Atacama: San Pedro, Valle de la Luna, Lagunas Altiplânicas e Piedras Rojas

Minha primeira viagem internacional, depois de adulta, foi para o Chile, em 2008. Naquela época não cogitei conhecer o Atacama e fiquei 8 dias na capital, Santiago, que adorei. Percebi que minhas milhas Multiplus estavam expirando, logo, fiz uma pesquisa sobre os possíveis destinos que poderia visitar. A melhor opção foi o Deserto do Atacama (aeroporto Calama). Consegui ida e volta por 33.500 milhas. 

Lagunas Altiplânicas

Cheguei no aeroporto por volta das 8h, pois o primeiro trecho era nacional (Rio-São Paulo), mas a desorganização da Latam era tamanha, que quase perdi o voo que saía apenas às 10h, já que agora o passageiro imprime a etiqueta, faz check-in e só segue até a atendente para despachar a bagagem. O avião aterrissou em São Paulo por volta das 11h e segui para a Sala Vip do Mastercard Black, que sofreu algumas alterações na decoração, bem como no cardápio, desde a última visita, que tinha ocorrido em maio (2017). O próximo trecho, São Paulo-Santiago, só partiria às 15:50!


Sala Vip do Mastercard Black



Teve atraso no segundo trecho e teria menos de 30 minutos para esperar a bagagem, passar pelo controle da vigilância sanitária, na imigração, depois ir até o balcão da companhia para despachar a bagagem, correr até o terminal nacional e novamente passar pelo controle de segurança!!! Novamente, quase perdi o voo, cheguei já com os passageiros entrando no avião. 

Pude perceber como o controle de vigilância sanitária chileno é rigoroso, pois levava duas maçãs, que peguei na sala vip, assim que li que a multa era altíssima, retirei as frutas, mas não deu tempo de jogar fora. Entreguei para a fiscal. Como não foi ela que achou na mochila, mas eu que a entreguei, disse apenas para jogar fora antes na próxima vez! Ufa. Na hora de despachar a bagagem novamente, pedi para passar na frente, pois faltavam 10 (dez!) minutos pro meu voo partir. Ela me olhou, mas não deixei responder que não daria tempo. Corri pro terminal doméstico, já fui me despindo, tirando o casaco no caminho. Depois corri feito louca para conseguir embarcar.

Tinha deixado para fazer câmbio no aeroporto de Santiago, embora tenha visto a cotação no banco Safra no aeroporto de São Paulo. Infelizmente não tive tempo e segui até Calama sem peso chileno. O voo foi tranquilo, mas fiquei chocada quando não encontrei uma única casa de câmbio no aeroporto de Calama! Não tem. Como pagaria o transfer?

Na saída, encontrei uma funcionária da Lincacabur com uma placa com meu nome. O serviço pode ser reservado online e pago apenas no local. Como chegaria tarde (23:20), preferi deixar reservado. Preenchi o formulário, depois recebi a confirmação da Lincacabur. Só a ida é 12 mil pesos chilenos, ida e volta 20 mil pesos chilenos. Contratei ida e volta. Ela disse que poderia pagar com cartão de crédito. Levo sempre dois de duas bandeiras distintas, visa e mastercard, mas já tive problemas algumas vezes com o banco, que bloqueou o cartão. Respirei fundo e o cartão passou.

A distância entre entre Calama, onde fica o aeroporto, e San Pedro do Atacama, cidadezinha base para os passeios no deserto, é de 100 km, cerca de 1h20 de viagem! Sentei ao lado do motorista, que foi conversando, mas estava morta de cansaço. Finalmente cheguei no hostel e tinha um funcionário me esperando. Já não havia ninguém nas ruas. Significava que não comeria naquele dia! Miguel me levou diretamente para o quarto, me mostrou os banheiros, que ficavam fora do quarto.

Sempre pago a hospedagem antes de viajar, por isso quase sempre reservo no site hoteis.com, mas embora tenha usado o site, pela primeira vez não me deixou pagar antes da viagem. Fiquei ansiosa em carregar todo o dinheiro da hospedagem e dos passeios. Coloquei minha mochila na cama, peguei o dinheiro e fui pagar o hostel, mas disse que O pagamento deveria ser efetuado apenas no dia seguinte.


