Istambul - terceiro dia
No terceiro dia em Istambul,
pegamos o tram até a estação Eminönü, que fica na frente do Bazar das
especiarias, pois me arrependi de não comprar alguns badulaques - devo
confessar que sempre lamento por não ter comprado o que queria, mas numa
viagem que tem voos em companhias aéreas low
cost, com bagagem estipulada em até 21 quilos, não posso cair em tentação.
Bazar das especiarias |
Depois do deleite oferecido pelo
mercado, segui pela orla até o Píer (sinalizado com “IDO”) que liga Sirkeci a
Harem, bairro que fica do lado asiático da cidade. Procuramos a máquina e colocamos
créditos, mas usamos uma máquina antiga! No fim, saiu uma moeda vermelha (token),
que foi utilizada na catraca. Acredito que paguei a mais, provavelmente é uma
máquina para quem não possui o cartão (istanbulkart), não estava explicado, mas deveria ter
suposto. A viagem entre Sirkeci e Harem é rápida e dura menos de 20 minutos.
A máquina que não aceitava o istanbulkart e cobrava 4 TL pelo token |
Roteiro do 3º dia |
Como já mencionado no primeiro
post, Istambul une a Europa com a Ásia, pois é a única cidade que tem um lado europeu e
outro asiático.
Chegando
no lado asiático, não havia muita sinalização, mas seguimos na orla até o Píer
de Üsküdar. Tem um calçadão que é ótimo para apreciar o mar. Enquanto fotografava, meu amigo, que estava afastado, disse que um morador de rua foi
em minha direção, mas quando o viu se afastou. Realmente não vi nada e
continuo achando a cidade muito segura.
No
caminho, foi possível apreciar vários ensaios fotográficos de casamento. Todas
as mulheres com roupas bem tradicionais com cabelos cobertos. De frente para o
mar, várias mesinhas e almofadas são dispostas para o público sentar. Existem
quiosques que servem o chá (çai) turco em abundância.
De
longe, podemos observar uma pequena ilhota conhecida como “Madien´s Tower”, “Torre
de Leandro” ou “Torre da donzela”. Diz a lenda que um imperador tinha uma filha
e o oráculo profetizou que seria morta no dia do seu aniversário de 18 anos
pela picada de uma cobra. Visando proteger sua filha, construiu uma torre no
meio do Bósforo onde sua filha passou a viver. No dia do seu aniversário de 18
anos levou uma cesta de frutas que continha uma víbora que a matou.
Alguns
restaurantes na orla ficam cheios. Observei que em um deles a maioria pedia uma
batata assada (como é vendido no Brasil), mas as pessoas escolhiam os diversos
recheios. Muitos pescadores lançavam seus anzóis sem observar se alguém estava
atrás – por diversas vezes a isca passou perto de mim.
Chegando
em Üsküdar, pegamos o barco em direção a Kabatas (não era a entrada principal,
mas uma auxiliar, para barcos menores, que tinha uma roleta e já estava na área
de embarque).
Em Kabatas, descemos do barco e entramos num restaurante na orla, Beltur, que era simples mas com vista para o mar, para provar o famoso
sanduíche de peixe (6 TL) e tomar o ayran (iogurte com sal por 1,5 TL).
O
objetivo era pegar o funicular até a Praça Taksim, mas após colocar
crédito no cartão, seguindo as observações do meu amigo, pagamos e acabamos
saindo do outro lado sem pegar o trenzinho. Desisti de visitar o bairro após sentir muita raiva. Eu mesma deveria ter observado a sinalização. Novamente
colocamos crédito e pegamos o tram até a estação Karaköy. Seguimos caminhando
até a Torre Galata - a subida é cansativa.
A
Torre Galata é uma das mais antigas torres de Istambul. Foi construída no
estilo românico como o edifício mais alto da cidade em 1348. Foi o ponto
turístico com maior fila. Tive que esperar por mais de 20 minutos. Depois que
subimos de elevador e escada percebemos que não cabem muitas pessoas no topo da
torre, de onde podemos observar a cidade num ângulo de 360º. A entrada custou 25 TL.
O
relógio marcava 17:30 e decidi voltar ao hotel para tomar um banho e descansar,
visando a próxima atração do dia, marcada para 19h.
Saímos
do hotel 18:50, sendo que o vendedor do ingresso (que compramos no dia
anterior) avisara que deveríamos chegar às 19h, embora o show dos dervixes só
começasse às 19:30. Pegamos o tram e descemos na estação Sirkeci. O show dos
dervixes rodopiantes acontece em uma sala da bela estação de trem, conhecida
como “Istanbul Gari”, que foi construída em 1890, de onde saía o Expresso
Oriente. A apresentação custa 50 TL e tem duração de 1 hora. Acontece todas as
quintas e sábados.
O açúcar tem sempre o formato de torrão |
A
sala já estava quase cheia, mas com muitos lugares disponíveis. São dispostas
duas fileiras de cadeiras, mas todos querem sentar na primeira. E o funcionário
tenta agradar a todos. Um delicioso chá é servido. Perguntam se preferimos chá
turco ou de maçã. Fiquei com a segunda opção.
A
“Mevlevi Sema Ceremony” é considerada patrimônio imaterial da humanidade pela
Unesco.
Representa uma jornada espiritual do homem. A cerimônia é dividida em 7 partes:
1ª parte - enquanto gira os braços abertos, a mão direita é dirigida para o céu para receber os presentes de Deus, olhando para a mão esquerda em direção à terra, ele muda de direita para a esquerda em torno do coração;
2ª parte – uma voz dá a ordem da criação;
3ª parte – o improviso musical indica o primeiro respiro da criação;
4ª parte – os dervixes cumprimentam uns aos outros;
5ª parte – é a “sema” ou a cerimônia de dança;
6ª parte - a dança termina e há a leitura do Alcorão, em especial o verso de Sura Bakara 2, verso 115;
7ª parte - é uma oração para o repouso de almas de todos os profetas e todos os que acreditam.
