Peru: Machu Picchu, Cusco e Valle Sagrado, 2010
"Piedra en la piedra, el hombre,
dónde estuvo? Aire en el aire, el hombre, dónde estuvo? Tiempo en el
tiempo, el hombre, dónde estuvo?"
Pablo Neruda, "Alturas de Machu Picchu", poema X.
Os povos pré-colombianos ainda são um mistério para a humanidade. Os Maias, os Incas e os Astecas exercem grande atração sobre as pessoas. Machu Picchu foi descoberta há 99 anos, por Hiram Bingham, portanto, o que existe são suspeitas sobre a estrutura daquela sociedade "primitiva".
Foram os primeiros peruanos que vieram conversar comigo logo na saída do hostel. |
Em setembro fiz uma viagem "express" para conhecer a montanha sagrada: Machu Picchu (os nativos pronunciam "piktchu"). Comprei a passagem para Cusco pelo site da decolar (que permite escolher múltiplos destinos), procurei um "hostel" (algo similar a um albergue, mas, normalmente, com quartos individuais) no site tripadvisor.com. E estava preparada para uma viagem incrível, porém, demorada, com conexões em São Paulo e em Lima.
Municipalidad. Olha a bandeira de Cusco! Não é a bandeira do orgulho gay! risos |
La iglesia de Santa Teresa |
Plaza de Armas |
Plaza de Armas - Cusco |
O "Hostal Quipu" era modesto (não se pode fazer muitas exigências pagando 15 dólares por um quarto privado com banheiro), precisei caminhar por 10 minutos até a praça principal, mas tinha tudo que necessitava, inclusive o mate de coca, que gostei bastante e era servido em abundância, para aliviar o "mal da montanha". Cusco fica a 3.400 metros acima do nível do mar, portanto, é comum nos primeiros dias as pessoas sentirem tonteiras, diarreias, ressecamento das vias respiratórias, etc. Pode ocorrer até edema pulmonar e edema cerebral.
Mesmo alertada que deveria descansar, tomei banho e fui dar uma volta pela cidade. Deixando o hostel, encontrei algumas crianças que tinham acabado de sair da escola. Vieram conversar comigo e pediram pra tirar foto deles. Fofos! Passei em uma loja e comprei camisas e dois chullos - gorros típicos do Peru.
De chullo |
Na Plaza de Armas, vários cusqueños se aproximaram para conversar e me senti totalmente alienígena quando pediam para tirar foto comigo (!). Uma menina disse que eu era linda porque tinha os cabelos encaracolados e loiros. Comprei alguns artesanatos que insistentemente pediam para comprar, mas tudo bem barato.
Logo depois procurava um lugar para comer meu prato predileto: pizza. Encontrei um bar que tinha acabado de abrir, do querido Edward Garces, jovem artista que me fez rir até a madrugada, além de emprestar o computador e servir muito bem. A pizza era maravilhosa. E também experimentei a comida típica peruana: ceviche - peixe cru com muita pimenta e limão. Ótimo. Edward me deu dicas sobre os suplementos que deveria levar até Machu Picchu e me acompanhou para comprar frutas, água (que não bebo), etc. Depois chamou um táxi para que voltasse para o hostal (dentro da cidade a corrida custa 3 soles, em média).
Ceviche |
Desenhos do Edward, dono do restaurante. |
A cidade é muito segura, com policiais rondando. Me falaram que eles não têm conhecimento de qualquer assalto na região, pois os próprios moradores expulsariam o ladrão, já que vivem do turismo. As pessoas são educadas e cordiais. Só na Plaza de Armas que insistem mesmo para que você compre artesanatos. Ah, para os que evitam comidas regionais: tem McDonalds.
No dia seguinte levantei às 5h, pois o taxista me pegaria às 6h, para me levar até a estação de Poroy, de onde partem os trens. Contudo, em razão de alguns desmoronamentos, a companhia oferecia ônibus até a estação de Ollantaytambo, onde peguei o "Vistadome".
Os peruanos levam o turismo a sério, pois nunca vi tanto turista em um mesmo lugar. Pessoas de todos os continentes. No trem, notei que a faixa etária era de uns 50 anos, talvez porque os mais jovens prefiram a trilha inca, com 4 dias de caminhada (tô fora!). O trem é bastante confortável, com serviço de bordo, banheiro, etc. Provavelmente vai experimentar uma fruta que jamais provou: a tuna.
Cheguei em Aguas Calientes por volta das 11h. Da estação de trem até o "centro" é uma curta caminhada. Apenas siga o fluxo (foi o que fiz, pois não tinha qualquer mapa em mãos). É necessário comprar o ingresso para entrar em Machu Picchu, vendido num centro cultural da região. Custa 50 dólares. Depois, se não tiver fôlego para subir 6 mil degraus, tem que comprar a passagem do ônibus até a montanha, 14 dólares.
Se prepare para o choque térmico: sair da fria Cusco e chegar na quente Machu Picchu. O visual é de cebola, pra ir descascando aos poucos.
Logo aos pés da montanha conheci o mexicano Cesar Ramo, que foi uma excelente companhia, além de tirar minhas fotos. No fim, me ofereceu o almoço no hotel que estava hospedado. Excelente comida local.
Acreditem nas dicas: levar protetor solar e labial, líquido, boné, repelente, etc. E tem que tomar a vacina da febre amarela pelo menos 10 dias antes de viajar, trocando pelo certificado amarelo, na Anvisa (ou em algum posto que ofereça o serviço), com até 24 horas de antecedência da viagem. Leve dólares - lá encontrará várias casas de câmbio. A maioria das lojas aceitam cartão de crédito, mas os passeios são pagos em espécie.
O lugar é emocionante e indizível. Somos transportados no tempo, imaginando como os Incas viviam, as casas que estão firmes por tanto tempo - notar o encaixe das pedras sem massa. Procuraram o alto das montanhas para fugirem das chuvas – parece que lá chove de outubro a março. Tive vontade de chorar...
Cheguei em Cusco por volta das 20h e não tive fôlego para ir até o centro comer. Sentia muita falta de ar pra dormir, a ponto de levantar de madrugada sem oxigênio. No dia seguinte o taxista me pegou e levou para o ônibus que faria o tour de um dia pelo Valle Sagrado. Custou 70 soles (a moeda local, cerca de R$1 = 1,59 soles), com a refeição.
O Valle Sagrado é um conjunto de monumentos arqueológicos. Visitamos Písac, Ollantaytambo, Chinchero e Urubamba. Em todos os lugares é possível comprar o artesanato andino, que é muito barato.
Ainda em Cusco, notei que a maioria das casas possuíam dois tourinhos de barro no telhado. São os "toritos de Pucará". Curiosa com o fato, perguntei ao Edward o significado: atraem a felicidade, bem-estar e proteção aos habitantes da casa. São um símbolo da cultura andina, além de representar força e vigor. Assim que encontrei numa feira de artesanato, comprei. Estão sempre ao meu lado.
Toritos de Pucará - estão presentes na maioria das casas. |
Traje típico |
Montanha Salkantay |
Batata e milho, base da comida local. |
Aula de artesanato. |
Na volta tive uma ingrata surpresa de não parar de sangrar pelo nariz e pela boca. Fui em dois hospitais, mas era ressecamento das vias respiratórias, uma vez que não me hidratei.
0 comentários