Paraty e Trindade

Na primeira semana de férias, além da frustração, pois o pandemia permanece dificultando a viagem ao exterior, choveu sem parar. Pesquisei passagem para Manaus, mas passava dos 2 mil reais, tampouco encontrava com milhas. A única solução seria um destino próximo que pudesse chegar de ônibus. Decidi visitar Paraty.
 

Saindo da Rodoviária Novo Rio tem ônibus da Costa Verde. Tentei comprar a passagem por dois dias no site oficial com o cartão de crédito, mas o banco cancelava. Era a melhor opção, pois não tinha taxa de emissão. Por fim, no dia anterior instalei o app Clickbus e comprei a passagem: R$81,86 a ida e R$75,90 a volta, além de R$28,40  de taxa de serviço. No ano anterior usei o mesmo aplicativo e a passagem virtual já aparecia em arquivo pdf, mas no caso da Costa Verde precisa retirar a passagem no guichê.

Peguei a mochila (que comprei para a viagem ao Jalapão) coloquei umas peças de roupa aleatoriamente. Reservei uma pousada no booking, mas não aceitou o pagamento do cartão de crédito (talvez porque tenha usado o cartão virtual). Mandei uma mensagem que chegaria na manhã do dia seguinte e pagaria no local.

 

Pesquisei alguma agência, pois gostaria de fazer dois passeios. Tinha visto um elogio num post antigo de blog sobre a Eyà Paraty, portanto, procurei pela empresa, mas assumo que achei estranho que, embora tenha esse nome no tripadvisor, no site e app mudaram o nome para "Visite Paraty". Pelo app tive acesso ao Whatsapp e fiz contato no dia 23/11, onde pediram pix para efetuar a reserva, mas, como não tenho cadastro, perguntei onde ficava a sede da agência, pois iria pessoalmente fazer o pagamento, mas responderam que não tem loja física. Agendei 2 passeios. Dia 24/11 "Cachoeiras e alambiques" e dia 25/11 "Trindade" (nesse dia a empresa não apareceu, como contarei adiante). 

Escolhi o ônibus com o horário de 7h, logo, chamei o uber às 6h. Já na rodoviária me dirigi para o guichê da Costa Verde no primeiro andar, que estava vazio e pude pegar os bilhetes de ida e volta.


O trajeto da rodoviária Novo Rio até Paraty tem a previsão de de 5 horas, mas levou 6 horas, pois o ônibus fez inúmeras paradas, principalmente após a chegada na região da Costa Verde. Cheguei na rodoviária de Paraty por volta das 13h. Já tinha olhado o percurso que faria caminhando até a pousada no google maps (900 metros).

Escolhi a Pousada Aroeira, em razão da proximidade com o centro histórico (cerca de 200 metros), mas principalmente porque tinha um bom custo-benefício: R$148,00 a diária. Tinha ar-condicionado, wi-fi, café da manhã, piscina. Cabe destacar que os funcionários são muito educados.

No caminho para a pousada vi um restaurante self-service que aceitava meu cartão de refeição. Muitas pessoas aproveitam a cidade para turismo gastronômico, já que tem excelentes restaurantes, mas preferi gastar pouco. Almocei todos os dias no Restaurante Amarelinho e minha refeição custou pouco.

Passei na pousada, peguei a câmera e segui para explorar o Centro Histórico. Estive em Paraty há muitos anos, mas fui apenas para um passeio de barco com duração de dois dias, mas não conheci a cidade. Fazia muito calor e a parte turística estava praticamente deserta. Segui até o porto, onde me ofereceram passeio de 1h por R$70,00. Andei por horas apreciando a arquitetura colonial da cidade, tomei sorvete e, no caminho, conheci um professor de arquitetura que realizava suas pesquisas. 


Decidi fazer o Free walking tour que tem como ponto de encontro a Igreja da Matriz em dois horários, 10:30 e 17:00 (fiz no horário vespertino), todos os dias da semana (exceto quarta-feira). Nessa modalidade o tour não é exatamente grátis, pois cada um dá uma quantia que achar apropriado. O guia foi um argentino que mora há muitos anos na região, Harry. 


Paraty (juntamente com Ilha Grande) é considerada patrimônio mundial da humanidade pela Unesco, em razão da cultura e biodiversidade. É uma das cidades litorâneas mais preservadas do país, que no fim do século 17 era o término do Caminho do Ouro, onde embarcavam o metal para a Europa. O porto era porta de entrada de ferramentas e dos africanos escravizados trazidos para trabalhar nas minas. 

O primeiro tombamento de Paraty pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) ocorreu em 1958, em razão do preservado conjunto arquitetônico colonial (séculos 18 e 19). 