Como contei no post anterior, primeiro reservei o hostel Residencial Chiloe no hoteis.com de 28/2011 a 02/2012. O valor cobrado era 49,50 dólares por diária (quarto duplo com banheiro privado), reservei 4 diárias, inclusive do dia que chegaria de madrugada. Posteriormente, a Latam mudou minha reserva, então, antecipei a viagem para o dia 26/11, contudo, já não tinha disponibilidade de quarto com banheiro no hostal.

Após modificar a passagem, surgiu uma nova preocupação: a hospedagem. Não encontrei qualquer promoção para o mesmo hostel nos sites de reserva de hospedagem, também não poderia cancelar a reserva anterior, pois a tarifa não permitia cancelamento. Pensei em ficar em outro hostel, mas teria que transportar a bagagem no meio do dia (sempre viajo com mala). Entrei em contanto com a hospedagem, que me informou que não tinha quarto com banheiro para o período. Entrei no site e encontrei quarto duplo privado, mas com banheiro compartilhado. Nunca tinha usado banheiro compartilhado, e ainda, estou com uma doença chamada "bexiga hiperativa", que me faz ter vontade de fazer xixi inúmeras vezes. Seria um caos, mas reservei por 37 dólares a noite, duas diárias, de 26 a 28/11.

O quarto tinha duas camas, uma mesa, uma pequena janela. No corredor em que estava o quarto tinha dois banheiros, mas eram horríveis. O lado bom é que nunca estavam ocupados. Na parte traseira da propriedade tinha um banheiro mais moderno. Comi algumas bobagens que tinha levado para matar a fome que me consumia. Fui tomar um banho - morrendo de medo de esquecer meus pertences (risos). No dia que cheguei a internet não funcionou de jeito algum, portanto, não tive como avisar sobre minha chegada.
No dia seguinte, tomei banho, e tentei novamente fazer o pagamento da hospedagem, mas o funcionário disse que só poderia às 11h, quando a dona chegasse. Segui para o café da manhã, que tinha iogurte, algumas frutas, chá, frios. Achei a qualidade bem ruim. Fiquei sentada esperando até fazer o pagamento, em dólar mesmo. Na reserva é informado que não há cobrança do imposto IVA (Impuesto al Valor Agregado) de 19% se o valor for pago em dólar, mas tinha lido alguns comentários que o lugar pedia que o pagamento fosse realizado na moeda local. A dona, Maria, não se negou a aceitar o dólar, mas analisou cada nota, pois disse que devem estar perfeitas.

Finalmente segui para conhecer a cidade de San Pedro, que tem poucas ruas, sendo Caracoles a principal delas. Já tinha feito uma pesquisa online sobre os passeios que gostaria de fazer e da agência que tinha uma boa relação custo-benefício. Segui até o escritório da Cruz Andina, que tem um ótimo atendimento.

Na época que viajei, a conversão era 1 dólar = 625 pesos chilenos, logo, um passeio de 10 mil pesos custou aproximadamente 50 reais. Consegui um bom desconto fechando todos os passeios, total de 6, numa única agência, gastando 142.000 pesos chilenos ou 227 dólares ou 762 reais. Meu cronograma de passeios ficou assim:

Dia 26/11 Passei o dia viajando
Dia 27/11 Valle de la Luna às 16h e Tour Astronômico às 20h50
Dia 28/11 Lagunas Altiplânicas + Piedras Rojas (hotel)
Dia 29/11 Salar de Tara às 8h (hotel)
Dia 30/11 Termas de Puritama às 14h
Dia 01/12 Gêiseres del Tatio às 04h30 (hotel)

Dia 02/12 Retorno ao Brasil




Quando os passeios saem cedo, a agência busca no hotel, mas nos passeios vespertinos ou noturnos, a saída é do escritório. Percebi que a agência supracitada é especializada no tour para o Salar de Uyuni, enquanto no Atacama todos os passeios foram terceirizados, ou seja, uma outra empresa de turismo nos buscava e nem sempre mantinha a mesma qualidade. Lembro que para o Valle de la Luna a empresa era "Luna", Lagunas Altiplânicas foi "Viva Atacama" e Termas de Puritama "JJM turismo". O melhor serviço foi o do Salar de Tara, que era um guia autônomo, mas levou um bom almoço e serviu até vinho.


