente carrego com o passaporte, portanto, nem verifiquei a exigência. 

Tikal

Após o atraso do voo, abri o app e vi que a companhia aérea já tinha alterado o meu segundo voo, que seria da Cidade do Panamá para a Cidade da Guatemala. Chegaria 8:53 originalmente, entretanto efetivamente aterrissei às 11:10! Havia reservado um transfer (não precisei efetuar pagamento, mas consegui avisá-los sobre o ocorrido) e já não sabia como sairia do Aeropuerto Internacional La Aurora

Precisa preencher a "Declaración Jurada Del Viajero" e imprimir o PDF. Descobri da pior forma possível: na fila da imigração. O agente abriu meu passaporte e pediu o QR Code do PDF. Por sorte, pude fazer na hora (mostrei o PDF no celular). 

Cheguei na Cidade da Guatemala, mas segui imediatamente para Antígua, que fica a 1h30 da capital.

Assim que vi um stand da Claro decidi comprar o Sim card (chip de celular). Custou 15 dólares o chip de 8 GB, válido por 15 dias. Achei o preço justo, pois um casal que estava próximo disse que comprou 1 GB da Airalo (e-sim) por 9 dólares.   

Há a disponibilidade de Tigo e Claro. Existem lojas das operadoras e quiosques em Antígua (provavelmente por um preço bem menor). 

Antígua

Hoje em dia muitas pessoas optam pelo e-sim (chip virtual de celular) que pode ser comprado online e ativado no celular na chegada no país. O problema é que só é aceito no Iphone ou nas versões mais caras do Samsung. Preciso de Sim card físico.

 

A moeda da Guatemala é o Quetzal, nome do pássaro símbolo do país. 1 Quetzal = R$0,62. Levei o cartão Wise (cartão de débito que pode ser feito aqui), que foi aceito em todos os lugares (restaurantes, cafés, hospedagens). É importante ressaltar que o Wise pode converter o Real para diversas moedas, mas não tem opção de Quetzal, então, basta converter para Dólar. No estabelecimento, quando passar em Quetzal converte o dólar automaticamente. 

 

Quase ao lado do stand da companhia telefônica, avistei um caixa ATM da 5B. Admito que nunca tinha sacado em viagem internacional (a Caixa é o único banco que não permite saque com o cartão de débito no exterior). Com o advento do maravilhoso cartão Wise, decidi que sacaria (tenho medo do cartão ser "engolido", risos) na moeda local. Fiz um saque de 1.500 quetzales para pagar o transfer e o hotel. A tarifa cobrada para o saque foi de 49 quetzales (não é tarifa do Wise, mas da máquina). 

 

Perguntei num grupo do Facebook sobre shuttle compartilhado (transporte mais comum entre as cidades) com horário de partida próximo da minha chegada. Uma pessoa respondeu que tinha um stand na saída do aeroporto com shuttle disponível (esperam aparecer passageiros). O preço era um pouco maior que contratado anteriormente. Cobram 15 dólares ou 120 quetzales. O lado bom é que esperei apenas uns 10 minutos. E a van saiu com quatro pessoas. Fui ao lado de um mexicano, conversando a viagem inteira e nem senti o tempo passar.

 

Para quem está viajando acompanhado talvez o uber seja vantajoso, pois verifiquei no app e o percurso custava cerca de 230 quetzales. O aplicativo funciona na Cidade da Guatemala e em Antígua. Há ainda a opção de shuttle privado, que tem o preço similar.

Deixei para reservar os hotéis dois dias antes da partida e estranhei que quase não tinha disponibilidade em Antígua no fim de semana. Se anteriormente ficaria 3 dias, tive que reservar apenas 2 dias (quinta e sexta-feira), pela indisponibilidade. Só no dia da viagem li que naquele fim de semana ocorreria uma festa anual: Festival de las Flores


1º DIA - ANTÍGUA

 

Antígua é a antiga capital da Guatemala. É uma cidade classificada como patrimônio mundial da humanidade pela Unesco. Fica a 1.530 metros acima do nível do mar numa região sísmica. Foi fundada em 1524 como Santiago da Guatemala, posteriormente destruída por um incêndio decorrente de revolta indígena. Reconstruída em 1527, mas soterrada por terremotos e avalanches. Mudou a localização e foi inaugurada em 1543, perdurando por 230 anos. Em 1773 um terremoto destruiu a cidade, portanto, decidiram mudar a capital para uma região mais segura, ou seja, livre de desastres naturais, que se tornou Cidade  da Guatemala.

Era o centro religioso, econômico, cultural, político da Guatemala. O urbanismo de Antígua foi inspirado no Renascimento italiano. As construções que sobreviveram representam exemplos da arquitetura colonial nas Américas, caracterizando um estilo regional que é o "Barroco antiqueño": estuque decorativo, nicho de janela, edifícios maciços. Entre os edifícios históricos podemos destacar La Merced, Santa Clara, Casa de la Moneda, a Catedral.

Fiquei hospedada no Hotel Mansion Del Rey, que está muito bem localizado. Li alguns relatos negativos sobre o atendimento e a instalação, mas achei o preço justo e o atendimento bom. Paguei 549 quetzales por duas diárias (com as taxas), cerca de R$350,00. Tinha um comentário que cobravam um percentual sobre o valor pago com cartões, sendo assim, preferi pagar em espécie.


 

Deve ficar registrado que a cobrança de 5% sobre o pagamento com cartão de crédito ou débito é considerado comum por lá. Efetivamente só me cobraram em um restaurante e um hotel.

Apesar de ter todas as reservas no Whatsapp, e-mail e Apps, ainda levo tudo impresso. E foi muito útil nessa viagem! O rapaz da recepção disse que eu deveria pagar 830 quetzales. Tirei a reserva impressa e entreguei. Decidiu que iria ligar para alguém e, de repente, viu que tinha cometido um equívoco e se desculpou.

O meu quarto era no segundo andar. Tinha cama espaçosa e banheiro enorme. Corri para tomar um banho demorado. Não fiquei em nenhum hotel que tivesse ar-condicionado, mas durante o dia pode esquentar. O único incômodo foi a cortina muito translúcida que permitia entrar luminosidade. E não fica ninguém na portaria à noite. Muitas pessoas saem na madrugada, fazendo barulho. 

Caminhei por Antígua até encontrar o símbolo da cidade: Arco de Santa Catalina. O Convento de Santa Catalina Mártir foi o segundo convento criado na cidade em 1613. As freiras dessa ordem faziam votos para ficarem reclusas, não podiam ser vistas. Com o tempo foi necessário ocupar o espaço em frente ao convento, pois o lugar já não era suficiente. Assim, a ponte em formato de arco foi construída em 1964 com o objetivo de auxiliar a travessia das freiras de forma que não fossem vistas nas ruas. A torre do relógio foi um acréscimo posterior. O convento hoje é um hotel.

 

Na rua do arco tem uma loja de artesanato (preços elevados), Nim P´ot - centro de textiles artesanales. Tive o primeiro contato com os artefatos manuais muitas vezes confeccionados pelos povos indígenas. 

Máscaras de madeira usadas no Carnaval

Foi interessante observar o intenso fluxo de turistas caminhando pelas ruas de pedra. Muitos europeus e norte-americanos. Nesse primeiro dia não me impus qualquer obrigação turística. Só caminhei sem olhar o mapa para conhecer a arquitetura e ver as pessoas. 



 


Detalhe do telhado

Por volta das 17h já estava desorientada de fome. Não tinha pesquisado por restaurantes. Entrei no Madre Tierra -  La Parrillada Chapina. Pedi "Pollo a la parrilla", que é uma opção de frango feito na churrasqueira acompanhado por batata assada, queijo de cabra, guacamole, cebolinha assada, tortillas e chirmol (um molho típico de parte da América Central feito com tomate, cebola e coentro), 64Q. Pedi um suco de laranja para acompanhar, 18Q. A conta com os 10% deu 91,19Q (11,76US$). Não achei a comida saborosa, mas o atendimento é muito bom.