 

O ponto de encontro do tour é a Praça da Matriz, onde está localizada a Igreja da Matriz de Nossa Senhora dos Remédios (construída em 1646 em local próximo e reconstruída em 1787). O local era o centro cívico, circundado pelos prédios públicos e igrejas. Era o único ponto arborizado da cidade. Iniciamos observando os detalhes arquitetônicos presentes nas fachadas das construções, como a Casa Hilda Hilst. Pudemos observar abacaxis de vidro na decoração (símbolo de riqueza), bem como curiosos elementos.

Ficava curiosa com as fotos das ruas alagadas no centro histórico. Acreditava que a aparência era decorrente de chuvas, mas na verdade é a água do mar que entra quando a maré está cheia (não estava durante a minha visita). A função era lavar as ruas.

 

Passamos pela Igreja Santa Rita de Cássia, construída em 1722, destinadas aos pardos libertos - é também o Museu de Arte Sacra (todas as vezes que tentei visitar estava fechado) e fica diante do mar. Praticamente ao lado fica o Sesc Paraty, mas estava em reforma. A Igreja Nossa Senhora das Dores, construída em 1800, era frequentada apenas por mulheres aristocratas. A Igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito foi construída em 1725 e era destina apenas aos pretos escravizados.

 

Igreja Santa Rita de Cássia

 

Igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito

 

 Igreja Nossa Senhora das Dores

 

Paramos diante de uma residência, datada de 1850, que pertence ao príncipe João de Orleans e Bragança, com paredes brancas, portas amarelas e alizares verdes. Outra imponente construção é a Casa de Cultura de Paraty, que tem  símbolos relativos à maçonaria (teria surgido na região por volta de 1.700). No entanto, há controvérsias sobre os desenhos no cunhal (divisão na fachada onde tem os grafismos) que serviam para balizar as ruas e dimensionar a largura.


 

No fim, após quase duas horas caminhando, já tinha escurecido. O guia para e aguarda as contribuições. Dei 25 reais (um tour numa agência custa R$40,00), mas teve quem pegasse chave pix.

Retornei para a pousada, tomei banho e saí para encontrar um lugar para lanchar. Na rua João Luiz do Rosário tem três restaurantes de uma mesma rede e todos aceitavam vale refeição: Esfiharia Emirados, Dom João Bar e Restaurante e Pizzaria Malagueta. Fui na pizzaria, mas só tinha opção de pizza grande, logo, optei pela esfiharia. Comi duas esfihas e tomei um suco. O ambiente é agradável. 

No dia seguinte acordei, tomei o café da manhã e fiquei no quarto aguardando a agência me buscar para o tour "Cachoeiras e alambiques", realizado de Jeep (R$85,00). Assumo que meu interesse era conhecer alambiques, mas não tinha um roteiro específico. Marcaram de me buscar às 11h, mas apareceram quarenta minutos após. E ainda, em razão de obras na estrada, ficamos parados por quase 1h. Ali mesmo apareceu um empregado do restaurante onde pararíamos no fim da tarde para almoçar, pois, em tese, já iriam preparando. 

Os alambiques em Paraty produzem uma cachaça que só tem lá: Gabriela, envelhecida com cravo e canela (delícia). A origem do nome é o filme homônimo, que, embora tenha como cenário a Bahia, foi gravado em Paraty. E com essa cachaça produzem o drink "Jorge Amado", adicionando maracujá, limão e gelo (é muito bom).

A primeira parada foi no Alambique Pedra Branca, onde houve degustação dos diversos sabores. Em seguida, ficamos por uma hora na Cachoeira Pedra Branca. O tempo estava chuvoso, logo, entrei rapidamente e saí. 


O próximo alambique foi Paratiana, que tem uma cachaça maravilhosa. O lugar é muito bonito, com um pequeno museu da cachaça, bar, visita no alambique, além da loja. Infelizmente só comprei uma garrafa da Gabriela (R$54,00).

 

Seguimos para o restaurante Poço do Tarzan, que é uma construção rústica de madeira às margens de um rio. Reservei um prato com lula frita, que amo, mas estava muito dura, tinha como acompanhamento batata frita, arroz e farofa. O preço é salgado, R$49,90. O suco demorou uma eternidade para ser feito (R$9,90). Li uma placa, na hora de realizar o pagamento, indicando que teria a cobrança de um couvert, mas assim que vi a conta pedi para tirar e não retrucaram.

 

 

Cruzando a ponte (que balança) na frente do restaurante, acessamos a Cachoeira do Tobogã, mas apenas uma mulher no grupo teve coragem de descer. O guia disse se eu quisesse seguir numa trilha de 5 minutos encontraria uma igreja. Caminhei e encontrei a Igreja Nossa Senhora da Penha de Paraty, logo adiante tem um monumento indicando que ali é a ER (Estrada Real) do Caminho do Ouro, que remonta ao século 17, diretamente relacionada com a exploração de ouro e diamante. O caminho velho conectava Ouro Preto (antiga Vila Rica) a Paraty. 