O meu roteiro não estava exaustivo, inclusive pensei em conjugar o passeio já pago - no dia 30/11 ou 1/12 - com uma visita às Lagoas escondidas de Baltinache, mas, por sorte, tive tempo de me recompor entre um passeio e outro, pois, a partir do segundo dia passei muito mal. Levo sempre alguns remédios, mas não tinha nada para infecção gastrointestinal. Até hoje desconheço a comida que deixou tão mal. Tenho duas apostas: a sopa de mariscos que comi no primeiro dia ou o café da manhã servido no passeio para as Lagunas Altiplânicas, que tinha ovos mexidos praticamente crus (Salmonella!). Não consegui comer por 6 dias! Para me manter em pé comprava duas maçãs e algum suco para beber. Chegava na porta dos restaurantes e tinha ânsia de vômito. Foram dias difíceis para mim. Por incrível que pareça: fui em todos os passeios, quando o ideal seria uma internação com soro na veia.
Pesos chilenos

Assim que saí da agência, caminhei pela Caracoles, entrei em lojas de artesanato e constatei que tudo é feito no Peru, mas o preço deve ser 10 vezes mais caro. Realmente não compensa comprar nada. Depois segui para fazer o câmbio e pagar os passeios. Entrei algumas lojas para saber a cotação e escolhi a melhor. Uma chateação: tinha voltado de Cuba dois dias antes e não aceitaram as notas que me deram, pois estavam com pequenos rasgos. No dia seguinte fui em uma casa de câmbio diferente e quase chorei, logo, trocaram meus dólares, mas por uma cotação desfavorável.


Vi um restaurante bem recomendado no Tripadvisor (nº 5 de 73) e entrei para almoçar, antes do passeio para o Valle de la Luna. O restaurante escolhido foi o "La pica del Indio". O menu custava 5.000 pesos. Escolhi caldo de mariscos de entrada, frango com batata e sobremesa. Achei a comida bem sem graça e quase não terminei o prato. E não sei se foi a sopa de mariscos que me derrubou, pode ser...

Sopa de mariscos

VALLE DE LA LUNA

No horário marcado, o ônibus passou para recolher 3 pessoas que aguardavam no escritório da agência, mas o transporte já estava cheio. O vale é famoso por sua similaridade com a superfície da lua, devido às suas diferentes estratificações e às formações de sal causadas por fatores ambientais. Perguntei sobre o "Valle de la muerte", mas a agência informou que o passeio não incluía mais o local.

O tour custa, em média, 10.000 pesos e começa sempre no período da tarde, por volta das 16 horas, quando a temperatura está mais amena. Passamos pelas "Tres Marías", "el Cañón", "el Anfiteatro" e "la Piedra del Coyote".

Falaram que era um passeio tranquilo, que poderia ser realizado por qualquer um, tanto que tinha uma mulher grávida no grupo, mas achei que exige bastante da forma física. Subimos pedras, dunas, tudo debaixo de um sol escaldante. A entrada custa 3 mil pesos chilenos, que paguei ao guia, que compra a entrada de todos os turistas.

Vi algumas pessoas chegando ao Valle de la Luna de bicicleta, vindo do centro de San Pedro. Eu, que tenho uma vida sedentária, não conseguia acreditar como alguém tem coragem de pedalar naquelas condições climáticas.

O tour sai do centro de San Pedro em direção à Cordilheira de Sal, no Deserto do Atacama, o lugar mais árido do mundo! Em 15 minutos chegamos no "Vale da Lua", no fim, após explorarmos o vale, seguimos para apreciar o pôr do sol sobre um mirante natural, de onde pudemos ver o deserto mudar de cor. De repente, o tempo mudou completamente e presenciamos vento e frio.

Cheguei na agência às 20:30 e disse que precisaria usar um banheiro, logo, fui para o hostal, já que me buscariam na porta da hospedagem para o próximo tour.






TOUR ASTRONÔMICO

A maioria das pessoas indicavam o tour astronômico com a agência Space Obs, tanto que deixei registrado no meu roteiro que só faria o passeio com essa agência, mas na hora de fechar os demais passeios na Cruz Andina, por pura comodidade, acabei incluindo o tour astronômico com os demais contratados. Me arrependi.