O café guatemalteco é conhecido como um dos melhores do mundo (inclusive tem algumas opções de tour para plantações de café) e a cidade tem dezenas de cafeterias. Perto da Plaza Central decidi entrar no "Café Barista". Pedi um café, 18Q (2,32US$). O ambiente dessa cafeteria era parecido com a Starbucks. Acredito que seja uma rede, pois vi o café deles no supermercado. 

 

 

Entrei na Starbucks para ver a ousadia da empresa em se instalar em um local com ótimo café, mas o ambiente era lindo, por isso é muito procurada.


Quando retornei para o hotel fiquei quase uma hora conversando com uma funcionária, mas depois descobri que era a dona. Perguntei sobre o hábito de comer feijão no café da manhã, comentei que aqui no Brasil não é comum. Disse-me que poderia substituir.

 

2º DIA - ANTÍGUA 

 

Acordei cedo, tomei banho e segui para o café da manhã, que era servido em outro prédio (provavelmente já foi uma pousada). Veio um prato com frutas, panqueca, banana frita e ovos e pão. Perguntaram se queria café ou suco (artificial), e, claro, preferi café. Temos que celebrar o café da manhã brasileiro, pois não tem igual em nenhum lugar do mundo. 

 

 

Em seguida, decidi caminhar até o Cerro de La Cruz. Fui orientada a fazer o passeio antes do entardecer, pois é um dos lugares que tem furtos. Olhei o mapa e segui o caminho até a entrada - é uma subida de 30 minutos. A vida sedentária me fez admitir que não tenho condicionamento físico (e ainda teria o vulcão naquele dia). Do alto do morro da cruz é possível ver o enorme Vulcão da Água (Volcán de agua), mas também pude apreciar o Vulcão de Fogo em atividade. A cruz foi colocada em 1930. O lugar era bem movimentado, muitas pessoas se exercitando, vi policiais na saída.

 




Estive na Iglesia de La Merced, que tem uma arquitetura barroca toda pintada de amarelo com detalhes em branco. O arquiteto Juan de Dios começou o edifício em 1749.



Foi preciso pagar ingresso para entrar nas Ruínas de la Catedral, 20Q. A construção da primeira catedral de Antígua iniciou em 1545, mas ruiu em decorrência de um terremoto, sendo reconstruída posteriormente. Era a obra mais luxuosa e bela da região, sendo denominada Catedral Metropolitana. As ruínas ficam atrás da atual catedral. 


 


Encontrei um local com vários restaurantes coexistindo em um ambiente com um jardim central. Entrei e decidi pedir um hambúrguer e um suco de tamarindo no Streak House El cafetal (65Q). Em seguida voltei para o hotel para trocar de roupa e aguardar a van do tour para o vulcão.


Tinha uma ideia de preço médio do passeio para o Vulcão Pacaya (20 dólares) e no hotel me ofereceram por 135 quetzales (17 dólares). A cidade tem várias agências de turismo. É possível encontrar mais barato (me ofereceram por 100Q), mas também existem alternativas mais caras, incluindo pizza, entrada no parque. Os passeios para subir o vulcão saem habitualmente em dois horários, às 6h e às 14h. Optei pelo tour vespertino.  




 

A maioria das pessoas que visitam a Guatemala sobem o Vulcão Acatenango para ver o Vulcão del Fuego em atividade, mas é uma trilha pesada e íngreme, pois tem 3.976 metros de altitude. E o tour tem a duração de dois dias. Sabia que não faria esse passeio, pois não faço qualquer atividade física e vi alguns stories no Instagram de pessoas em profundo sofrimento. 

A Guatemala tem 37 vulcões, sendo que 3 ainda estão em atividade (Fuego, Pacaya e Santiaguito)! O Vulcão Pacaya também está ativo, contudo não entra em erupção desde 2021. A van me buscou no hotel e seguimos um percurso de 1 hora e, de repente, choveu. Não tinha capa de chuva e meu casaco não era à prova d´água, entretanto, quando chegamos no destino já tinha parado. É preciso pagar 100Q para entrar no Parque Nacional Volcán de Pacaya y Laguna de Calderas



 

O Vulcão Pacaya tem 2.500 metros de altitude. São 3,5 quilômetros para subir e 3,5 quilômetros para descer. Em geral, a subida de leva cerca de 1h30. Existem alguns moradores locais que oferecem cavalos (cerca de 250Q) para subir. Levei uma garrafa de 2 litros de água e um casaco na mochila, mas quase não bebo e fez peso em vão. 


A vida sedentária tornou minha subida um verdadeiro sofrimento. Pensei que morreria. Nos primeiros dez minutos já estava muito ofegante. Minha dificuldade era respiratória, não física, pois minhas pernas aguentariam caminhar por horas. Meu grupo era bem jovem, na faixa de 20 anos, logo, tinha o dobro da idade. Fiquei pra trás e cheguei muito depois. O guia, em diversos momentos, retornou para me dar apoio. E os donos dos cavalos insistiam para que seguisse com o auxílio dos equinos, que nunca seria uma opção. Naquele momento desisti de um sonho, que é fazer a trilha do Campo Base do Everest, pois não tenho condições! 


Quando cheguei no topo (não podemos ir até a cratera) tinha muita névoa (provavelmente porque o vulcão está ativo). O guia assou alguns mashmallows. O retorno é muito mais fácil, mas estava completamente escuro. Algumas pessoas levaram lanterna de cabeça e outras usaram a lanterna do celular. 

Várias ruas estavam fechadas - em razão do festival que iniciaria no dia seguinte - e nos deixaram no Parque Central (Plaza Mayor). Chegamos por volta das 20h. Decidi parar e ver a apresentação de uma banda, depois comprei apenas uma Coca-Cola, pois fiquei bem enjoada após a subida do vulcão (o hambúrguer do almoço tinha picles!). 


 

Perguntei o horário do check-out e, como era meio-dia, decidi que ficaria até o limite, pois o Festival de las Flores iniciaria às 8h. Por Whatsapp entrei em contato com a com a Itamati Travels (recomendo, pois a van é nova, tem ar-condicionado e a comunicação é excelente +502 3974 2484) e reservei a ida para Panajachel por 100Q - quem fez efetivamente a viagem foi a Magic Travels. Tendo em vista que as ruas estariam fechadas, não buscariam no hotel, seria necessário caminhar até a IGSS (consultórios médicos). 

 

 3º DIA - ANTÍGUA - PANAJACHEL 


Tomei café da manhã, dessa vez com feijão e nacho. Em seguida fui caminhar pela cidade e apreciar o Festival de las Flores.


Quetzal, o pássaro que é símbolo do país

Ao contrário dos dias anteriores, a cidade estava abarrotada de pessoas, muitos guatemaltecos vieram para comemorar a "eterna primavera" encontrada no país. Decoram balcões, fachadas, bicicletas, carros, ruas. Começaram há 6 anos com a festa das flores para homenagear o povo com cores e beleza. Antígua é conhecida como cidade das rosas perpétuas, alcunha dada pelo poeta Carlos Wyld Ospina. Estive na 7ª edição do festival de flores, que ocorre sempre na última semana de novembro. 

Um chicken bus (transporte popular) decorado


 





Naquele dia muitos restaurantes estavam fechados. Retornei no ambiente do dia anterior, que tem vários restaurantes. Pedi pupusa de loroco (uma verdura) e de champiñon (vem também com queijo) e uma bebida Rosa de Jamaica (hibisco) por apenas 25Q (3 dólares), na Yzote Kapé. Serviram com um repolho refogado e um molho de tomate.

 

Um pouco antes de meio-dia, caminhei para pegar minha bagagem e fazer o check-out. O ponto de embarque na van era próximo, cerca de 500 metros. Várias pessoas aguardavam diversos shuttles ali. O meu chegou apenas 13:30! Uma hora de atraso. E já estava desesperada para ir ao banheiro, mas não tinha próximo (as clínicas estavam abertas, mas o segurança disse que não poderia usar o banheiro). 