 

     

Antes de retornar, ainda paramos numa queijaria, mas nenhum produto era local. Cheguei por volta das 19h e só consegui sair pra lanchar às 21:30. Entrei novamente na esfiharia, pois estava com medo de perder tempo escolhendo e ficar sem comer. Dessa vez pedi um Jorge Amado (só a bebida custou R$27,00).

 

No dia seguinte tinha agendado, na mesma agência (Eyà Paraty, no tripadvisor, mas no site e app mudaram o nome para "Visite Paraty") para conhecer Trindade. Confirmaram comigo às 8:29. Às 11h estava na porta da pousada. Por volta das 11:38 mandei mensagem, liguei e ninguém me atendia. Descobri que a empresa não tem um telefone fixo. Me ligaram e disseram que não me buscariam. Olha o motivo: tinham conseguido uma família com 2 crianças, logo, mesmo eu tendo agendado o passeio dias antes, preferiram, levar a família com mais pessoas e mais $$$!!! Uma falta de ética que nunca vi em nenhum lugar do mundo! O mínimo que poderiam fazer era me avisar cedo para eu tentar contratar o tour em outra empresa. Tampouco poderia ir no dia seguinte, pois retornaria para casa. 

Após a revolta inicial, caminhei pelo centro de Paraty e encontrei diversas agências, mas os passeios já tinham saído. Fui até a rodoviária, mas o próximo ônibus só sairia às 13h (sai a cada 1h). Corri para almoçar. 

O ônibus para Trindade parte da rodoviária de Paraty e custa R$5,00. A estrada é tão sinuosa que parece uma montanha-russa. Desci no ponto final por volta das 14h. Segui em direção à Praia dos Ranchos, onde resolvi fazer contato com uma menina que estava sozinha e veio no mesmo ônibus. Também era uma solo traveler, de São Paulo, então decidimos caminhar juntas. 

 

 
Na entrada com a placa "Parque Nacional Serra da Bocaina" (aqui folder do ICMBIO) há a indicação dos atrativos:  Praia do Meio, Praia do Cachadaço e Pedra que engole. Paramos na Praia do Meio, depois seguimos pela trilha até a Praia do Cachadaço. 
 
E, por fim, decidimos caminhar até as Piscinas naturais do Cachadaço, após caminhar até o fim da praia tem uma trilha no meio da floresta com cerca de 1km, com subidas e descidas, que leva até uma piscina natural, pois existem pedras que não deixam as ondas bater. A minha preocupação é que iniciamos a caminhada pela areia às 15h, mas em determinado ponto a água já estava cobrindo a areia e como estaria no retorno? O lugar é muito agradável, mas estava cheio. 
 
Penduramos as bolsas e ficamos na água. Embora tenha pavor de barco, perguntei ao barqueiro sobre o retorno, custava R$20,000 até a praia do meio e a última saída era 17h. Olha, o mar estava bastante revolto. O barqueiro mandou a gente se segurar, quando vimos o barco segue sobre as ondas e voa até a areia! Nunca tinha passado por nada igual!
 
De volta à vila de Trindade, paramos num restaurante, pois a companheira da trilha queria almoçar, mas já tinha comido, logo, apenas sentei e aguardei. Depois fomos até uma pastelaria e lanchei. Retornamos para o ponto de ônibus às 18:10, mas o próximo só passaria às 19h. Chegou às 19:40!  
 
 
 
Se soubesse que era tão tranquilo (e muito mais barato) ir por conta própria, jamais teria contratado a agência que me deu um "bolo". Caso prefira fazer o passeio com agência é melhor deixar para fechar na própria cidade, que tem inúmeras opções.
 
Estava morta de preguiça, mas saí para comer. Na rua que tinha passado todos os dias vi um local muito animado: Dom João Bar e Restaurante. Acredito que só funcione de quinta-feira a domingo. Vi que tinha couvert, pois era noite de "feminejo", mas me falaram que não era obrigatório. O local tem ótima decoração, frequentado pelos locais. Comprei uma porção de bolinho de siri, mas vieram muitos. No fim pedi para embrulhar para viagem e levei para o senhor que ficava na portaria da pousada no período noturno. Bebi dois drinks, um Jorge Amado e uma caipifruta.
 

 
No dia seguinte, meu ônibus só retornaria às 13h20, tive tempo para tomar café da manhã, caminhar pela cidade (choveu nesse dia). Aguardei para visitar a Casa de Cultura de Paraty, que abre às 11h. 
 

O retorno foi péssimo, pois pensei que chegaria relativamente cedo, mas teve uma ocorrência no ônibus e ficou parado por mais de 2 horas!

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