Sempre
quis ver uma apresentação dos dervixes rodopiantes. Lembro do clipe Bedtime Story, da Madonna, também dos poemas de Rumi (Mawlānā
Jalāl-ad-Dīn Muhammad Rūmī), que aprecio. O
sufismo é uma corrente do Islã (contestada por muitos religiosos). A
reintegração do espírito com o divino nasce do canto e da dança. A ordem foi
criada em 1273, em Konya, de onde se espalhou para os demais lugares do Império
Otomano. Podem ser encontrados em muitas comunidades turcas, mas, em geral,
estabeleceram suas atividades em Konya e Istambul.
Reclusos, os dançarinos recebem um treinamento que dura por 1.001 dias e aprendem sobre ética, códigos de comportamento e crenças, oração, música religiosa, poesia e dança. Muitos centros de prática do sufismo foram fechados em 1925 e continuaram com a pratica apenas em ambientes privados. Após anos de clandestinidade, em 1990 as restrições foram aliviadas e os praticantes ressurgiram ao público.
Rumi (também conhecido por Mevlana) teria criado esse estilo de meditação rodopiante. Após sua morte, em 1273, em Konya, seu filho e seus seguidores criaram a Ordem Sufi Mawlawīyah. Fiquei emocionada
com a apresentação dos dervixes rodopiantes. A música toca o coração e
quase chorei em alguns momentos. Queria poder rodar com os dervixes!
"Um giro secreto em nós faz girar o universo. A cabeça desligada dos pés, e os pés da cabeça. Nem se importam. Só giram, e giram."
No caminho para o hotel, parei no Blu Restaurant (também tem um hotel no mesmo edifício) para comer um Turkish meze (meze são tapas, petiscos), 21 TL. Tinha charuto de folha de uva, feijão, tomate temperado, berinjela, homus e iogurte picante. Servido com pão.
No dia seguinte, deixei o transfer agendado com o hotel (20 euros), pois o voo sairia do Aeroporto Atartuk às 10:30h (também é possível seguir para o aeroporto de tram). Iríamos sem tomar café da manhã, mas disseram que daria tempo. Subi e comi um misto-quente com cappuccino para continuar a viagem. Também pude provar o café turco, que tem a presença de pó na xícara.
Sei que não estive em alguns pontos turísticos que estava no roteiro e talvez visitaria se tivesse mais um dia: Cisterna da Basílica Santa Sofia, caminhar pelo bairro Taksim, visitar o mercado Kadiköy (lado asiático) a Mesquita Süleymaniye. Na verdade, seria possível incluir esses pontos turísticos nos 3 dias. Acordava sempre antes das 8h e saía do hotel às 9h.
Incluí no roteiro o Hamam (turkish bath), o autêntico banho turco. Já tive a inesquecível experiência em Marraquesh. No entanto, os dias estavam frios e, pela pesquisa, não encontrei lugar que fizesse o banho em homens e mulheres no mesmo horário. Em geral, dividem em dois turnos: manhã para um sexo e tarde para outro, que causaria um problema de desencontro de horários, pois estava com um amigo. Fiz uma pequena lista, que seria investigada no próprio local:
1- Ayasofya hamami http://www.ayasofyahamami.com/bath_packages O serviço mais barato: 85 euros.
2 - Kilic Ali Pasa Hamami http://kilicalipasahamami.com/services/ 170 TL.
3 - Aga Hamami http://www.agahamami.com/en/PriceList 70 TL.
4 - Suleymaniye Hamam http://www.suleymaniyehamami.com.tr/ 40 euros.
Não é uma tarefa fácil classificar os lugares que mais gostei, mas Istambul, sem dúvida, está no meu top 4. É uma cidade histórica e linda. Achei mais segura que muitas outras cidades que já visitei na Europa, pelo menos nas áreas turísticas (apesar de alguns acontecimentos recentes). O povo é muito simpático. O atendimento é excelente. Os preços são melhores que no Brasil. Estava acompanhada por um amigo, logo, não sei se teria alguma dificuldade em razão do assédio por ser mulher num país muçulmano.
Incluí no roteiro o Hamam (turkish bath), o autêntico banho turco. Já tive a inesquecível experiência em Marraquesh. No entanto, os dias estavam frios e, pela pesquisa, não encontrei lugar que fizesse o banho em homens e mulheres no mesmo horário. Em geral, dividem em dois turnos: manhã para um sexo e tarde para outro, que causaria um problema de desencontro de horários, pois estava com um amigo. Fiz uma pequena lista, que seria investigada no próprio local:
1- Ayasofya hamami http://www.ayasofyahamami.com/bath_packages O serviço mais barato: 85 euros.
2 - Kilic Ali Pasa Hamami http://kilicalipasahamami.com/services/ 170 TL.
3 - Aga Hamami http://www.agahamami.com/en/PriceList 70 TL.
4 - Suleymaniye Hamam http://www.suleymaniyehamami.com.tr/ 40 euros.
Não é uma tarefa fácil classificar os lugares que mais gostei, mas Istambul, sem dúvida, está no meu top 4. É uma cidade histórica e linda. Achei mais segura que muitas outras cidades que já visitei na Europa, pelo menos nas áreas turísticas (apesar de alguns acontecimentos recentes). O povo é muito simpático. O atendimento é excelente. Os preços são melhores que no Brasil. Estava acompanhada por um amigo, logo, não sei se teria alguma dificuldade em razão do assédio por ser mulher num país muçulmano.
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