Fui ao lado do motorista (a primeira a entrar) e achei bem confortável - pedi se poderia parar em algum lugar para usar o banheiro. Em tese, leva 2h30. O motorista só parou quando um rapaz ficou desesperado e pediu para parar. Ainda buscou um grupo que demorou aparecer (estavam hospedados em um lugar super ermo). Inacreditavelmente, o asfalto era bom, contudo o caminho é muito sinuoso. Cheguei só por volta das 17h. E deixou no embarcadero que fica próximo do Hostel Selina! Tive que me localizar no mapa e caminhar até o hotel (ruas de pedras que dificulta muito para quem está com mala de rodinha).

Panajachel é a base para conhecer o Lago Atitlán, considerado um dos mais bonitos do mundo. Ao redor do lago encontramos 12 pueblos indígenas (etnia maya quiché). Algumas pessoas optam por ficar em um dos povoados, logo, chegam e já seguem de barco.


Para fazer menos deslocamentos, optei por ficar em Pana, como a cidade é carinhosamente chamada. Percebi que muitos hotéis só aceitam pagamento em espécie. Naquele sábado não encontrei muitas opções e reservei o Hotel Posada Don Miguel. No Booking a diária estava a metade do preço do Hoteis.com, mas só tinha disponibilidade de 2 dias. Poderia fazer separado nos dois sites, mas acabei reservando as 3 diárias no segundo site, optando por pagar antecipadamente e parcelando, assim não precisaria levar ou sacar dinheiro. Ficou em R$ 596,55, que é um valor caro para região, mas tem uma explicação: o quarto era triplo. Não tinha café da manhã (muitas pousadas não servem café). Disponibilizam uma cozinha equipada para quem quisesse preparar as refeições.


 

Li relatos que era muito difícil encontrar a hospedagem, portanto, assim que fiz a reserva mandei mensagem pedindo o mapa com a direção. Me enviaram rapidamente. E um dia antes também me encaminharam pelo Whatsapp. Ficava a uns 400 metros da rua principal, Santander. O caminho poderia assustar, pois são vielas que parecem com as encontradas em comunidades e tem um fluxo intenso de motos, mas achei bem tranquilo. 

Assim que cheguei entreguei o passaporte à atendente, que pediu o pagamento! Todavia, sempre que reservo no hoteis.com opto por pagar antecipadamente (prefiro) e tinha cobrado no cartão de crédito. Peguei o comprovante de pagamento. Ela ficou sem graça e disse que naquele dia duas pessoas fariam check-in e um ainda teria que pagar. 

O meu quarto, nº 10, ficava no segundo andar. Era um quarto grande com três camas, tinha circulador de ar, tv com Netflix, 3 garrafas de água. O lado negativo: a cortina translúcida e ficava diante da cozinha, logo, tinha barulho a qualquer momento, mesmo após 22 horas. Muito incômodo para dormir. Havia ainda um terraço com cadeiras para descansar.

Deixei minha bagagem no quarto e fui correndo para ver o Lago Atitlán, só que naquele horário estava tudo nublado e era impossível avistar os três vulcões que cercam o lago. A região tem essa característica, pela manhã é bem ensolarado e tem uma ótima visibilidade, mas por volta das 15h fica impossível ver a paisagem.



 


Caminhei na orla, depois segui pela feira de artesanato, que também tem frutas com pimenta, drinks, entre outros. Precisava comer e decidi procurar algo na rua principal. Quando passei na frente de um restaurante italiano acabei ficando por ali, pois o cheiro de pizza me atraiu: Restaurante Tuscani. Quando perguntei se aceitava Wise me informou sobre a taxa de 5%. Um pizza e um refrigerante ficou em 87Q (11 dólares).

 

Depois caminhei para o hotel (não tem supermercado no caminho) e lembrei que não teria nada para o café da manhã.


4º DIA - PANAJACHEL - CHICHICASTENANGO 


Coloquei o despertador, no entanto, tinha acordado cedo, pois tinha movimentação na cozinha. A hospedagem não oferecia café da manhã, Decidi sair por volta das 7h para comer algo, mas tive que voltar por dois motivos: coloquei short e  estava muito frio (13 graus), e ainda, minha lente de contato saiu. Comi apenas um biscoito e bebi água.

Contratei o transporte com a Itamati Travels +502 3974 2484 por 120Q ida e volta. A saída é às 8h e o retorno às 14h. Combinaram de me buscar na frente do Hotel dos mundos. O motorista parou no alto de uma montanha para tirarmos fotos do Lago Atitlán e depois seguimos. Chegamos em Chichicastenango por volta das 10h.

A feira de Chichi acontece em dois dias da semana: quintas-feiras e domingos. É bom se programar se quiser conhecer. O motorista deixa a van em um estacionamento e aguarda lá. Pede para que todos retornem às 13:45. Disse que é possível contratar guias locais. Tendo em vista o tamanho da feira, acredito que seja uma boa opção pra que estiver em grupo (divide o valor). 






 

Chichi é uma das maiores cidades da Guatemala e guarda muitas características das tradições maia. É o berço da etnia Quiché (maia). Foi um dos maiores centros comerciais da região. Neste lugar místico foi encontrado o livro Popol Vuh (é traduzido como "livro da comunidade", contendo um registro da população maia, produzido no século XVI). 

Chichicastenango tem um dos maiores mercados da América Central. É uma oportunidade imperdível para conhecer a cultura daquele país, mas é preciso estar preparado tendo em vista que o ambiente é caótico. 



 

Tirei foto do início da feira para conseguir me localizar posteriormente, mas foi em vão, pois me perdi inúmeras vezes. São muitas barracas coloridas, contendo de tudo, muito artesanato têxtil indígena, máscaras de madeira, flores, comida, animais vivos, frutas. 

Não consegui comprar nada, pois mesmo falando espanhol, acreditavam que eu era norte-americana e me davam valores absurdos. Quase no fim, encontrei duas chilenas que estavam na mesma van e pedi para uma delas perguntar o valor de uma bolsa. Tinha me dado o valor de 900Q (mais de 500 reais) e pra ela falou 200Q, aceitando negociação! A chilena retrucou "ela é sul-americana, o preço tem que ser mais atrativo".

 




 


Para não dizer que não comprei nada, adquiri uma alça que seria para minha câmera, mas depois vi que não será possível utilizá-la com essa função, talvez numa bolsa. Fiquei bem frustrada, pois acreditei que compraria uma lembrança para minha mãe, sobrinha e irmã (viajei com mala PP, logo, não tinha muito espaço).




 

É um dos lugares mais tradicionais do país, que conseguiu manter a autenticidade indígena e suas práticas religiosas, que pude conhecer na Iglesia de Santo Tomás. Há um visível sincretismo religioso, pois a cultura maia é mesclada com o catolicismo. Na escadaria se encontram vários vendedores de flores. O prédio foi erigido em 1540 como um exemplo de arquitetura colonial da época. Diante da igreja pude observar uma mulher ajoelhada com incenso, realizando um rito maia.

 



Estive ainda na Iglesia de La Capilla del Calvario del Señor. Também foi construída em 1540 diante da Iglesia de Santo Tomás e sobre restos arqueológicos de um templo pré-hispânico. 

Os cemitérios na Guatemala são sempre coloridos - perguntei a uma guatemalteca que me confirmou. É preciso caminhar uma colina para chegar no cemitério peculiar. Li que cada cor tem um significado conforme suas tradições. No retorno é preciso se esforçar pra subir a ladeira.




Entrei ainda no Centro Comercial Santo Tomás que é um mercado popular com produtos locais - os agricultores vendem sua produção. No segundo andar tinha lanchonete e algumas lojas.


