As cores de Cartagena das Índias

Comprei a passagem com a seguinte configuração: ida para San Andrés e volta por Cartagena, no site da Copa Airlines, por R$1.699,00. O trecho interno foi comprado na Latam, para minha irmã e minha sobrinha. Pesquisei a passagem no site das companhias aéreas vivaair.com e wingo, mas como precisava despachar bagagem de porão, concluí que a Latam a melhor opção. Primeiro vi o preço no site brasileiro, depois comparei com o site colombiano e, após a conversão, com o IOF, a diferença era absurda. Saiu por 181.000 COP, cerca de R$160,00 (na época), enquanto no site brasileiro saia por R$350,00. A minha passagem foi emitida com milhas: 8.500 pontos + R$21,59 de taxa, com bagagem.

O aeroporto de San Andrés é caótico e parece uma rodoviária, portanto, chegamos cedo, mas o voo partiria apenas 12:55. Tive um estresse com a companhia aérea, pois paguei para escolher o assento e ficar ao lado da minha irmã e sobrinha, mas, para minha surpresa, me colocaram em outro assento. Quando cheguei na poltrona designada tinha uma etiqueta que não poderia sentar, pois estava quebrada! Comuniquei à aeromoça, que me colocou sentada em seu lugar até que todos entrassem e pudesse me alocar! 
Chegando em Cartagena, vi a cotação do peso colombiano, mas estava desfavorável e deixamos para fazer câmbio na cidade. Para sair do aeroporto, seguimos até o balcão de táxi e pegamos o tabelado! Custou de 13.000 pesos. R$20.00. São 4km do aeroporto ao hotel. Jamais pegue táxi pirata na Colômbia (já sofri um sequestro relâmpago saindo do aeroporto em Bogotá)!
Peso colombiano
Tive bastante dificuldade para encontrar um hotel com quarto triplo com um preço razoável dentro da cidade murada ou amuralhada. É incrível como hospedagem na América do Sul tem o valor tão elevado.Optei pela Casa Bohemia Hotel. Custou 720.000 por 4 diárias. É uma pousada simples, mas tem ar-condicionado, wi-fi, frigobar, cofre, localizada no bairro San Diego. Só tive um problema, pois no segundo dia, ao chegar, a dona tinha mudado o nosso quarto! E tudo estava espalhado, documentos, mala dinheiro. Quando chegamos no outro quarto não sabíamos onde encontrar nossas coisas, pois tudo foi misturado. Nada sumiu. O novo quarto era até melhor, mas não custava ter nos avisado, pois deixaríamos nossos objetos dentro da bagagem. Achei bem desrespeitoso. 
 
Na hora do check-in, disse para a dona que precisaria fazer câmbio, se poderia me indicar o melhor local. Deu-me uma cotação melhor, logo, resolvi meu problema na hora. Assim que tomamos banho, eu e Giovana saímos, enquanto minha irmã preferiu comer perto da pousada em razão do calor. É um local muito abafado, mesmo pra quem vive no Rio de Janeiro.

Cartagena das Índias é uma cidade considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Também é famosa por causa do escritor Gabriel Garcia Márquez, que morou e escreveu o clássico “Cem anos de solidão” na cidade histórica.

A Cidade Murada tem 11 km de extensão e engloba os seguintes bairros: Centro, San Diego e La Matuna. Do lado de fora tem Getsemaní, uma opção muito procurada pelos mochileiros. Há ainda o bairro mais moderno, estilo Miami, que é Bocagrande, que tem uma grande rede hoteleira, com preços mais convidativos.


O destaque da cidade é, com certeza, suas cores. As casas coloniais são coloridas, com portas incríveis e flores. Eu e Giovana tiramos centenas de fotos em cada parede que encontramos. Depois seguimos para almoçar num restaurante bem barato: Totopo. Comemos peixe, arroz e banana, que custou 15.000 COP. Veio acompanhado de uma sopa aguada. Tomamos limonada. Tem a refeição com o melhor relação custo-benefício, mas é bem simples.

