Buenos Aires, Argentina, 2009

Muitas coisas me chamaram atenção em BA. O “Museo Nacional de Bellas Artes” é incrível: não cobra ingresso e tem um acervo extraordinário. Fiquei admirada com a coleção impressionista, com Pisarro, Monet, Manet, Renoir, Morisot, Degas, Gauguin, Sisley, entre outros. Encontramos ainda Van Gogh, Rodin, Cézanne, Klee, El greco, Goya, Picasso, Tiziano, Rembrandt, Lucio Fontana e muitos outros.





O MALBA (Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires), situado em Palermo, apresenta trabalhos variados: de telas a instalações. Lá encontramos a obra de arte brasileira de maior valor: o “Abaporu”, da Tarsila do Amaral, que foi arrematada por 1,5 milhões de dólares pela “Fundación Constantini”. E ainda, o ótimo Frida Kahlo “Autorretrato con chango y loro”, mas também trabalhos de Hélio Oiticica, Antonio Dias, Siqueiros, Orozco, Lam, Rivera. O prédio tem bela arquitetura e merece mesmo uma visita. A entrada custa 7 (sete) pesos - estudante não paga.



O MAM, no bairro de San Telmo, está em reforma, então não pude conhecer suas instalações. Uma lástima.


A melhor forma de ligar pro Brasil? Lógico, nunca usar o portunhol e dizer “quiero hacer una ligación”, pois o verbo tem significado completamente distinto do português. Use o “llamar”. Compre o cartão (tarjeta) “Hable más”, em qualquer banca de jornal, por 10 pesos (7 reais) e fale por 30 trinta minutos – uma bagatela.

A melhor forma de câmbio é levar reais, senão terá que trocar reais por dólar e dólar por pesos e perder duas vezes. Na saída do desembarque tem um “Banco De La Nación Argentina” apto a realizar o câmbio com o melhor preço. Pra ver a cotação do dia pode acessar também o site “dolarhoy.com”.

Como sou assumidamente apaixonada por frutas tenho que mostrar minha indignação com as opções de sucos (jugos): naranja, naranja y naranja. E engraçado que existem muitas “fruterías” espalhadas pela cidade, é claro, sem as variedades brasileiras.

Outra especificidade é o refrigerante de pomelo (azedo demais), que você encontra abundantemente, no entanto, não existe refrigerante de uva (snif).

Todos dizem que muitas sorveterias são imperdíveis, principalmente a “Freddo”. Imagina alguém com a garganta inflamada comendo sorvete? Eu. Nem gosto, mas como diz o ditado “Já que está no inferno, abrace o capeta” – risos. Experimentei o de melão e o de doce de leite - são realmente bons. As sorveterias competem com as lanchonetes na praça de alimentação do shopping.

O horário em BA é bastante engraçado, pois o céu está iluminado às 21h30! Portanto, a população só chega aos restaurantes entre 21h e 23h, para jantar. Algumas vezes cheguei às 20h e via tudo vazio, de repente, o lugar lotava. As lojas só abrem às 10h. Meu amigo foi à boate (boliche) gay Amerika às 3h. Onde eu estava? Na cama, com muita febre.

Os homens argentinos são bonitos, em geral. Pele branca com cabelos lisos. É claro que sempre encontramos tipos como Maradona e Tevez. As mulheres são macérrimas. Uma aparência de teenager – incrível.

O futebol também é paixão na Argentina. Talvez com menos intensidade que no Brasil. Na primeira vez que fui à Argentina observei as inúmeras quadras de tênis. Amam Rugby (!!!). E ouvi a fatídica pergunta “Quem é melhor: Maradona ou Pelé?”. Como não vi ambos jogarem, fui diplomática e disse que sempre fui fã do Romário, mas me encantava o futebol do Batistuta - el bate gol.

Reclamamos dos meios de transporte no Brasil, mas o Rio de Janeiro tem uma frota de ônibus nova e metrô, idem. Em BA, os ônibus, em grande maioria, parecem da década de 60. E pra piorar, uma máquina no lugar do trocador que só aceita moedas com valor exato da passagem. Dica: quem tem moeda em BA é rei. Mas mostram um grande senso de cidadania: quase todos possuem entrada pra cadeirantes. O metrô (subte) é a sucursal do pântano (e andei às 14h30): quente, velho e lotado. A conclusão é óbvia, devido ao meu estado físico, só andei de táxi (olha que sou econômica, rs). O táxi é barato, você cruza a cidade com R$40,00. Os taxistas são simpáticos e te informam tudo, mas cuidado, tem gente esperta em qualquer lugar. Um golpe comum (e tentaram nos aplicar) é não ligar o taxímetro pra te cobrar qualquer valor. Peça-o pra ligar.