 

Pensei que tiraria centenas de fotos, mas não contava com a superlotação (domingo). Caminhava com dificuldade. Deixei a câmera pendurada no pescoço e só tirava o celular da bolsa quando conseguia ter algum espaço. Muitas vezes era empurrada e tinha que seguir o fluxo. 

Por volta de meio-dia já estava desnorteada, pois não tinha tomado café. E descobri que não sabia como voltar. Cheguei a perguntar a localização para um policial que queria me levar até o início da feira, mas agradeci e disse que encontraria. Olhei as fotos que tirei no início e sabia que estava próximo. Vi um café e decidi sentar ali mesmo. Apesar do horário, pedi um café da manhã (aceitou o Wise), entretanto nem consegui tirar fotos, tamanha era a minha fome. Comi um café da manhã tradicional: ovo mexido, feijão, fruta, tortilla e café por 35Q (4,50 dólares). Não tinha outra mesa disponível no interior, mas as chilenas (filha e mãe) me convidaram para sentar com elas - bebiam smoothies.

Na sequência, segui com elas, assim não precisaria me preocupar com o caminho - elas tinham assinalado no google maps a garagem onde estava a van (peguei as coordenadas com elas). Deveria ter pensado nisso antes, mas costumo me localizar com facilidade, que não foi o caso.

Entramos num supermercado da região. Comprei café em pó pra minha irmã, e ainda, um petisco para o café da manhã.

No retorno para Panajachel, a van me deixou no mesmo local. O que não gostei em Pana é que não tem alternativas de entretenimento na parte da tarde. Simplesmente não tinha o que fazer além de caminhar no entorno do lago, que estava com a paisagem encoberta pela neblina. 

 

 5º DIA - PANAJACHEL - SAN JUAN E SAN PEDRO 

 

Não tinha me aprofundado na pesquisa sobre os pueblos que visitaria. Registrei no roteiro San Marcos, San Juan e San Pedro. Cada um dos doze pueblos maia (etnia quiché) que ficam no entorno do Lago Atitlán possuem uma característica específica. San Marcos é muito procurado por pessoas que querem praticar ioga e relaxar.

 

Os vilarejos são: San Pedro, San Marcos, Santa Cruz, Santa Catarina, San Lucas, San Pablo, Santiago, San Antonio, San Juan, Santa Clara, San José e Santa Lucia. Algumas pessoas mencionam que são nomes de apóstolos de Jesus Cristo, mas apenas alguns nomes se enquadram nessa categoria.

Existem barcos públicos e privados. No dia anterior tinha visto o local de partida do barco público para San Juan e San Pedro.


Para os demais povoados (ou dependendo do horário) tem que negociar com um barco privado. Não acredito que os valores sejam altos. Vi um barqueiro oferecendo para um casal a viagem por 50Q para cada com destino a San Marcos. E também é possível pegar tuk tuk entre os vilarejos, mas com valor negociado.

Durante a viagem vi no Instagram fotos de San Juan e achei interessante. O trecho do barco público para San Juan ou San Pedro custava 30Q. Paguei 75Q por Panajachel-San Juan-San Pedro-Panajachel. O rapaz que vendeu o tíquete mandou fotografar frente e verso do bilhete, pois se perdesse ainda poderia embarcar.

 

Esperaram o barco encher, mas foi relativamente rápido, pois tinha uma família enorme, que inclusive pediu fotos comigo (acho que em razão do cabelo encaracolado). No barco entrou um costa-riquenho e disse que ficaria em Santa Cruz (15 minutos), contudo não sabia que era uma opção tendo em vista que não tem a menção na placa.

A viagem até San Juan dura, aproximadamente, 1 hora. Saímos por volta das 8h30 e cheguei lá às 9h30. Os barcos partem a partir das 7h e retornam até às 16h.

San Juan La Laguna é um município que fica na margem do Lago Atitlán. Existem três aldeias na parte superior: Palestina, Panyebar e Pasajquim e é constituída por povos Tz'utujil e K'iche (quiché).

 




É reconhecido pelo artesanato e presença de muitas mulheres tecelãs. O que me chamou atenção foram as cores e a presença de vários murais. Ruas coloridas, decoração com guarda-chuvas, fitas, vasos. A rua principal, o Paseo de las artes, tem o chão colorido e é coberta por guarda-chuvas. 

 








No fim da rua principal fica a Igreja Católica com a fachada de pedra, que tem diversas confrarias. Entrei e assisti, por alguns minutos, a missa, que não tinha padre. Uma mulher falava no microfone e as outras ouviam, todas com tecidos típicos na cabeça.

 

 

Enquanto caminhava avistei uma escola, que tinha o pátio aberto. Tudo muito colorido com diversos murais. As crianças jogavam basquete. Entrei e sentei na plateia. De repente, um menino começou a conversar comigo. Ficou cada vez mais próximo, falou sobre os lugares mais bonitos da Guatemala. Tinha 8 anos. Quando soube que era brasileira, disse que sabia que falávamos português. Disse que sonhava em conhecer o Cristo Redentor! Fiquei ouvindo suas histórias por cerca de trinta minutos. Contou sobre a família, que tinha uma irmã de dois meses, falou a data de aniversário. Explicou-me que todos estavam reunidos naquele momento em razão uma comemoração cívica. Algumas turmas estavam com roupas típicas para tirar fotos e fazer vídeos. Me mostrou o diretor da escola, falei que ele era muito inteligente. Tirei foto dele. Contou-me que o pai tem um álbum com todas suas fotos e não teria essa. No fim, perguntou se eu poderia comprar uma canoa pra ele. Achei que era um brinquedo, contudo não, queria uma canoa de verdade! Explicou que se tivesse uma canoa poderia conhecer muitos lugares! Inesquecível.

Olha o meu amiguinho lindo!

 


Um dos atrativos turísticos é o Mirador  Kaqasiiwaan, um mirante colorido que permite ver o lago do alto. Ficava a 25 minutos caminhando ou poderia pegar um tuk tuk - ainda precisaria subir e pagar ingresso. Tendo em vista o calor que fazia, optei por não ir. Me arrependi, pois estava com alguma pressa para ter tempo de conhecer o próximo destino, no entanto não tinha nada interessante em San Pedro.

No meu retorno pelas ruas a cidade tinha ficado cheia de turistas. Muitos. Segui para o embarcadero rumo a San Pedro. Vi que é possível fazer o percurso de tuk tuk, que talvez seja mais barato para quem está em grupo. Esperei uns vinte minutos pelo barco. 

Só eu desci em San Pedro e achei que tinha algo estranho. Segui a rua principal e um motorista de tuk tuk educadamente me disse que teria que caminhar muito ou pagar um riquixá para conhecer os mirantes. 

Naquela região fica um dos três vulcões do lago, o Vulcão San Pedro, que é um passeio procurado. Também há uma trilha conhecida, que é o "nariz do índio" (Indian Nose/Rostro Maya).  



Há ainda escolas de espanhol. A Guatemala é um destino barato para aprender o idioma. Ouvi que muitos estrangeiros procuram o local para trabalharem remotamente. Não vi nenhum turista na rua enquanto caminhei, mas percebi que tem muitas construções e hotéis, ao contrário de San Juan. Existem cafés e restaurantes com vista para o lago - precisa de transporte pra ir e voltar.

Retornei para Pana, mas triste, poderia ter ficado mais tempo em San Juan. Decidi comer no maior restaurante da Calle Santander, Dona Ana Restaurante. Pedi um menu de almoço com frango frito, legumes cozidos, arroz, guacamole, nachos e tortillas, 50Q. Todas as refeições são acompanhadas por tortillas e costumam colocar a comida dentro. Veio ainda uma salsa picante (molho). Pedi um refrigerante 13Q. Com o serviço ficou 70Q. 

 

Naquele dia não tinha o que fazer além de caminhar pela orla do lago. Depois ainda pedi um calzone e uma Coca-Cola na Domino´s, 30Q, que é um lugar barato na região. Ainda tomei café e sorvete num fastfood local, Sarita.

