São Petersburgo e a visita ao Museu Hermitage

São Petersburgo foi criada em 27 de maio de 1703 pelo Tsar Pedro, o Grande, quando deixou Moscou. Dizem que milhares de escravos e servos morreram durante construção da cidade, que era um pântano na época. Peter queria acesso ao mar, mas a região tinha sido dominada pela Suécia, então, para retornar o poder no Báltico, teve que entrar em guerra com Carlos XII, de apenas 16 anos. O rei sueco tinha iniciado a Grande Guerra do Norte e conseguiu dominar todos os inimigos, menos a Rússia. A batalha decisiva ocorreu bem longe do mar, em Poltava, na Ucrânia em 1709. Em 1712 São Petersburgo se tornou a nova capital da Rússia. A cidade lembraria a modernidade europeia, com canais no estilo de Veneza ou Amsterdã. Um grande número de nobres e ricos foram morar na capital - não por vontade própria, mas pela ordem do tsar.

Fachada do antigo Palácio de Inverno, hoje Museu Hermitage


Visitamos Peterhof no segundo dia em São Petersburgo, como contado no post anterior.No retorno, seguimos direto para o apartamento e começamos a pesquisar um restaurante próximo que tivesse um bom preço.


Alguns restaurantes possuem apenas o menu no alfabeto cirílico, portanto, se não houver uma pesquisa minuciosa, é provável que demande algo sem saber o que vai chegar na mesa. Levamos em consideração a avaliação no Tripadvisor, bem como a proximidade e decidimos nos aprofundar no menu do restaurante Pirogov Dvorik - com a ajuda do google tradutor.

Tirei "printscreen" na tela do celular do combo que escolheria: frango Kiev acompanhado de batata rústica e salada de repolho roxo + chá + salada de beterraba com ervilha + torta (escolhi a de cranberry) por 279 rublos (R$14)! Um valor inacreditável. Meu amigo também selecionou o menu que queria, com strogonoff por 225 rublos.
O combo por 279 rublos!!!
Olhamos que o endereço mais próximo ficava na frente da Catedral de Kazan. Pegamos o guarda-chuva e seguimos em direção ao restaurante, passamos dele, voltamos e não achávamos nada com o nome "Pirogov Dvorik". Pensamos que poderia ter fechado, na terceira vez passando no mesmo local vi embaixo do letreiro o nome no e-mail! Na fachada só tinha em russo "Пироговый Дворик".
Catedral de Kazan na frente do restaurante
Os combos estavam disponíveis em determinados horários (consegui entender), o meu era servido no jantar, mas não tinha o que meu amigo queria, então optou por um que o prato principal era peixe. Segui até o caixa e mostrei a o combo que queria no menu. Então disse pra escolher a torta e apontei a que queria. No final sorri, tentando ser simpática, mas a russa não sorriu de volta, como de costume. Voltei pra mesa e o garçom serviu a comida, que estava boa.

No dia seguinte, finalmente conheci um dos símbolos da cidade: a Catedral do Sangue Derramado (Church of the Savior Blood). A arquitetura é típica das igrejas ortodoxas russas com cúpulas coloridas e mosaicos na fachada. A construção foi erigida onde o Tsar Alexandre II foi assassinado. Pelas fotos que vi na internet, o interior da igreja é mais bonito que o exterior, mas tinha uma longa fila (só de turistas chineses) e cobrava ingresso, então decidimos não entrar.
No retorno, passamos na frente da Catedral de Kazan novamente, mas o destino final era o Hermitage.
Sobre os tíquetes para visitar o Hermitage, comprando no local, tem 3 opções: 600, 400 ou 300 rublos. Todos válidos por um dia. Se comprar online tem duas opções. Ingresso pra um dia 17,95 dólares, 2 dias 23,95 dólares com direito a visitar todas as salas. Grátis pra estudantes.

Se tiver tempo, com certeza, a melhor opção é adquirir, na internet, o ingresso válido por dois dias, mas não teria tanto tempo, logo, comprei o ingresso na hora por 600 rublos, que dava direito a visitar todas as coleções e prédios do Hermitage. 
O Hermitage é um dos grandes museus que ainda não tinha visitado (conheci apenas a filial de Amsterdã) e estava ansiosa para conhecer, mas sabia que não teria tempo para apreciar toda a coleção. Pensei que encontraria um edifício, mas, na verdade, é um complexo composto por diversos prédios: Winter Palace, Small Hermitage, New Hermitage, Large Hermitage, Winter Palace e The Hermitage Theatre.

No dia da visita, na frente do museu tinha um enorme palco e uma grande estrutura de ferro impedindo de tirar uma fotografia da fachada. Verifiquei que comemorariam, em dois dias, o aniversário da cidade.


Ao chegar, tinha uma fila, todavia, não demorou 10 minutos. No interior do museu comprei o ingresso e segui para a área de segurança, porém, pediram para eu voltar, pensei que era a bolsa ou o guarda-chuva, contudo era o trench coat que estava vestindo. Peguei a fila da chapelaria e voltei para fila do raio-x, enquanto meu amigo ficou me aguardando.