Mesmo com inúmeras lojas outlets, não encontrei nada super barato, talvez um pouco mais barato que aqui. Mas tem grande variedade por toda a cidade (normalmente aqui são grifes restritas aos shoppings mais finos): Nike, Adidas, Lacoste, Yves Saint Laurent, Ralph Lauren, Armani, etc. Contra a minha vontade fui parar num suposto “paraíso das compras”, o shopping “Unicenter”, do tamanho do Barrashopping, na cidade de San Matín. Tudo lorota. Preços altos, nas nuvens.

Meu primeiro passeio foi à cidade de Lujan, pra visitar o Zoo que nos permite entrar nas jaulas (logo eu que tenho medo até de cachorro), mas por azar (seria sorte?), nas duas horas e meia até a cidade choveu muito e não vimos o zoológico, parando no ponto final. Mas estava tão mal que jamais poderia pegar chuva pra ver leão. Então peguei o caminho de volta. Um dia perdido. Mas as pessoas dizem que é o que há de melhor na Argentina.

Nunca vi tantos restaurantes na minha vida. Tem um em cada esquina. E com boas opções. Sem ficar restrita a comer carne (a única carne que como é a do Big Mac). Mas comi muita pizza (deliciosas), massa, comida japonesa e chinesa. Com destaque na culinária portenha encontramos as famosas “empanadas” (pastéis), que têm uma massa deliciosa, assada (mas não é um pastel-de-forno como o nosso). Custam em média 2,50 pesos. Perguntei porque não há pizza doce e me olharam com desdém, dizendo que é uma heresia o que fazem no Brasil (risos).

A pizzaria indicada pelos taxistas como “a melhor de buenos Aires” foi a “Banchero”, no coração da Avenida Corrientes (uma espécie de Broadway dos hermanos). Pizza maravilhosa. De comer rezando. Mas um suco custa 12 pesos, um absurdo como a bebida é cara por lá! Na mesma avenida encontramos inúmeros teatros. Uma das peças em cartaz era “Eva”. É interessante ver que os teatros ficam concentrados no centro da cidade, permitindo o acesso mais facilitado pra toda a população, não restrito apenas à elite.




O bairro da elite emergente é Puerto Madero. Uma espécie de Barra da Tijuca. Entramos no táxi e pedimos pra nos deixar em algum restaurante do bairro, sem ter um específico – já que são 43 seguidos, nas dependências do antigo porto. Ele disse que comer lá era muito caro e que teríamos um susto: pouca comida e uma facada no bolso. Ficamos assustados. Então nos deixou no “Campo dei Fiori”, especializado em massas. Comida farta e maravilhosa. Gnocci italiano (três cores) com salsa 4 quesos y jugo de naranja. Saiu por 42 pesos, mais barato que a comida japonesa do dia anterior. Lá também podemos encontrar a famosa churrascaria “Siga la vaca” – não fiz a menor questão de conhecê-la.




Quem pensa que o argentino mais famoso é Che Guevara se engana. Pelo menos por lá Eva Duarte ou Evita Perón é o grande personagem a ser lembrado. O cemitério da Recoleta tinha centenas de turistas – um verdadeiro ponto turístico – por mais mórbido que pareça. As pessoas cantam, se emocionam diante do túmulo de Eva.    




Falando nela, fiz questão de cantar “Don´t cry for me Argentina” na frente da Casa Rosada – assumo meus micos, claro que ria horrores –, sede do governo, que fica na Plaza de Mayo. Bem próximo fica o Obelisco (algum professor me disse que obelisco é um raio de sol petrificado), construído em comemoração ao centenário da cidade, situado na praça da república, cruzamento da Avenida Corrientes e da Avenida 9 de Julio.

Outra grife Argentina é “Havanna”, uma loja de chocolates e alfajores, mas com preços bem salgados. Optei por comprar alfajor no supermercado – delicioso o “fantoche”. Vi duas grandes redes de supermercados: Carrefour e Coto. Preços nas alturas. Mas existem vários mercadinhos nos bairros, e ainda, Kioscos, lojinhas que vendem de tudo e estão espalhadas pela cidade (algumas abertas 24h por dia).