 

 6º DIA - PANAJACHEL - ANTÍGUA 



Fechei o transporte novamente com a Itamati Travels +502 3974 2484 (quem fez efetivamente a viagem foi a Magic Travels), 100Q. Para ter noção da diferença de preços, na pousada me ofereceram o mesmo serviço por 250Q! Queriam que eu fosse até o hostel Selina, mas expliquei que estava com mala de rodinha (a maioria das pessoas leva mochilão para Pana, facilitando a viagem nos barcos). Sugeri que me buscasse no Hotel dos mundos (parece ser um bom hotel com piscina), que fica na rua principal. E concordou. Marquei o horário de 12h (tem 5h, 9h, 12h e 16h).

Meu objetivo era passar a manhã em Santa Cruz, pois lembrei que no dia anterior o barco chegou lá em 15 minutos. Acordei, tomei café e segui para o embarcadero, mas me falaram que o barco público poderia apenas me levar, porém pra voltar teria que combinar com algum barco por lá. Preferi não seguir viagem. Depois um barqueiro me disse que tem barco público que passa lá e fiquei sem entender como funciona. Acredito que Santa Cruz não tenha nenhum atrativo turístico, mas vi que tem hotéis com spa ou piscina, ofertando vista do lago.

 


Tinha deixado uma outra opção que seria Atitlán Nature Reserve. Fica próximo, mas precisa negociar um tuk tuk. A entrada é 80Q. Tem hotel, ponte suspensa, borboletário, zip line (pago), contudo achei que teria pouco tempo, pois deveria voltar às 11h.





Tomei café da manhã no mesmo restaurante do dia anterior (não estava muito bom). E voltei para o hotel para pegar minha bagagem. 

Admito que fiquei muito entediada em Panajachel. Também não sei como seria se tivesse me hospedado em algum pueblo. Não acho que hotel com piscina seja um diferencial, pois faz frio. Gosto de ter atividades para fazer. E partir das 14h, o principal atrativo fica encoberto por neblina. 

A van foi pontual e me buscou no horário combinado. Tinha um lugar para quem está só e foi uma viagem confortável. 

Faltando uns 10 minutos para chegar quase tive uma síncope. Costumo levar doleira, mas nessa viagem deixava sempre no hotel, pois estava pagando praticamente tudo com o Wise. Naquele dia, lembro de ter tirado a doleira da mala para vesti-la. Passei a mão e não estava com ela. Pensei que tinha olvidado o dinheiro todo lá. Comecei a cogitar tudo o que poderia fazer, se ligaria pra pousada, se voltaria naquele mesmo shuttle. Suei frio, pois nem poderia conferir a mala, que é levada no teto do automóvel.

Dessa vez me hospedei no Hotel Posada el Arcangel, 466Q duas diárias. Paguei com o Wise e teve taxa de 5%. A primeira atitude que tive foi abrir minha mala ainda no hall. E, o porta-dólar estava sobre as roupas. Naquele momento a minha alma retornou para o meu corpo.

 

Não recomendo o hotel. Na frente fica um café, depois uma loja e, por fim, a recepção do hotel. Fiquei no primeiro quarto. Janela com vidro translúcido e não consegui dormir nenhum dos dias. A cama era confortável, mas o banheiro quase me fez chorar: era um puxadinho dois níveis abaixo do quarto. Não tinha muito espaço para deixar meus badulaques. E tinha chuveiro elétrico Lorenzetti! Tantas coisas para importar do Brasil e logo isso? Praticamente não esquentava. Um horror. Morei em casa muitos anos e chuveiro elétrico causa sofrimento em época de frio. Em Antígua faz frio pela manhã e no anoitecer. Outro ponto negativo é que ouvi barulho de bichos: galinha, porco (não sei onde ficavam), mas o pior vi e ouvi pombos. Agora tem um lado positivo: havia uma sala com água quente e fria. Café e chá disponíveis.

Entrei, deitei um pouco. Decidi caminhar até o Mercado de Artesanías (mercado de artesanato). Ao lado tem um grande mercado popular (parece a Uruguaiana no Rio). Já estava tarde, pois cheguei após 17h e fechava às 18h, mas percebi que o artesanato era muito mais barato que em Chichicastenango, pois eles aceitam negociar. Naquele dia comprei apenas uma bolsa de tecido (adoro) por 60Q.

 


 

Percebi que tinha um grande supermercado na calçada do hotel. Deixei a bolsa e retornei para o La Bodegona. É um bom mercado, pois tem tudo, inclusive itens para casa. Fiquei ali por duas horas. Acho uma ótima oportunidade para aprender sobre a cultura do local. Adoro algumas palavras em espanhol, como chicharón (torresmo) e também sempre aprendo algo que não conheço. Comprei amora, bala, chocolate, maçã, banana chips, 49Q. Não podia comprar nada líquido para trazer, pois estava apenas com bagagem de mão.




 7º DIA - ANTÍGUA 

O café da manhã era super simples: panqueca, frutas e café. Sinto falta de tomar um bom café da manhã de hotel quando viajo.

Aqui confesso que precisava ter me programado melhor. É claro que com apenas uma semana para organizar um roteiro não conseguiria acertar em todos os elementos. No meu retorno a Antígua pretendia visitar o sítio arqueológico de Copán, em Honduras. Queria um tour de um dia, mas só encontrei de 2  dias (valores a partir de 150 dólares). Como já tinha reservado a hospedagem, deixei essa visita para outra oportunidade. Em tese, fica a 5 horas de Antígua, podendo demorar mais em decorrência da verificação na imigração por via terrestre.

Outro destino que deixei de visitar, e talvez seja o mais bonito da Guatemala, é Semuc Champey. É um rio com água  esverdeada, contudo, fica em um lugar distante de tudo. Saindo de Pana seria umas dez horas de van. Tenho hérnia de disco e bexiga hiperativa, portanto, percebi que seria um sofrimento e risquei da lista.

Teria que encontrar algo para fazer na cidade - me hospedei em Antígua nos dois primeiros dias de viagem. Decidi visitar Hobbitenango. Perguntei via Whatsapp o horário que saia o transporte de Antígua. Me responderam que tinha saída 8h, 10h, 12h e 14h. O retorno é às 9h, 11h, 13h, 15h e 17h. Na pousada me cobraram 100Q só ida! Tinha visto no Uber, mas o valor excedia o transporte oficial, e, ainda, muitos relatam que não conseguem Uber para voltar.

 


 

O escritório fica na 3a Avenida Norte #20A. Cheguei lá e paguei 95Q, 50Q pela entrada e 45Q pelo transporte de ida e de volta (só aceitam dinheiro em espécie). Perguntou o horário que retornaria. Como iria às 10h, optei por voltar 13h. Muitas pessoas vão para passar o dia. Naquele dia o tempo fechou e ficou frio de repente - só tinha um casaco fino na bolsa.





Hobbitenango é um parque temático localizado a 20 minutos de Antígua, em Vuelta Grande. Abriu suas portas em 2015 e emprega jovens locais. Tem pousada, restaurantes, cafés, além de atividades. Em um dia com sol deve ser incrível, pois permite avistar os vulcões, mas naquele dia ficou muito nublado, fez frio e chuviscou. Uma mexicana viajante, de 20 anos, que caminhava comigo até antecipou o retorno para o mesmo horário que o meu - perdemos o prazer em vagar com tanto frio. Ela ainda me salvou, tendo em vista que meu celular simplesmente apagou. No retorno abriu o Google maps, localizou minha pousada e me deu as coordenadas para voltar, pois não lembrava.  





Na frente da minha pousada tinha um restaurante grego e amo comida grega. Claro que deveria ter provado a culinária local, como o Pepián (é um ensopado). O restaurante se chama Santo Gyro. A garçonete Paola me apresentou os dois andares do local (a decoração era belíssima). Sentei e pedi um pita gyros de porco e uma taça de vinho branco, 88Q. 