Chegaram para me buscar com quase uma hora de atraso. Estava em pé, na rua. Depois seguimos para um local muito iluminado, pois uma estrada passava ao lado. Fomos recebidos por dois irmãos, um ficava com um grupo que falava inglês e o outro com um grupo que falava espanhol. Não tinha lugar para sentarmos, logo, ficou difícil ouvir as explicações com o passar do tempo. Tinha duas senhoras idosas no grupo que sentaram no chão. Para piorar, era véspera de lua cheia, portanto, o céu estava bem iluminado, dificultando avistar os astros. Nos prometiam uma foto no final, mas o guia indicou que não tiraria, pois o céu estava muito iluminado. O retorno aconteceu após a meia-noite e não me deixaram na porta do hotel. Por sorte, San Pedro parece ser uma cidade segura. Não achei profissional. Infelizmente não perguntei o nome da empresa.



LAGUNAS ALTIPLÂNICAS + PIEDRAS ROJAS

Cheguei tão tarde no dia anterior e novamente fiquei sem comer. A dona do hostal tinha perguntando que passeio faria no dia seguinte e o horário. Informou-me que deixaria na recepção um lanche para levar. Para minha surpresa, o funcionário disse que não tinha nada reservado no meu nome. Fiz uma cara de tristeza e disse para ele que estava morrendo de fome. Saiu de bicicleta e comprou uma banana para me dar.

O horário do tour é de 7h às 17h, com direito a café da manhã e almoço. Os lugares visitados são: Piedras Rojas, Lagunas Altiplânicas, Salar de Atacama, povoado Socaire e Toconao. Custa, em média, 30.000 pesos, tem ainda o custo com a entrada da Laguna Chaxa (2.500 pesos) e das Lagunas Altiplânicas (3.000 pesos).

A primeira parada é no Salar do Atacama, onde fica a Reserva Nacional dos Flamingos. Lá encontramos uma estrutura com lugar para lanchar, banheiro, uma sala de exposição (sobre as espécies de flamingos que habitam o local), mirantes para observar os animais. O salar do Atacama é o maior do Chile e um dos maiores do mundo.




A Laguna Chaxa é o paraíso dos flamingos, lá encontramos três espécies que habitam no Chile: flamingo andino, flamingo chileno e flamingo James. Há um caminho demarcado onde as pessoas podem caminhar. O reflexo do sol no sal e na água é tão intenso que é difícil ficar com os olhos abertos, logo, é necessário levar óculos escuros. Passei protetor solar e mesmo assim meu rosto ficou muito queimado.

Depois houve uma parada para o café da manhã (acredito que os ovos mexidos que comi me derrubaram). Foi praticamente o último lanche que fiz enquanto estive no Atacama.


Piedras Rojas para mim é o visual mais lindo do Atacama. O local também é conhecido como "Salar de Talar" (não confundir com o Salar de Tara, que é outro passeio de um dia inteiro). Minhas fotos não conseguiram captar a beleza estonteante desse lugar.


Chegamos nas Lagunas Altiplânicas e a van nos deixou no topo da montanha e nos reencontrou na base, onde foi servido o almoço (guacamole). As lagunas (lagoas) são Laguna Miscanti y Laguna Miñiques, que ficam a 4.000 metros acima do mar e a 110 km ao sul de San Pedro do Atacama. Estão localizadas aos pés de vulcões e da Cordilheira dos Andes. Existe uma cabana no topo da montanha, que pode ser alugada por 20.000 pesos a diária, com capacidade de 3 pessoas.








O guia fez uma parada rápida na placa que marca o "Trópico de Capricórnio", que é uma linha imaginária que corta o globo terrestre no sentido horizontal.



A última parada foi no povoado Socaire. Entramos numa propriedade, que tinha uma loja, alguns animais, como llamas e cabras, mas não tinha pernas para explorar o povoado e fiquei aguardando perto da van.





Antes de sair para o passeio, deixei tudo arrumado no quarto, mochila e mala prontas, pois me avisaram que fariam a mudança da minha bagagem pro quarto com banheiro. Cheguei já me sentindo mal e não conseguiram me dizer em que quarto estava. O quarto era duplo, logo, tinha duas camas, duas toalhas, um banheiro com água quente, varanda com mesa e cadeira. "Felizmente" só comecei a ter complicações gastrointestinais num banheiro privado. Naquele momento achei que seria um problema passageiro, mas não foi.



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