Paramos diante do Claustro Santo Toribio, que foi construído no século XVII, sendo um edifício com pátio central e jardim. Foi usado pela igreja católica, mas, no início do século, a Arquidiocese colocou a serviço da comunidade. 
 

Depois que escureceu, fomos conhecer a Torre del Reloj, que fica na Puerta del Reloj, que é a principal entrada da cidade fortificada, foi construída em 1540, mas inaugurada apenas em 1630. A torre recebeu o relógio no início do Século XVIII. É um considerada uma obra de sucesso da Escola de Fortificação Hispanoamericana

Na frente na torre tem o "Portal de los dulces", que está situado na Plaza de los coches, que na época colonial era chamado de "El portal del Juez", posteriormente de "Portal de los esclavos", quando se vendiam pessoas escravizadas. Recebeu o nome de "portal dos doces" desde o fim do século 19, quando em suas arcadas começaram a vender guloseimas feitas pelo povo que habitava a cidade. Hoje é um ponto de venda de doces típicos.



Posteriormente fomos comer ceviche no restaurante "Cebiches e seviches". Não sei se não é hábito levar crianças nos restaurantes, mas pediram para ficarmos com Giovana no interior. O ambiente era bem escuro, mas não tinha música naquela hora. 
No dia seguinte, acordamos e fomos tomar o café da manhã do hotel, que era bem simples: um ovo mexido, duas fatias de pão, uma fatia de fruta e café. Num dia teve suco de corozo e no outro suco de chicha de arroz con piña, mas não estavam listados como itens do café.

     Suco de corozo                      Chicha de arroz con piña
Tinha um sol para cada pessoa, mas turistar era preciso. Seguimos para "Plaza de la Aduana", que tem esse nome porque ali funcionava a "Real Aduana", que era um dos principais órgãos de controle sobre importações e exportações que faziam em Cartagena, ou seja, verificavam tudo que chegava no porto. Foi uma zona que se estabeleceu um intercâmbio entre vendedores e compradores e onde se realizava o comércio de escravos.
Plaza de la Aduana

A Plaza de la Proclamación está localizada na frente da Casa del cabildo e da Catedral de Cartagena, onde foram realizadas as maiores celebrações religiosas da região.  


Objetivando fugir do sol, entramos no "Museo del Oro Zenú", que é administrado pelo Banco de la República e conta com uma importante coleção de ourivesaria (arte de trabalhar com metais preciosos) Zenú. Tenta demonstrar em suas salas a cultura desse povo e mostrar seu desenvolvimento e legado.


Minha irmã fez sucesso com os garotos que visitavam o museu. Quiseram fotos e conversar. haahah
Seguimos até a famosa escultura do artista colombiano Fernando Botero: La gorda Gertrudis, que fica na Plaza de Santo Domingo. Dizem que quem apalpa seus seios tem uma longa relação amorosa.


Uma das muitas bancas de frutas na cidade

Na frente da Torre del reloj fechamos um passeio de Chiva (caminhão tradicional colorido) por 45.000 COP cada. Minha sobrinha pagou a metade. O passeio é longo, pois o transporte é lento e pega passageiros em alguns hotéis em Bocagrande, além do calor insuportável.
 

A primeira parada da Chiva foi diante de grandes prédios de Bocagrande. Diversos vendedores se aproximam. Minha irmã comprou manga verde.


A segunda parada foi no Fuerte San Sebastian del Pastelillo, que é uma fortificação construída em 1744 por ordem do vice-rei Sebastián de Eslava, mas não tinha muito o que ver por lá. 

Paramos na escultura de bronze "Los zapatos viejos", feito para homenagear Don Luis Carlos López, poeta de Cartagena, que ficou conhecido pelo soneto "A mi ciudad nativa".




A cereja do bolo é o "Castillo San Felipe de Barajas", que é a maior obra militar no continente americano. Cartagena sempre foi desejada por piratas e inimigos da Coroa Espanhola, portanto, a obra da fortificação era prioridade desde a existência da cidade. Houve a necessidade de construir uma estrutura para impedir o ataque do inimigo.
Destaco que o valor da entrada já estava incluído no passeio de Chiva, mas se optar por ir de táxi, a entrada custa 22.000 COP.