 



 

Em seguida, caminhei até o MUNAG - Museo Nacional de Arte da Guatemala. O museu fica na Plaza Mayor/Parque Central. A entrada é gratuita. Precisei apenas mostrar um documento. Serviu a cópia do passaporte que deixo na carteira (costumo deixar o passaporte no hotel). 








Sempre fico muito curiosida em relação à arte realizada em países que não estão na Europa, pois a História da Arte fez um recorte e mostrou com mais entusiasmo a arte por um viés eurocêntrico. O museu fica no Real Palacio de los Capitanes Generales, que foi sede do governo em 1776. 

Fiquei por horas e queria ter voltado no dia seguinte. Existem 22 salas com arte contemporânea, moderna, republicana, colonial, pré-hispânica, ainda tem uma galeria comercial. 





 

Não conhecia os artistas guatemaltecos, logo, foi o meu primeiro contato, que me deixou atenta aos detalhes. Algo me chamou atenção de imediato: a descrição das obras estavam em três idiomas: espanhol, inglês e kaqchiquel. Caminhei até uma monitora e perguntei. Me disse que o Caqchiquel é um idioma de origem maia, que ainda é falado em Solalá, região do Lago Atitlán. É notável que respeitem e preservem o idioma do povo originário. 

Tem um enorme pátio com peças pré-hispânicas. De repente, uma arte educadora veio me buscar para que eu conhecesse a exposição de presépios. Caminhei por várias salas e não sabia como voltar, tive que pedir ajuda pra sair do labirinto. 

Achei interessante que existem alguns pontos de leitura, com livros disponíveis, sem precisar passar pela burocracia de uma biblioteca.


 

Passei ainda na lojinha (amo loja de museus) e comprei 2 lápis. E segui até a galeria comercial, que apresentava trabalhos do artista Valenz.




 8º DIA - ANTÍGUA - CIDADE DA GUATEMALA 


Fiquei muito indecisa sobre o horário do transfer, pois, em princípio, queria chegar cedo na Cidade da Guatemala para visitar o museu arqueológico, mas muitas pessoas me desaconselharam, em razão da capital ser violenta. A Itamati Travels só tinha os seguintes horários 4h, 9h, 12:30 e 18:30. E só poderiam me deixar na pousada no primeiro e no último horário, nos demais deveria ficar no aeroporto.

Preferia um horário alternativo. Optei por um contato que encontrei na internet que cobrava 15 dólares ou 120Q, pois tinha saída às 15h (+502 4656 6919). Acredito que seja apenas um intermediário - a agência era Chisubin Travel (+502 46566919) e cobra 100Q. 

Ainda teria metade de um dia em Antígua e não tinha ideia do que faria. Primeiro fui à farmácia para sacar 1.000Q no caixa ATM da 5B - naquele estabelecimento havia um segurança ao lado da máquina, pois pagaria a próxima hospedagem em dinheiro e ainda tinha o shuttle. Passei novamente no supermercado para comprar frutas para levar - li que a hospedagem na Cidade da Guatemala não tinha restaurante próximo.

Caminhei pelo Mercado Central, que ainda não tinha visto. E novamente passei no Mercado de Artesanías (mercado de artesanato). Dessa vez comprei duas bolsas de tecido por 100Q. 


 

Passei na Casa del Turista e fui muito bem atendida pelo Rony, que me deu mapas e falou sobre a cidade. A Guatemala tem o INGUAT, que é o Instituto Guatemalteco de Turismo. Comentei que gostaria de visitar museus e me indicou o Centro Cultural Santo Tomás de Aquino. A entrada custa 40Q para turistas.


O local também é conhecido como Colegio Mayor Tomás de Aquino. Na bilheteria me informaram que ali encontraria vários museus. Tem Museu de Artes e Antesanias Populares, Museu Vical (arte pré-colombiana e vidro), Capilla del Rosario, Museu Colonial, Museu de la Platería (prataria), Museu Arqueológico, Museu da Farmácia, La casa del barro y de la cera (é uma loja), tem algumas galerias que não identifiquei o nome, Convento y Iglesia de Santo Domingo, e ainda, o Hotel Casa Santo Domingo. São tantas salas que terminei um pouco atordoada. 












Tinha passado das 14h e retornei para o hotel, mas tinha que comer, então entrei novamente no restaurante Santo Gyro. Dessa vez pedi uma pizza vegetariana e um suco de laranja (notei que nenhum suco servido na Guatemala é natural, sempre é artificial). Pedi se poderiam acelerar o serviço (só tinha mais uma pessoa no local), pois a van me buscaria às 15h, e ainda teria que ir buscar a bagagem. A pizza estava boa - não pude saboreá-la, pois faltava 15 minutos para meu horários.

Não achei a van tão confortável quanto as da Itamati. Um fato curioso é que todas as mulheres no carro se chamavam Danielle. Esse motorista se fez de desentendido quando pedi pra me deixar no hotel, mas, no fim, me deixou. Escolhi uma hospedagem perto do aeroporto, pois sairia de madrugada.

Fiquei na Mariana's Petit Hotel, que é uma casa que se tornou pousada, inclusive a dona mora no local. Paguei 472,12Q por duas diárias. Tem café da manhã - só tomaria um dia. Estavam fazendo decoração de Natal, logo, me colocou no quarto do terceiro andar, que tem uma varanda. 

Li no Booking que o hotel oferecia transfer gratuitamente de e para o aeroporto entre 7h e 22h (em outro horário cobrariam 3 dólares), mas não me cobraram qualquer valor (usei três vezes).  Mostrei a reserva do meu voo, ela anotou o número. Disse que precisaria de transporte às 4 da manhã. Me mostrou como abrir as portas, pois o carro me esperaria do lado de fora. 


Percebi que a região era muito tranquila (a casa ficava em um condomínio). Comentei que queria ter chegado cedo para visitar o museu de antropologia, no entanto me desaconselharam. Disse que poderia ir ao museu andando, pois estava a 2km da casa ou poderia pegar um Uber. Enfatizou que é muito calmo naquela região, pois nenhum hóspede teve qualquer problema.

Da varanda do quarto via os aviões no pátio do aeroporto - realmente muito perto. Tomei banho, esvaziei a mochila e coloquei o que levaria no dia seguinte (coloquei um short e uma camiseta, se sentisse muito calor), levei um casaco para usar no avião, peguei a carteira e o passaporte. Deixei separada a roupa que usaria. Comi minhas frutas e deitei, mas não tive uma boa noite de sono: estava com medo de perder o horário, depois pensei se o motorista não aparecesse. 

 

 9º DIA - CIDADE DA GUATEMALA - FLORES - TIKAL 

 

Acordei antes das 3 horas, tomei banho, coloquei a roupa.  Tive que deixar a luz do quarto acessa, pois quase derrapei da escada caracol. Fui tateando as paredes para achar os interruptores, ligava um desligava o outro. Cheguei na sala e esperei dar 4h da manhã. Ouvi uma buzina e saí, mas disse pro motorista aguardar pra fechar a casa.

Desejava conhecer Tikal, mas o percurso de ônibus dura 9 horas (pode chegar a 12 horas, segundo relatos). Tem um ônibus noturno que sai da capital, sendo a forma mais econômica. Existe a opção de van ou ônibus privado, saindo de Antígua ou Pana. O melhor custo-benefício é voar com a Avianca, mas minha viagem estava muito próxima. Mesmo assim, encontrei cada trecho por R$280,00 sem bagagem (com bagagem o valor quase triplicava). O problema é que atualmente a companhia aérea voa apenas uma vez por dia (antes da pandemia tinha dois horários), portanto, obrigatoriamente teria que ficar um dia hospedada em Flores. E sem bagagem precisaria deixar a bagagem em algum lugar (não tem o serviço no aeroporto).