A rua mais conhecida para os turistas é a “calle” Florida, um tipo de Uruguaiana mais sofisticada. Com inúmeras lojas e centenas de pessoas circulando – um percentual significativo de brasileiros. Lá está presente as “Galerias Pacífico”, um enorme shopping com afrescos no teto – muito elegante. Encontramos ainda, nas dependências da galeria, o Centro Cultural Jorge Luís Borges.

O Tren de la costa faz conexão com a estação de trem Mitre e leva a pessoa pela costa do rio até o município de Tigre. Tomei um táxi e pedi que levasse a Mitre, no entanto, o taxista me deixou na “central do Brasil” deles: estação Retiro. O trem normal também faz o caminho até Tigre, mas não pela costa, então, com algum receio de entrar no trem, tomei outro táxi até Mitre. Para surpresa, faziam greve de 2 dias. O que fiz? Peguei o trem normal e fiquei feliz porque é melhor que o metrô, com espaço e ventilação.


O Caminito, considerado um museu a céu aberto, fica no bairro de “La Boca”, segundo informação local, o mais pobre de BA, que faz fronteira com a cidade de Riachuelo. No bairro, encontramos o famoso estádio do Boca Juniors: La bombonera. O taxista pediu para não nos afastarmos mais de 4 quadras, pois seria perigoso, e, nas suas palavras: “existe muita diferença social na Argentina”. Fiquei apaixonada pelo Caminito (mesmo com 40 graus de febre), que é um conjunto de casas coloridas construídas pelos estivadores com metal reciclado. O lugar estava repleto de turistas, muitos japoneses e ingleses. Muitas lojas de suvenir, pessoas oferecendo foto em posições de tango e até um Maradona fajuto.





É fácil caminhar por Buenos Aires, existe a divisão das ruas em quadras e você se encontra com um mapa na mão. Quando pedíamos informação aos policias, rapidamente achávamos o lugar pretendido. Cada quadra tem cem números.

Os policiais são simpáticos e sempre ajudam. Tenho uma cena engraçada para contar: um policial fazia a guarda da quadra onde estava hospedada, de repente, a mãe chegou com uma cadeira e ficou na vigília com o filho. Consegue imaginar a cena no RJ?

Em BA existe cocô de cachorro em todas as calçadas possíveis. É difícil não sair com o pé sujo.

Todos recomendam conhecer o “Cafe Tortoni”, parecido com a “Colombo”, mas com um show de tango opcional. O lugar é bonito e já foi palco de encontros de grandes personalidades, como Gardel e Jorge Luís Borges. O menu tem opções boas e baratas.

Domingo é dia de visitar o bairro de San Telmo. Com uma enorme feira de antiguidades. Presença de muitos turistas e portenhos. Shows ao vivo e muito comércio de artesanato.

Palermo é o maior bairro de BA e está dividido em Palermo, Palermo Soho (bairro dos artistas, psicólogos e designers) e Palermo Hollywood (bairro dos estúdios de tv/cinema). Com muita área verde e onde se localiza o zoologico, a jardim japonês e o observatório. O Jardim Japonês é lindo, com pontes e lagos repletos de carpas. No restaurante japonês, nas dependências do jardim, comi philadelphia de palta (abacate).



Nos meus planos de viagem constava uma visita ao Uruguai, de buquebus, mas não quis realizar outro longo deslocamento, pois me sentia bastante cansada -mesmo doente conheci a maioria dos pontos turísticos de BA.

Ah, tenho que acrescentar que tocava Madonna em todos os lugares: supermercado, parque de diversões, bares. Em Puerto Madero frozen ecoava no ar vindo de algum lugar. Acho que descobri o motivo dela ter escolhido BA pra gravar o último DVD, além de sua paixão por Eva e Che, o país a adora.

Os argentinos são extremamente simpáticos. A rivalidade só existe no futebol. É um povo extrovertido. São falantes. Com o espanhol mais fácil de se compreender do mundo. Ouvi uma grande delicadeza de um taxista (meus maiores informantes) “Você foi bem tratada no meu país?”

Sites interessantes:
www.trendelacosta.com.ar
www.zoolujan.com
www.mnba.org.ar/
www.malba.org.ar
www.bna.com.ar
www.galeriaspacifico.com.ar/
www.cafetortoni.com.ar/

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