Li que alguns city tours de chiva vão até o Convento de la Popa, mas o nosso não levou. Terminou já às 19h dentro da cidade amuralhada, após uma visita (quase forçada) a uma loja de esmeraldas.
Fomos no hotel tomar banho, depois saímos para jantar. Levei minha irmã no Totopo e ficou revoltada, disse que a comida era horrível. Uma das coisas que ela gosta é comer bem, eu não ligo muito. Minha refeição preferida é o café da manhã.

Passamos no "Museo del cacao", que é gratuito, mas, na verdade, é uma loja com diversos produtos de chocolate, com degustação.



Minha irmã tinha combinado com o mesmo vendedor do dia anterior, porém sem deixar pago, um passeio para a Playa Blanca (cerca de 1h de Cartagena), mas disse que não iria, pois tinha lido sobre o assédio, o mar agitado, além da superlotação, ainda mais num fim de semana. Marcaram a saída às 5h, mas é claro que ela não acordou, após beber umas 4 coronas antes de dormir.



Bem próximo da pousada, chegamos em Las Bóvedas de Santa Clara (antes era um depósito de munições, hoje são lojinhas de suvenires). Minha irmã ficou horas olhando cada lojinha e comprando lembrancinhas.



Minha irmã comprou uma fruta com uma "palenquera" (o "palenque" é uma língua crioula falada na Colômbia), e ela posou conosco para as fotos. Ficam por toda a cidade vendendo frutas e se tornaram símbolo da cidade.

Caminhamos por cima da muralha, nas proximidades de Las Bóvedas, apesar de render boas fotos, o calor não nos permitiu ficar por ali mais de 5 minutos.



Fomos almoçar no famoso restaurante "La mulata", que tinha fila de espera. Meu prato estava maravilhoso: arroz de coco, camarão, abacate, patacones e aipim. Para beber uma deliciosa limonada de coco. 

Entrada




Como relatado anteriormente, quando retornamos ao hotel após o almoço, nos surpreendemos que já não estávamos mais no mesmo quarto. A dona simplesmente nos mudou do térreo para um no segundo andar. Ela colocou tudo dentro das malas, levou dinheiro, câmera. Quando chegamos no outro quarto estávamos muito assustadas, pois nunca passamos por nada parecido. Nada sumiu, mas poderia ter avisado sobre a intenção de realizar tal mudança.


Antes de escurecer, fomos até o Café del Mar, que é um restaurante localizado na fortificação, com vista para o mar. Fica cheio de pessoas todos os dias para assistir o pôr do sol. 



Caminhamos até a Catedral San Pedro Claver, que é uma igreja católica em homenagem a São Pedro Claver. A cúpula amarela e branca pode ser vista de diversos pontos da cidade.




Queríamos conhecer o bairro fora da cidade amuralhada, Getsemaní. Que hoje é um bairro boêmio, que está sendo revitalizado e é preferido dos mochileiros, já que dispõe de hospedagens mais baratas. Tinha lido sobre uma pizzaria que funciona dentro de uma lavanderia (Beer e Laundry), então seguimos naquela direção, mas já tinha fechado às 20h. 

O caminho, depois que saímos dos muros, era bem escuro, pois a cidade não é bem iluminada, mas o assédio dos vendedores só ocorre dentro dos muros. Perguntamos no hotel sobre segurança e a dona disse que era tranquilo seguir até lá. Encontramos uma rua iluminada e decorada com bandeirinhas com cores da bandeira da Colômbia, então fomos explorá-la. Tinha um mercado (minha irmã comprou cerveja), vi hostel, pizzaria, lojas. 


 Seguimos o fluxo, pois a partir daquela rua havia bastante movimento, até que chegamos na "Plaza de la Trinidad", que tem importância histórica, pois nela se formou um grupo de artesãos negros que lutou pela independência de Cartagena.