O Hermitage é o maior e mais antigo museu do mundo, pois foi construído em 1764, na ocasião que Catarina, a Grande adquiriu uma coleção de pinturas de um marchand de Berlim. Só foi aberto ao público em 1852.

O primeiro impacto é a escadaria Jordan toda branca com detalhes em dourado - de uma beleza estonteante. São inúmeras salas com arte grega, egípcia, russa, francesa, espanhola, britânica, holandesa, bizantina, italiana. Uma obra muito festejada é o "Relógio do pavão", com muitos visitantes admirando o relógio construído em 1770 - encomendado por Catarina. Tem um galo, uma coruja e um pavão que se movimentam a cada hora.
Escadaria Jordan
O relógio do pavão
Antínoo
É preciso ter resistência, pois minhas pernas estavam doendo de tanto caminhar. Queria ver o famoso quadro do Matisse "A dança" e não encontrava de jeito algum. Missão: achar alguém que me explicasse. Perguntei em duas lojinhas, mas não ficou muito claro. Também acessei o wi-fi e não conseguia identificar o lugar. Até que perguntei para uma mulher que ficava na parte da segurança, que detalhadamente me informou que seria necessário sair do prédio, atravessar até o lado oposto para acessar o outro museu, que também estava incluído no ingresso.
A dança
Atravessei a Praça do Palácio, onde fica a Coluna de Alexandre até chegar no Palácio do Estado Maior, construção do lado oposto ao Hermitage. Encontrei uma porta que indicava "museu" e entrei, mas não ficou evidente que era o local que procurava. Passei pelo detector de metal, depois cheguei na catraca onde passava o ingresso, sem ninguém para dar informação. Vi o local para guardar meu casaco e finalmente cheguei no início da coleção do museu.
A Coluna de Alexandre (Alexandre I filho de Paulo I e neto de Catarina II)
Palácio do Estado Maior
Tinha uma placa explicando que desde 2014 o Hermitage abriu o "General Staff Building", que ainda está em fase de finalização. Será destinado à arte europeia dos séculos 19 e 20. Pediam para o visitante escrever para o site, opinando sobre a disposição das obras de Matisse, Picasso e seus contemporâneos, pois estão em fase experimental e gostariam da participação do público sobre a montagem das obras. 

Kandinsky - artista russo
O prédio estava praticamente vazio se compararmos com o Hermitage (prédio principal). Podia caminhar tranquilamente e tirar foto nas salas sem qualquer outro visitante. É provável que seja em razão da falta de informação sobre os demais prédios. Além da exposição permanente, tinha uma temporária sobre moda, ou melhor, sobre os sapatos criados por Manolo Blahnik. Antes de ir embora, passei na lojinha e comprei apenas um caderninho de anotações e um lápis, pois amo badulaques de museus.

Eu e Gauguin
Botas do Manolo
O tempo ficou chuvoso e voltamos para o apartamento, pelo horário, ainda seria possível visitar outro prédio do complexo do Hermitage, mas estávamos morrendo de fome e não conseguíamos nem andar. Caminhamos pela rua mais famosa e movimentada de São Petersburgo: Nevsky Prospekt. Também avistamos o famoso Café Singer, onde funcionava a fábrica Singer.
Avenida Nevsky
Burguer King
Café Singer
Retornamos ao apartamento para pesquisar um restaurante. Meu amigo queria voltar ao mesmo do dia anterior, em razão do preço e pela facilidade, pois tínhamos intimidade com o cardápio. Rejeitei essa opção e fui pedir ajuda ao google. Lembrei que no prédio que estávamos tinha um restaurante!!! Pelo nome da rede do wi-fi vi que era o Kilikia, que, para minha surpresa, era bem avaliado no Tripadvisor (nº 134 de 8.963 Restaurantes em São Petersburgo). Acessamos o menu e vimos que, apesar de ser um restaurante armênio, tinha muitas opções de comida.

O restaurante ficava no mesmo prédio que estávamos hospedados, inclusive a cozinha abria pro pátio, mas tivemos que sair no portão e entrar pela lateral. Chegando lá, a recepcionista não falava inglês, mas a garçonete, que era bem jovem, falava e nos levou até a nossa mesa. Tínhamos traduzido o cardápio, embora houvesse uma versão em inglês no estabelecimento. Pedimos de entrada o maravilhoso Kutaby (uma iguaria do Azerbaijão que parece um pastel de queijo) e Kvass, que é a verdadeira bebida nacional russa e parece um mate gaseificado com baixo teor alcoólico.
Kutaby e Kvass
Novamente escolhi Frango Kiev, que é um frango empanado frito e crocante com molho perfumado dentro e servido com purê de batatas, molho de creme e salada koulslou. Comida muito boa e barata. Custou 280 e o kvass 90 rublos, totalizando R$19,00!!! A cidade permite comer muito bem por um valor inacreditável. Finalmente meu amigo conseguiu comer o autêntico strogonoff, que um prato típico criado na Rússia, que foi servido dentro de uma fritada de batatas. O ambiente do restaurante era rústico, parecia uma taverna medieval. Tinha tantas opções de comidas de diversos países que fiquei com pena de não ter fome para experimentar outros acepipes.

Frango Kiev
Strogonoff

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