Faltando dois dias para viajar, decidi fechar com a agência TIKAL GO. O valor foi muito alto e acho que não vale (embora tenha somado no excel separadamente passagem aérea com bagagem, transporte, hotel, refeição e o valor ficava alto também), 285 dólares. O pacote incluía: voo com bagagem, transporte, guia, entrada de Tikal e almoço. 

Assim que fiz o pagamento com o cartão de crédito (estava em contato com a agência no Whatsapp), imediatamente recebi o ticket do voo no e-mail. Informam que o serviço deles inicia apenas em Flores, logo, na Cidade da Guatemala a pessoa deve fazer o próprio check-in.

O Aeropuerto La Aurora, que estava superlotado naquele horário, segui para realizar o check-in na TAG Airlines. Me deram o bilhete e segui para a fila de checagem de segurança, que estava enorme. Apenas próximo da entrada internacional percebi que tinha uma outra entrada para os voos nacionais. Mesmo com direito a bagagem, não levei. Observei que a aeronave é pequena e mesmo a bagagem de mão é despachada.

 

Cheguei no Aeropuerto Internacional Mundo Maya às 6:45 e o guia estava aguardando, na saída, com uma placa com os nomes das pessoas que estariam no tour compartilhado (privado é mais caro). Os demais integrantes do grupo demoraram muito para aparecer (quase uma hora). E percebi como seria complicado seguir um ritmo, em decorrência das características diversas: um grupo de cinco crianças, idosos com mais de oitenta anos. Depois de algum tempo esperei dentro da van, que era muito moderna, nunca tinha visto igual. Inclusive tinha carregador de celular com entrada tipo-C. 


O caminho de Flores até Tikal é de 1 hora de carro, pois são 60 km, mas pararia no caminho para tomarmos café. Tinha tomado uma grapete no voo (o refrigerante é bem comum) e estava alucinada de vontade de ir ao banheiro. Do meu lado sentou um rapaz, que puxou assunto. Perguntei a origem dele, pois percebi características indianas. Disse-me que os pais eram indianos. Era funcionário da Meta. Me mostrou a vista do apartamento dele para o Central Park (pedi pra ver) e ficamos conversando. 

Após a esperada ida ao toalete, sentamos para tomar o café da manhã tradicional (ovos mexidos, queijo, banana, tortilla e café), 45Q. A família com crianças demorou uma eternidade (passeio em grupo é dificílimo). O guia novamente parou em uma loja, informando que compraria as entradas de Tikal (não podem comprar antes?). E ficamos por lá mais uns 30 minutos.


 

Chegamos na entrada do Parque Tikal apenas às 10:30h, 1h15 além do que é indicado no roteiro.

Tikal foi declarado patrimônio mundial da humanidade, pela Unesco, em 1979. É um dos poucos lugares com a classificação híbrida de patrimônio natural e cultural, em razão da biodiversidade e importância arqueológica. 



 

O parque ocupa uma área de 576 quilômetros quadrados e protege uma grande variedade de fauna e flora, bem como incontáveis vestígios da civilização Maya. 

No que diz respeito ao sítio arqueológico, houve o mapeamento de 16 km2, encontrando 4.000 estruturas. As primeiras ocupações remontam a 800 a.C., já as últimas construções datam de 900 d.C. Os 1.500 anos consecutivos de ocupação deram aos Mayas um grande desenvolvimento artístico, cultural, urbanístico, arquitetônico, astronômico, comercial, matemático e agrícola. 







Fazia um calor intenso, mas o guia disse que no verão as temperaturas são insuportáveis. Quase não bebo água, contudo assim que avistei um vendedor comprei uma garrafa e bebi inteira. O rapaz que caminhava comigo estava todo ensopado e queria saber onde comprar uma nova camisa. Existe um caminhão que pega algumas pessoas no início do parque e percorre 2 km, deixando próximo das construções. Apenas algumas pessoas do nosso grupo conseguiram acessar o automóvel (o parque estava lotado), a gente caminhou.

O templo mais importante estava fechado para colocação de passarelas (comentam que é a pirâmide que aparece no filme Star Wars: Episódio IV). Muitas estruturas são adaptadas com escadas de madeira - para que o acesso não deteriore as construções.





Sobre os animais, só avistamos quatis e um falcão. É mais provável ter contato com a fauna no tour que sai às 4h da manhã e caminha no parque ainda totalmente escuro.

Mapa do INGUAT

As estruturas mais importantes são:

Gran Plaza: o epicentro de todo o sítio com um incrível conjunto arquitetônico.

Plaza de la Gran Pirámide o mundo perdido: fica a 300 metros da Gran Plaza e tem o edifício mais antigo de Tikal, chamado Gran Pirámide. Tem 35 metros de altura.

Plaza de los siete templos: tem uma série de edifícios cerimoniais do período clássico tardio. 

Plaza Este: tem a estrutura de um mercado e um jogo de bola.

Plaza Oeste: alguns edifícios restaurados, mas em muitas estelas e com altares lisos.

 

Os templos mais importantes são:

Templo I: Templo del Grand jaguar com 45 metros de altura. Construído em 700 d.C. pelo governante Jasaw Chan K´awil I.

Templo II: Templo das las máscaras com 38 metros de altura. Construído em 700 d.C. pelo governante Jasaw Chan K´awil I.

Templo III: Templo del Gran Sacerdote com 60 metros de altura. Construído em 810 d.C.

Templo IV: Templo de la Serpiente bicéfala com 65 metros de altura, sendo a estrutura mais alta de Tikal. Construído em 740 d.C. por Yik´in Chan K´awili. Aqui o visitante pode subir e ter uma  inesquecível.

Templo V: tem 57 metros de altura e foi construído entre 550-650 d.C.

Templo VI: Templo de las Inscripiciones que foi construído em 766 d.C.


As Acrópolis são:

Existem 3 grupos de edifícios que são denominados "acrópolis".

Acrópolis del norte: tem diversas estruturas com características cerimoniais.

Acrópolis central: tem estruturas residenciais e administrativas.

Acrópolis del sur: essa zona ainda não foi investigada.


Tikal está localizado na província de Petén, no norte da Guatemala, região florestal que se estende até Belize e México. Cinco felinos podem ser encontrados, como o jaguar e o puma, além de macacos, tamanduás e trezentas espécies de pássaros (não vi um único pássaro além de um falcão), mas talvez fujam dos espaços mais movimentados. 

É possível caminhar por Tikal por conta própria, mas é preciso cuidado para não se perder. O guia contou sobre um turista que se hospedou perto (existem hotéis na entrada do parque) e decidiu caminhar bem cedo e nunca voltou. Nenhum corpo foi encontrado, então, acreditam que tenha sido devorado por crocodilos em um dos lagos. Recentemente, uma família francesa também ficou perdida por alguns dias.

Tikal é um dos mais importantes complexos deixados pela civilização Maia (existem sítios arqueológicos maia também no México, Belize, El Salvador e Honduras), por isso é conhecido como "coração do mundo maia". Muitos dos monumentos existentes ainda preservam superfícies decoradas, esculturas em pedras, pinturas murais com inscrições hieroglíficas, que ilustram a história dinástica da cidade, mas também a relação com centros urbanos distantes, como Teotihuacan, no México.

Por volta das 14h seguimos para o restaurante "El meson", que fica no parque. Assim que chegamos uma garçonete havia anotado o prato principal que cada um gostaria. Pedi frango, pois acho que não tem erro. Serviram uma entrada (feijão com nachos), para beber pedi Coca-Cola, a comida chegou com tortillas, o frango estava muito bom. Por fim, foi servido café acompanhado por um pedaço de bolo de banana.


 

Gostaria de ter visitado Tikal de forma independente, pois acredito que teria visto mais estruturas, porque o guia só nos levou nos atrativos mais centrais, além de ficarmos pouco tempo. E ainda, mencionei que preferia a visita em espanhol, entretanto só falou em inglês (acredito que a empresa busque clientes dos EUA, eu era uma exceção). Sempre perguntava em espanhol, para lembrá-lo da minha preferência. 