A praça tem uma igreja onde as pessoas locais estavam sentadas, pois era fim de semana. Encontramos muitos restaurantes bonitos, barraquinhas de comida de rua. Sentimos que pela primeira vez tínhamos saído da "bolha" da cidade amuralhada, pois ali encontramos moradores se divertindo. Minha irmã, sempre com fome, comprou um churrasquinho.





Retornamos para a cidade amuralhada e decidimos comer no restaurante "Marzola Parrilla Argentina", pois minha irmã ainda queria comer churrasco. Pedi apenas um "choripán", que é um sanduíche de linguiça com molho chimichurri. Achei caro, mas o Madero cobra R$35,00. A graça do local é a decoração, que já começa no exterior. É totalmente kitsch, pois encontramos camisas de time, quadros, objetos.




 


No dia seguinte, eu e Giovana tomamos café da manhã e saímos para fotografar em caminhos ainda não visitados. Aconteceu algo que me deixou irritada, assim como no dia anterior, um homem (já velho) mexeu com ela! Uma criança de 9 anos. Acho que por lá deve ser comum assédio sexual com menores. Se minha irmã estivesse conosco, teríamos que seguir todos para um delegacia, pois ela ia partir pra violência. 



 
Encontramos com minha irmã e fomos comer no "Novo Kebab Grill", que ficava bem próximo ao hotel. Preço bom e gostoso. Minha irmã pediu na caixinha de papelão, eu comi no pão pita. Ela não quis qualquer molho, enquanto pedi para colocar todos os molhos disponíveis (uns 6). Resultado: 30 minutos depois parecia que ia morrer. Tive um dia de rainha (muita diarreia) e achei que não conseguiria viajar no dia seguinte. Tanto que perdi a oportunidade da minha vida: teve overbooking e perguntaram quem queria 600 dólares em crédito na Copa Airlines, seguindo no dia seguinte, com direito a hotel e comida naquele dia. Era a chance de garantir as próximas férias, mas estava me sentindo muito mal e não queria ficar.
Depois de descansar do piriri, segui até o comércio para comprar uma bolsa "Wayuu" (elaboradas, em tese, pela tribo homônima), que é um artesanato típico colombiano. São coloridas e feitas em lã. Ao contrário dos preços encontrados no Sudeste Asiático (comprei bolsas por 10 reais), paguei cerca de R$70,00 (lembro que converti na hora). E só usei depois que minha mãe colocou um velcro.
 
 
Aproveitamos para tomar sorvete no "La paleteria", mas não chegou aos pés do que experimentamos em San Andrés.


Eu e Giovana seguimos para o MAM - Museo de Arte Moderno de Cartagena. O ingresso custa 10.000 cop adulto e 5.000 estudante/criança. Não encontramos um acervo interessante, mas valeu o passeio.





Ao retornarmos, por óbvio, minha irmã já estava ansiosa para jantar. Dessa vez fomos ao restaurante "La cevicheria", no entanto, tinha uma fila de horas. Enquanto aguardava, tive que ir ao hotel, em razão de um "chamado na natureza". Entramos já quase no limite  do horário do serviço da cozinha. Corremos para pedir uma "paella". A decoração é toda relacionada com o mar, inclusive o banheiro.




No dia seguinte, não consegui sair nem para gastar meus últimos pesos colombianos antes de seguir em direção ao aeroporto. Pedi para minha irmã comprar maçãs e um refrigerante de gengibre (não tem aqui). Tinha adquirido um café Juan Valdez solúvel, que é ótimo. Me arrependi de não ter comprado mais.

Para ir para o aeroporto, pedimos um táxi no hotel, que demorou um pouco para aparecer. Como o preço é tabelado, não nos preocupamos.

Tinha lido em alguns blogs sobre a possibilidade de pagar um "day use" no Hotel Movich Cartagena de Índias, mas o preço era abusivo. Acredito que vale gastar um pouco mais e ficar num hotel com piscina, para aliviar o calor excessivo.

Você também pode gostar

0 comentários

Experiências incríveis!