 

Percorremos 60 km até a cidade de Flores. Nos deixaram na ilha de Flores e disseram que nos levaria até o aeroporto às 17h. Aqui destaco a amabilidade do povo na Guatemala. Desci da van desesperada e entrei no primeiro restaurante, objetivando ir ao banheiro. Pensei que negariam, como provavelmente ocorreria em qualquer local turístico, porém disseram para eu seguir em frente - com um sorriso no rosto! Comentei com o meu companheiro nova-iorquino que no Rio não deixariam e ele respondeu "em NYC muito menos".

Nosso voo partiria apenas às 20:30, então decidimos que voltaríamos sozinhos, para aproveitar melhor Flores. A ilha é minúscula, mas muito turística. Tem muitas pousadas e cafés. Restaurantes na beira do rio. 


 

Suman sugeriu que tomássemos um café. Viu a classificação e escolheu o "Delirio", um café muito charmoso e bem decorado - pertence ao hotel mais bonitinho da região. Pedi um café e um cinnamon roll, 24Q. Tudo parecia bem apetitoso. 



 

Caminhamos novamente até a margem do rio e sentamos para ver a movimentação das pessoas. Um grupo de mulheres locais pediu foto comigo. Depois caminhamos porque o colega de viagem queria trocar dinheiro, mas nenhum lugar aceitou fazer câmbio, nem um hotel grande de rede. Então sacou alguns quetzales na única máquina ATM do local (fica dentro de uma agência de turismo).






 





Vimos o pôr do sol, depois seguimos para fazer um lanche no restaurante La Chaya, antes de voltarmos para o aeroporto. Comemos nachos com três acompanhamentos. Suman disse que pagaria, pois voltaria para NYC naquele mesmo dia e não precisa de quetzal. 



Perguntamos ao guia sobre o valor que seria cobrado pelo tuk tuk de Flores para o aeroporto, disse que 20Q por pessoa - durante o dia é 10Q. O garçom comentou que o táxi cobraria o mesmo valor, só que não achamos táxi e tampouco aparecia tuk tuk. Após às 19h, conseguimos um tuk tuk que queria 30 de cada, mas negociei e ficou por 20Q mesmo. Ainda não tinha usado essa modalidade de transporte!

Queria muito ter visitado Belize, que fica a 2 horas de Flores, mas tive um impasse, porque não consegui encontrar um voo que chegasse ou saísse de lá (queria chegar por um país e sair por outro). A Copa Airlines só faz um voo semanal pra lá. A melhor opção é voar American Airlines (o valor é bem elevado). A maioria das pessoas seguem por via terrestre de shuttle compartilhado e depois pegam barco até uma das ilhas. Belize também é um destino mais caro, inclusive hospedagem. Deixei para uma outra oportunidade - com dor no coração. Conheci duas brasileiras em Panajachel que viajaram de AA para conhecer Guatemala e Belize.

No aeroporto ainda não tinha aberto o check-in e, de repente, caiu uma chuva torrencial que resultou em 1 hora de atraso. A chegada estava prevista para 21:30, mas foi alterada para 22:30. Mandei uma mensagem via Whatsapp para a minha hospedagem, informando sobre o atraso (tinha pedido transfer). Me informou para aguardar no Baretto Café e avisar sobre a minha chegada.

Todos receberam um guarda-chuva para chegar na aeronave. Sentei ao lado de uma senhora francesa  de 75 anos (tinha um grupo enorme de 30 pessoas viajando juntas) e nossa conversa foi hilária. Não tinha a possibilidade de usar google tradutor durante o voo. Consigo compreender algumas palavras em francês, mas não falo. Contou-me que vive em Angers, mostrou fotos da família, marido e netos. Depois o sítio que vive e sua produção de cerejas, pêssegos, amoras, que se transformam em compotas e doces que os netos adoram. Todos são usuários de bicicletas. Contou que conhece muitos países, pois se voluntariava para dar aula de francês e ficava semanas, recebendo apenas a hospedagem e as refeições. Assim conheceu Cuba, Haiti, Uganda, entre outros destinos! Ela não tinha redes sociais (me mostrou o celular, mas não vi nenhum app conhecido), portanto, não tive como manter contato. Disse-me que sou muito simpática e que adorou "conversar" comigo. A colega atrás estava rindo dela.

Após chegarmos do lado de fora do aeroporto, abracei Suman e agradeci pela companhia. Um rapaz de 25 anos educadíssimo. Disse que pode me procurar se vier ao Rio. Ele disse o mesmo caso eu volte a NYC. No Café Baretto mandei mensagem para a hospedagem com o intuito de avisar que tinha chegado. Logo apareceu um senhor com uma placa com meu nome - ainda precisava aguardar outra passageira. Me levou para aguardar dentro do carro.


 10º DIA - CIDADE DA GUATEMALA - RIO DE JANEIRO


Não levantei tão cedo, tendo em vista que viajaria o dia inteiro. Tomei o café da manhã tradicional (ovo, pão, café, banana frita), depois arrumei minha bagagem, pois o check-out era 11h, mas poderia deixar a bagagem e aguardar na sala. Novamente pensei em visitar o museu arqueológico, só que no google havia uma informação lastimável: fechavam para o almoço de 12h às 13h. E, novamente, desisti.

A pousada estava barulhenta com alguns consertos, então, preferi seguir para o aeroporto. A dona me levou e cheguei em 2 minutos. Fiquei aguardando na Sala Vip Casa del Ron - meu voo sairia apenas às 16:43h!!! 

Sentei ao lado de duas guatemaltecas que estavam indo passar férias na Europa. Conversamos. Comecei me sentir mal, acredito que algo que bebi ou comi na sala vip. Cheguei no Panamá e, para minha ingrata surpresa, o voo para o Rio estava com 3 horas de atraso! Sairia apenas meia-noite e quarenta! Entrei na fila para falar com o funcionário, pois estava muito enjoada e queria deitar, todavia não cedeu acesso à sala vip, consegui apenas um voucher de 15 dólares. E ele mudou o meu lugar para o corredor - disse que provavelmente poderia vomitar. Nem comer queria. Deitei no chão do aeroporto, na parte antiga que ainda tem carpete. Mesmo sem apetite, peguei uma maçã, um smoothie de mamão, uma Coca-Cola e um copo com uvas para usar o voucher (tudo foi embora, pois não consegui segurar).

O avião estava lotado, mas, para minha alegria, a minha fileira não tinha ninguém (o atendente me viu deitada no chão, deve ter liberado os assentos) e deitei antes mesmo de decolar. Pela primeira vez não quis o café da manhã, só torcia para chegar em casa o mais rápido possível. 

Minhas considerações sobre a Guatemala são as melhores. Sobre segurança, não me senti vulnerável em nenhuma oportunidade, mesmo viajando sozinha. Usei câmera e celular sem preocupação. Caminhei à noite sem qualquer problema. Falaram que é um país machista (os homens recebem salários maiores que as mulheres), entretanto não me senti desrespeitada em qualquer momento. E devem se orgulhar pela população, que é amabilíssima! Percebemos em alguns destinos que as pessoas se tornam hostis com o turista, mas os guatemaltecos conseguiram se manter gentis e atenciosos. Nunca me esquecerei das pessoas que cruzaram o meu caminho. 

Para quem gosta de praia, a Guatemala tem El paredón, do lado do Pacífico. É um destino muito conhecido e fica próximo de Antígua com boa disponibilidade de shuttles. Tem ainda praias do lado do Atlântico, mas o mar não tem a coloração do Caribe. E os apreciadores de sítios arqueológicos, além de Tikal, podem conhecer El mirador, Iximche, Tak´alik Ab´aj, Yaxhá.

Existe um documentário na Netflix que possibilita conhecer melhor a cultura guatemalteca: Guatemala - coração do mundo Maia (link).


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